A CoinFLEX, uma das inúmeras corretoras de criptomoedas que congelaram os saques de clientes por conta de uma grave crise de liquidez, abriu uma brecha nesta quinta-feira (14) para permitir que investidores saquem 10% dos seus fundos na plataforma.
“Permitiremos saques limitados para todos os usuários esta semana e continuaremos trabalhando com foco em nossos planos de recuperação”, explicou em nota a corretora, que detalha o processo de reestruturação e as limitações de saques para seus ativos nativos, como a stablecoin flexUSD.
A partir das 2h da madrugada desta sexta-feira (15), a CoinFLEX vai cancelar todos os saques pendentes e devolver os fundos aos respectivos balanços dos usuários na plataforma.
Em seguida, a negociação será interrompida e o acesso ao sistema da corretora bloqueado, para posteriormente ser reativado para o início do processo de reativação de saques, com o limite de 10% dos fundos de cada cliente.
Como serão fechadas todas as posições de futuros da plataforma, os rendimentos dos usuários serão afetados no processo.
“Nós continuamos a trabalhar em todas as vias para resolver esta situação”, promete a CoinFLEX. “Isso varia de possíveis saques adicionais e potenciais novos investidores em ações, até a venda da CoinFLEX”.
Como a CoinFLEX chegou nesta situação
A crise de liquidez da CoinFLEX não é igual a que muitas outras empresas do setor enfrentam neste inverno cripto.
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Conforme afirma o CEO da corretora, Mark Lamb, existe um homem responsável por seus problemas financeiros: Roger Ver.
O antigo defensor do Bitcoin (BTC) que acabou se convertendo para criar e promover o Bitcoin Cash (BCH) — um hard fork do bitcoin — supostamente deu um calote de US$ 47 milhões na corretora.
“Roger Ver deve US$ 47 milhões em USDC à CoinFLEX”, tuitou Lamb no final de junho. “Temos um contrato por escrito com ele, obrigando-o a se responsabilizar pessoalmente por qualquer saldo negativo em sua conta na CoinFLEX e completar a margem regularmente.”
Lamb afirma que Ver não cumpriu com esse contrato e levou a CoinFLEX a emitir um aviso de inadimplência.
Após troca de farpas com Roger Ver no Twitter, o CEO da CoinFLEX detalhou os planos da empresa de recuperação, o que envolvia a criação de um novo token de passivo chamado “Recovery Value USD” (rvUSD), que a corretora pretendia vender para arrecadar US$ 47 milhões.
Na teoria, essa seria a quantia necessária para liberar novamente os saques para os clientes.
Pouco tempo depois, a direção da corretora submeteu a empresa a uma arbitragem jurídica em Hong Kong para recuperar prejuízos deixados por um “enorme cliente individual”, em referência a Roger Ver.
A suposta inadimplência de Ver, portanto, acabou impactando a empresa duas vezes: primeiro, forçando os saques em toda a plataforma; depois, gerando enormes prejuízos quando as enormes posições em FLEX de Ver foram vendidas para cobrir o prejuízo.