Bitcoin, drogas e Telegram são usados para “crime triplo” na China

Tráfico de drogas na China envolve uma complexa operação com criptomoedas e redes sociais, formando um tripé de crimes no país asiático
Polícia Chinesa em plantação de drogas (maconha) durante operação

(Reportagem/Shangai Observer, imprensa local chinesa)

A Polícia chinesa anunciou no início desta semana uma crescente tendência no uso de criptomoedas e “plataformas sociais estrangeiras” — ambos ilegais no país — para a compra e venda de drogas, também ilícitas, em complexas operações de tráfico de entorpecentes por meios digitais.

Segundo reportado pela imprensa local, a polícia de Shangai desmantelou uma operação de tráfico de drogas de âmbito nacional. A operação foi iniciada com uma descoberta da Polícia de Pudu (Malásia), sobre o tráfico de um LSD conhecido como “stamp”, em fevereiro deste ano.

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“Traficantes e usuários de drogas estão conectados por meio de software social estrangeiro, e não há contato entre as duas partes durante o tráfico de drogas”, explicou o relatório publicado por um esforço conjunto de cinco equipes policiais, incluindo o braço da Malásia da Polícia de Xangai (China). “E a identidade dos traficantes se torna um mistério.”

O jornalista chinês especializadfo em criptativos Colin Wu identifica o citado “software social estrangeiro” como sendo o sistema de mensagens eletrônicas Telegram. Ele é capaz de ser acessado por meio de proxy ou VPN, mesmo sob forte proibição na China.

A polícia Chincsa comunicou que a utilização desta plataforma, fora de seu controle, ajudou a esconder os rastros dos traficantes de drogas. Além disso, “ativos digitais” eram utilizados para realizar os pagamentos. Wu identificou estes como “Bitcoin e outras criptomoedas”.

Conforme reportado, usuários e vendedores estabeleciam contato mediante as “plataformas sociais estrangeiras”; realizavam o pagamento com “ativos digitais que dificultavam seu rastreio”; e depois eram informados da localização de seu pacote, com as drogas.

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Os pacotes, por sua vez, eram escondidos com antecedência em uma série de lugares diferentes e aleatórios — em uma técnica conhecida como “pacote enterrado”. Os locais variavam entre buracos em pontes, caixas de correspondência de casas abandonadas, construções e muros de concreto.

A Polícia Chinesa chegou a encontrar uma pasta chamada “Endereços” no computador de Zhao Mou, homem de 39 anos, durante prisão em fevereiro.

Nesta pasta, Zhao Mou tinha uma série de fotos identificadas com o endereço de lugares onde havia escondido “pacotes enterrados” com antecedência. Que depois eram compartilhados aleatoriamente com seus compradores, após pagamento confirmado em criptomoedas.

Zhao também realizava a venda através de fóruns da darknet.

Ao esconder os pacotes de drogas com antecedência, o esquema dificultou ainda mais o rastreio e identificação dos envolvidos pela polícia chinesa, que também descobriu operações de plantação e preparo de Cannabis Sativa (a maconha).

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Plantação de Cannabis Sativa (Reportagem/Shangai Observer)

“Extranets e darknets se tornaram os principais canais de tráfico de drogas”, disse um porta-voz da investigação.

“A julgar pela tendência, as plataformas sociais estrangeiras e as ‘darknets’ estão desempenhando um papel cada vez mais importante em todos os aspectos do crime de drogas e se tornaram uma estufa para o desenvolvimento e crescimento do crime de drogas”, disse Chefe Li da Divisão de Repressão às Drogas do Departamento de Segurança Pública de Xangai.