O mercado cripto ainda não consegue digerir as recentes investidas do governo do Canadá para impedir que criptomoedas sejam usadas para financiar os protestos antivacina que se espalham pelo país.
Na última quarta-feira (16), as autoridades canadenses ordenaram que todas as instituições financeiras da região impeçam quaisquer transações de 34 carteiras de criptomoedas vinculadas aos caminhoneiros do ‘Freedom Comboy’, grupo que está na linha de frente das manifestações.
Entre as empresas que devem cumprir essas ordens estão as corretoras de criptomoedas que não terão outra opção a não ser congelar os fundos dos usuários caso o governo canadense solicite.
O CEO da Kraken, Jesse Powell, deixou isso bem claro na noite passada (17) em conversa com clientes no Twitter. O usuário @degerat escreveu que “é possível que a Kraken seja colocada em uma posição onde será instruída a congelar bens pela polícia sem o consentimento judicial, e provavelmente vão cumprir”, hipótese que foi confirmada por Powell logo em seguida.
“100% sim, isso aconteceu/vai acontecer e 100% sim, seremos obrigados a cumprir. Se você está preocupado com isso, não mantenha seus fundos com nenhum custodiante centralizado/regulado. Não podemos te proteger. Pegue suas moedas/dinheiro e negocie apenas por P2P”, recomendou.
Mais cedo naquele dia, Powell compartilhou sua opinião no Twitter sobre o atual cenário que se desenha no Canadá e criticou a postura autoritária do governo.
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“Se alguém discorda, apenas confisque sua riqueza, revogue suas licenças, exclua-o do sistema financeiro e mate seus animais de estimação. Não há necessidade de debater a lei, a política ou mesmo os direitos quando você tem o monopólio da violência”, escreveu.
As tensões no Canadá
No final de janeiro, surgiu na cidade de Ottawa o movimento ‘Freedom Convoy’ (Comboio da Liberdade), encabeçado por caminhoneiros que protestavam contra a obrigatoriedade da vacinação no país.
O movimento ganhou força entre os canadenses contrários às restrições impostas para controlar a pandemia do Covid-19, e os protestos ganharam uma nova dimensão com a ajuda financeira de apoiadores.
Isso levou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, a recorrer no início da semana à Lei de Emergências, que concedeu ao governo o poder de bloquear contas bancárias sem autorização prévia do judiciário, inclusive de criptomoedas.
Desde segunda-feira (14), todas as plataformas de financiamento coletivo que operam no país, bem como os provedores de pagamentos que utilizam, devem reportar transações “grandes e suspeitas” de criptomoedas aos reguladores canadenses.
A medida emergencial tomada pelo governo para tentar acabar com os bloqueios de estradas importantes no país, foi fortemente rechaçada pela comunidade cripto que defende o bitcoin como ferramenta de liberdade, livre do controle governamental.