O blockchain Ethereum teve um problema de “escalabilidade” por anos. Esmagada pelo peso de seu próprio sucesso, a rede executa cerca de 15 transações por segundo, enquanto uma única transação pode custar mais de US$ 20.
Esse gargalo impede que a rede cresça e dá aos desenvolvedores um motivo para procurar outro lugar para trabalhar. Concorrentes como Polkadot e Avalanche já oferecem milhares de transações por segundo e taxas insignificantes. E se um rival mais rápido absorver todo o talento, Ethereum – e ETH – ficarão para trás.
Uma solução é o “rollup”, assim chamado porque a tecnologia acumula transações e as encaixa em um único bloco. Isso libera a rede do atual congestionamento, tornando as transações mais rápidas e baratas. E, com alguma sorte, eles vão permitir que a rede Ethereum continue crescendo.
Isso é o que o criador do Ethereum Vitalik Buterin falou aos ouvintes do Tim Ferriss Show quando ele se referiu a uma “solução de dimensionamento poderosa” na semana passada.
Buterin disse que aumentará a velocidade das transações em 100 vezes. Eric Wall, CIO da Arcane Assets, disse ao Decrypt que os rollups poderiam atingir velocidades de 2.000-3.000 transações por segundo.
Mas o rollup traz sua própria bagagem. Os especialistas nos disseram que, embora os rollups sejam altamente eficazes, eles afastam a rede da verdadeira descentralização.
Como funciona os Rollups
Os rollups tratam do problema de escalabilidade processando transações fora do blockchain Ethereum, minimizando o congestionamento no Ethereum ao reduzir sua carga.
O rollup acontece em uma “sidechain”, uma cadeia paralela, que informa periodicamente a blockchain Ethereum principal sobre todas as transações que são processadas.
Isso é conhecido como tecnologia de “Camada 2”: as transações sãofeitas na cadeia lateral e, em seguida, encaixadas de volta no blockchain principal, conhecido como “Camada 1” ou simplesmente “Camada Base”.
Para aqueles familiarizados com o Bitcoin, essas camadas são como a diferença entre o blockchain do Bitcoin e a Lightning Network, uma rede de pagamentos da Camada 2 que opera fora do blockchain do Bitcoin.
Faca de dois gumes
Rollups aliviam a carga no Ethereum redistribuindo parte da responsabilidade de processar uma transação para outra cadeia.
Portanto, para que os rollups funcionem, alguém precisa monitorar quais transações estão sendo acumuladas e compartilhar essas informações com a rede.
“Você precisa de pedaços desses dados para provar o que possui dentro do rollup para a mainchain (merkelized proofs) no pior cenário”, Wall disse ao Decrypt, “para que você possa sair deles com segurança”.
Isso significa que aqueles que dependem de rollups precisam confiar que o rollup não está interferindo em suas contas ou saldos, ou trocando informações contidas em contratos inteligentes.
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Se ninguém compartilhasse essas informações, os usuários teriam que processar todo o rollup sozinhos. E processar tudo sozinho pode se tornar uma tarefa difícil. Isso pode levar semanas ou meses.
“É assim que sempre funciona em blockchains”, disse Wall, “sempre se confiará nas pessoas com conhecimento de codificação para saber se um sistema é seguro ou não.”
O início
Embora inicialmente houvesse apreensão sobre o ritmo e a facilidade dos rollups, muito disso já desapareceu, disse Tim Ogilvie, CEO da Staked, que acrescentou que os desenvolvedores acharam fácil fazer a mudança.
Os rollups têm sido mais bem-sucedidos do que muitos desenvolvedores e usuários previram.
Entre aqueles que os usam estão Synthetix, uma plataforma de derivados sintéticos com US$ 2,28 bilhões encerrados em seu contrato inteligente; Synthetix está testando rollups com a empresa Optimism. E dYdX, uma bolsa descentralizada apoiada por Andreessen Horowitz que lida com US$ 245 milhões, está integrando rollups.
“Isso dará a outros projetos a confiança para fazer a mudança e o ímpeto provavelmente se acelerará”, disse Ogilvie.
Solução de escalabilidade no ETH 2.0: fragmentação
Rollups não são a única solução.
ETH 2.0, o próximo blockchain de proof-of-stake da Ethereum, implementará outra solução para o problema de escalabilidade. É uma técnica chamada fragmentação (sharding), que divide grandes pedaços de trabalho computacional em pedaços menores (conhecidos como fragmentos) para tornar a rede mais rápida e barata de usar, um pouco como é mais rápido cozinhar pedaços menores de carne em vez de uma carne assada inteira.
Mas a fragmentação não chegará tão cedo. Ainda há muito trabalho que precisa ser feito – afinal, é parte de um “pacote de atualização” maior.
Rollups são a solução para hoje. Eles funcionam com parte do ETH 1.0, o blockchain atual da Ethereum.
“Isso torna a fragmentação da ETH 2.0 menos urgente porque os rollups podem diminuir a pressão sobre a ETH 1.0”, disse Ogilvie. Mas a ETH 2.0 não substituirá os rollups assim que chegar, disse Wall. “Eles são um acompanhamento”, disse ele.
Mas com ETH 2.0 ainda em formação – e com anos pela frente até sua conclusão – os rollups poderiam apenas preencher a lacuna necessária agora para escalar.
*Traduzido e editado com autorização da Decrypt.co