BC da Argentina proíbe bancos de negociarem criptomoedas com clientes

Decisão vem dois dias após o maior banco privado do país ter iniciado serviços com criptos; alegação é proteger a população dos riscos das operações
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Foto: Shutterstock

O Banco Central da Argentina informou em um comunicado publicado na noite de quinta-feira (5) que as instituições financeiras do país estão proibidas tanto de realizar quanto de facilitar operações com criptomoedas. Segundo a entidade, as moedas digitais com registro em blockchain não tiveram seu uso autorizado.

A medida foi tomada dois dias depois de o maior banco privado da Argentina ter anunciado que iria começar a permitir a compra e venda de criptomoedas pelos seus clientes. O Banco Galicia estava oferecendo quatro diferentes criptomoedas — bitcoin (BTC)ether (ETH), USD Coin (USDC) e XRP — a seus clientes.

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“As entidades financeiras não poderão fazer nem facilitar aos seus clientes operações com ativos digitais, incluindo criptomoedas, que não se encontrem regulados por autoridade nacional ou autorizados pelo Banco Central”, disse.

Segundo o banco, o medida busca diminuir os riscos associados a operações com esses ativos.

O comunicado lembra que em maio de 2021, o BC da Argentina e a Comissão Nacional de Valores já haviam publicado um alerta sobre os riscos em transacionar com criptomoedas.

“Foram mencionados alguns casos de riscos associados a este tipo de operação: a elevada taxa de volatilidade, o risco de problemas operacionais e ataques hacker, lavagem de dinheiro para financiamento de terrorismo”, relembrou o Banco Central.

Um motivo de criptomoedas serem populares na Argentina é porque o país possui uma das maiores taxas de inflação do mundo — nos últimos doze meses, a inflação é de 55%, segundo o site do banco central argentino.

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Operações no Banco Galicia

Na terça-feira (3), o Banco Galicia, o maior banco privado da Argentina, com sede na capital Buenos Aires, passou a oferecer quatro diferentes criptomoedas — bitcoin (BTC)ether (ETH), USD Coin (USDC) e XRP — a seus clientes.

Na segunda-feira (2), capturas de tela das opções de compra foram publicadas no Twitter por clientes do banco e, em seguida, o Banco Galicia confirmou ao Decrypt via e-mail que havia acrescentado esses serviços.

“Banco Galicia lança um novo serviço inovador para seus clientes, oferecendo a compra, venda e custódia de criptomoedas de [forma] simples, segura e em um só lugar”, explicou o banco.

A conta no Twitter do Banco Galicia também respondeu seus clientes, confirmando o novo serviço: “Sim, estamos adicionando novas opções de investimento”.

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Obrigações para corretoras

Em março desse ano, o jornal  Buenos Aires Times publicou notícia afirmando que a Argentina iria incluir empresas de criptomoedas em seu regime regulatório antilavagem de dinheiro (ou AML, na sigla em inglês), segundo um artigo do

A Unidade de Informação Financeira da Argentina (ou UIF, na sigla em espanhol) é a autoridade competente do país quando o assunto é a regulamentação de riscos de lavagem de dinheiro e, agora, está supostamente trabalhando para acrescentar empresas cripto à lista de entidades sujeitas aos requisitos de informação contra a lavagem de dinheiro.

Segundo uma pessoa com “conhecimento direto sobre a questão”, o plano é que essas novas regulações entrem em vigor este ano.

Se essas diretivas forem aprovadas, irá mudar significativamente a forma como empresas de criptomoedas interagem com reguladores na Argentina. Neste momento, essas empresas supostamente obedecem a regulações de declaração fiscal implementadas em 2019.