Imagem da matéria: Erro de digitação destrói sem querer US$ 36 milhões em criptomoedas apreendidas de baleia
Foto: Shutterstock

Foi em vão todo o trabalho feito pela comunidade da Juno Blockchain para apreender US$ 36 milhões de uma baleia acusada de fazer dump da criptomoeda no mercado.

As moedas dessa baleia – como são chamados os usuários que acumulam grandes quantidades de tokens – , que deveriam ser transferidas para uma carteira da comunidade, agora estão perdidas em um limbo da blockchain devido a um simples erro de digitação, conforme informações publicadas nesta sexta-feira (6).

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Quando 72% dos detentores de JUNO votaram a favor da chamada Proposta 20 – que decidiu confiscar 3,1 milhões de tokens que estavam em posse de um único usuário -, os desenvolvedores deveriam alterar a blockchain da JUNO para transferir o montante de uma carteira para outra.

No entanto, os responsáveis por essa mudança se confundiram na hora de escrever o código: ao invés de copiar o endereço da carteira de destino, copiaram o hash da transação.

Ctrl+C e Ctrl+V

Andrea Di Michele, um dos desenvolvedores fundadores da Juno, explicou ao CoinDesk que tudo não passou de um erro de Ctrl+C e Ctrl+V:

“Quando dei aos desenvolvedores da [Proposta 20] o endereço do contrato inteligente [Unity], colei o endereço do contrato inteligente e logo abaixo coloquei o hash da transação. Mas eu não escrevi ‘o hash da transação é isso’, apenas coloquei o hash da transação”.

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Os desenvolvedores então confundiram o hash da transação com o endereço da carteira de destino e mandaram 3,105,556 JUNO (cerca de US$ 36,5 milhões) para uma parte da blockchain que não pode ser acessada por ninguém — afinal, o destino dessas moedas não foi um endereço.

A culpa, nesse caso, não é apenas do desenvolvedor, que não foi claro nas instruções ou do responsável por copiar o endereço errado. Os validadores, que deveriam checar se tudo estava correto na transação, também não notaram a falha.

 “Nós ferramos tudo”, resumiu ao Coindesk Daniel Hwang, chefe de protocolos da stakefish, um dos validadores da Juno.

“Os desenvolvedores podem errar… mas no final do dia há suposições de confiança nas quais não se pode confiar. Os próprios validadores deveriam ter feito a devida diligência para realmente verificar o código que estávamos executando e rodando”, concluiu.

Baleia que perdeu as criptomoedas ameaça processar

O erro que destruiu US$ 36 milhões em criptomoedas é mais um capítulo amargo para a história que a Juno Blockchain lida nos últimos meses. Afinal, foi o primeiro caso de destaque de uma comunidade votando para alterar a blockchain e tirar os tokens de um único usuário.

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A baleia alvo da fúria da comunidade da JUNO é um japonês de 24 anos chamado Takumi Asano. Ele é acusado de fazer dump do token após ter ganho mais JUNO do que deveria durante um airdrop de lançamento da moeda em outubro de 2021.

Quando ele perdeu a votação na semana passada, disse que abriria um processo na justiça caso a comunidade optasse por queimar as criptomoedas, o que — sem querer — acabou acontecendo essa semana.

O principal argumento de Asano é que ele não era o único dono das criptomoedas da carteira em sua posse. Segundo ele, parte dos ativos pertenciam a outros investidores, clientes do seu negócio.

No Twitter, a primeira reação do japonês foi um “LOL”, mas depois ele falou mais sério:  “A retirada unilateral de nossos ativos não resultará em um bom resultado para a Juno. Deveria ser previsível que teríamos que processá-los. Ou a comunidade ainda acha que não temos clientes!?”, questionou.

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