A “Família Bitcoin”, grupo de cinco holandeses que há cerca de seis anos vendeu tudo o que tinha e comprou Bitcoin para viajar pelo mundo, resolveu mudar a forma de como mantém seus ativos, após o colapso da FTX que culminou no fechamento de várias corretoras cripto.
Para o grupo familiar, o ideal agora é manter pelo menos US$ 1 milhão em criptomoedas em exchanges descentralizadas (Dexs), afirma uma reportagem da CNBC publicada na última quarta-feira (30).
Didi Taihuttu, o patriarca da “The Bitcoin Family”, como o grupo é conhecido na internet, confirmou também a mudança da família de Portugal para a Tailândia, onde já tinham passado um anteriormente um tempo, principalmente durante a pandemia de covid-19, depois de percorrerem mais de 40 países.
Sobre os fundos em bitcoin, afirma a CNBC, os Taihuttus até então os mantinha em exchanges centralizadas (Cexs), “como Bybit e Kraken”, e em corretoras descentralizadas (Dexs) “como Uniswap”, além de carteiras físicas escondidas em cofres secretos em quatro continentes.
Nas Dexs, o usuário é seu próprio custodiante, já que trata-se de um protocolo descentralizado, ou seja, “se o DEX quebrar, não importa, porque os bitcoins estão sempre na sua própria carteira”, acrescenta Taihuttu, que no passado chegou a perder 4 BTCs em um hack na Cex Cryptopia. “A partir daquele momento, eu estava sempre procurando alternativas”, disse ele.
Isso porque o ativo só se move com a interação do próprio dono das chaves privadas, diferentemente das CEXs, onde a empresa por trás da plataforma pode bloquear saques a qualquer momento, além de exigir KYC e conta bancária para o caso de saque em dinheiro.
Mas Taihuttu afirmou que eles estão mais confiantes do que nunca em sua aposta no bitcoin e que estão apenas mudando a forma de armazenamento. Ele revelou que o montante do fundo agora descentralizado é formado por bitcoin, ethereum, litecoin, polkadot, entre outras altcoins. Contudo, o carro chefe continua sendo o BTC.
“Para mim, o bitcoin ainda é sobre liberdade, e a moeda descentralizada deve poder ser usada por todos no mundo sem a necessidade de KYC ou qualquer outra coisa regulatória”, disse ele à CNBC.
Em resumo, Dexs funcionam na modalidade p2p, onde transações acontecem diretamente entre traders, eliminando totalmente qualquer intermediário, ou seja, nas Dexs o usuário confia no código e nas Cexs nas pessoas. Nos últimos anos, comenta a CNBC, as Dexs cresceram em popularidade à medida que os investidores procuram negociar de uma maneira que proteja seus fundos.
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Colapso alertou a “Família Bitcoin”
Embora a Família Bitcoin não tenha tido nenhum ativo vinculado às exchanges falidas após o colapso FTX, Taihuttu ressalta a importância de o investidor ser o seu próprio custodiante. Vale lembrar que no mercado cripto há o ditado: “Sem suas chaves, sem suas moedas”.
Para os Taihuttus, conclui a CNBC nas palavras do entrevistado, a cascata de falências pós FTX apenas mostra que o Bitcoin é o rei das criptomoedas e completamente diferente de todos os outros projetos.
“Parece que aprendemos uma lição a cada ciclo de bitcoin”, disse Taihuttu, citando casos passados, como o da falida corretora Mt. Gox e as investidas do governo chinês contra o Bitcoin. “Sempre há um drama”, ressaltou.
“Mas olhando para a situação atual: temos uma grande guerra acontecendo, temos uma enorme crise financeira, temos FTX, temos Celsius, temos muitos sinais de mercado em baixa. “Acho que o bitcoin está realmente se mantendo forte em US$ 16.800. Para mim, o bitcoin ainda está perfeito e continua fazendo o que sempre faz: ser uma moeda descentralizada que pode ser usada por todas as pessoas em todo o mundo”, concluiu.
As carteiras de bitcoin da “Família Bitcoin” já perderam mais de US$ 1 milhão desde a última alta histórica da criptomoeda. A queda no preço do bitcoin, no entanto, não gera desespero ao grupo familiar que tenta ser otimista pensando no longo prazo.
A família lucrou com a alta estratosférica do bitcoin em 2017, quando a criptomoeda saiu de US$ 800 no início daquele ano para US$ 20 mil em dezembro.
Por outro lado, Didi Taihuttu, que nunca revelou o quanto de BTC mantém em hold — mas sabe-se que é 73% de tudo, afirmou ter vendido cerca de 15% dos BTC ainda no período de alta, quando 1 BTC valia em torno de US$ 55 mil.
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