“As emissões de carbono associadas à mineração de bitcoin podem minar os esforços de sustentabilidade global e isso deve fazer parte de uma discussão univesal”. A premissa se forma ao resumir os comentários do economista italiano Fabio Panetta, membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), em artigo publicado nesta terça-feira (11) pela agência global de notícias Project Syndicate.
No texto, Panetta reconhece que, ainda que temporariamente, as emissões de dióxido de carbono foram reduzidas devido ao isolamento social causado pela epidemia do coronavírus. Ele afirmou que a mineração de criptomoedas apresenta danos potenciais ao ecossistema.
Para ele, a mineração de criptomoedas deve ser controlada e limitada para devido ao seu impacto ambiental e uma das formas seria por meio da regulamentação e tributação de empresas do setor.
“O Bitcoin sozinho já está consumindo mais eletricidade do que a Holanda”, afirmou Panetta, acrescentando que “controlar e limitar o impacto ambiental de criptoativos, inclusive por meio de regulamentação e tributação, deve fazer parte da discussão global”.
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Em outro ponto do texto, o economista cita três prioridades que se destacam na agenda internacional sobre o meio ambiente, no que diz respeito ao ‘Acordo de Paris’, que é um esforço internacional de combate às mudanças climáticas. O tratado foi assinado por 175 países em abril de 2016 em Nova York (EUA).
A primeira prioridade, citou Panetta, é a necessidade de aumentar os preços globais do carbono; a segunda, é usar a recuperação da pandemia COVID-19 para “reconstruir melhor”. E por fim, concluiu, a terceira prioridade vai para o cerne do sistema financeiro e do banco central: o financiamento da transição verde.
“Coordenação internacional é essencial”
Citando o Nobel William Nordhaus, ele recomendou: “A mudança climática é a externalidade global quintessencial. Seus efeitos estão espalhados pelo mundo e nenhum país tem incentivos ou capacidade suficientes para resolver o problema sozinho. A coordenação internacional é, portanto, essencial”, escreveu o economista.
O termo ‘quintessência’ se refere a ‘quinta essência’ que é uma antiga teoria estudada até hoje. Aristóteles, por exemplo, considerava que o universo era composto de quatro elementos principais — terra, água, ar e fogo — , mais um quinto elemento que impedia os corpos celestes de caírem sobre a Terra.