A bolsa turca de criptomoedas Thodex interrompeu as negociações esta manhã sem aviso prévio, travando os fundos de seus 391.000 clientes ativos.
A bolsa, que funciona desde 2017, compartilhou hoje um comunicado no Twitter, citando um documento externo não especificado que exigiu a suspensão da negociação por 4-5 dias.
Mas isso “pode muito bem ser uma farsa”, disse ao Decrypt Oğuz Evren Kılıç, advogado turco, Ancara, que hoje entrou com uma ação judicial contra a bolsa.
O CEO da Thodex, Faruk Fatih Özer, deixou o país na noite passada, de acordo com os registros policiais compartilhados com Kılıç, e deletou suas contas nas redes sociais. A empresa também cortou todo o suporte ao cliente. “Isso tudo é assustador”, disse Kılıç.
Kılıç estima que os fundos totais bloqueados nas contas Thodex estejam em algo entre US$ 2 a US$ 10 bilhões, uma ampla faixa que ficará mais clara nos próximos dias. A investigação de hoje pela promotoria – a primeira etapa do processo legal – descobriu que há “algum dinheiro nas contas bancárias da bolsa e de seus proprietários”.
Kılıç continuou: “Mas não sabemos a quantidade exata e se isso será suficiente para todos”.
Entre 15 de março e 15 de abril, pouco antes do início do frenesi da Dogecoin, a bolsa realizou uma campanha de marketing de enorme sucesso, recompensando cada nova inscrição com 150 DOGE. Segundo relatos, milhares de novos usuários migraram para a bolsa, e seu volume de negócios no sábado atingiu um recorde diário de US$ 1,37 bilhão, o valor diário mais alto do ano passado, de acordo com dados da CoinGecko.
No que deveria ter soado o alarme, no entanto, a empresa vendeu DOGE a uma taxa fixa com desconto de US$ 0,11 a partir de 14 de abril. Mas DOGE valia US$ 0,42 em 16 de abril.
O desaparecimento de Thodex chega em um momento curioso para as bolsas turcas.
Na sexta-feira passada, o governo turco reconheceu legalmente os criptoativos, mas proibiu os pagamentos com eles. Também impediu as empresas de fintech de lidar direta ou indiretamente com cripto, o que afeta principalmente as corretoras estrangeiras que dependem de fintechs locais para operar no país, uma vez que os bancos locais não fazem parceria com elas.
*Traduzido e editado com autorização da Decrypt.co