O Real Digital pretende ser o PIX dos Serviços Financeiros no Brasil. A analogia foi feita nesta segunda-feira (6) por Bruno Araújo, diretor do Banco Central. Segundo ele, a CBDC nacional vai fornecer a base para que pessoas comprem e vendam títulos públicos e outros produtos financeiros, com a mesma facilidade com se que compra um produto em um loja virtual.
Em entrevista coletiva que marcou o lançamento do piloto do projeto, Araújo explicou que o Real Digital (RD) em si será utilizado apenas por entidades como bancos e instituições de pagamentos que tenham permissão para participar do sistema.
A partir desse Real Digital, essas empresas autorizadas irão criar Reais Tokenizados – diversas espécies de stablecoins pareadas com a moeda nacional, submetidas à normas e regulações do BC – que, esses sim, serão utilizados pela população em geral.
O objetivo é, por meio de uma blockchain, permitir a compra e venda de produtos financeiros entre pessoas de forma simples na superfície do sistema. Mas abaixo dele haverão camadas com diversas operações para garantir a segurança da transação e evitar problemas como pagamentos não confirmados, duplicidade de tokens e outras questões.
A previsão do Banco Central é lançar os serviços do Real Digital para a população no final de 2024. Porém, daqui a um ano, em março de 2024, a entidade fará uma avaliação o projeto piloto do RD, que começou oficialmente nesta segunda-feira (6). Dependendo dos resultados, esse cronograma pode ser alterado.
Exemplo de funcionamento
O diretor do BC exemplificou um cenário no qual um comprador vai acessar o aplicativo de um determinado Banco X, localizando dentro de um marketplace um ativo que ele gostaria de comprar. Do outro lado, uma pessoa que tem um título público em carteira que quer se desvencilhar desses título; ele vai ao marketplace e coloca aquele título federal em venda.
“O comprador pode então selecionar aquele título e solicitar a compra pelo aplicativo do banco. Seria uma operação simples, como fazemos em marketplace de compra de objetos”, afirma Araújo. Seria um modelo de negociação inédito peer-to-peer (P2P) de títulos, com registro em blockchain.
Mas abaixo dessa superfície vários movimentos ocorrerão na rede: “Você escolhe o produto, o banco retira da sua carteira o Real Tokenizado e faz a transferência em Real Digital (RD) para o outro banco. E então, o outro banco recebe o RD e faz o pagamento em depósitos de Reais Tokenizados para o seu cliente. E você fecharia o ciclo entregando o título público”, explica o executivo.
“A grande vantagem dessa tecnologia é que todas essas operações ou ocorrem inteiras ou não ocorrem nada. Não permite que seja feita apenas uma parte”, afirma.
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Segundo o diretor, “na mão do usuário você tem um canal muito simples para fazer as operações. Isso é uma espécie de PIX de serviços financeiros. Você vai poder acessar de forma tão simples os serviços financeiros como hoje você acessa o sistema de pagamento do PIX”.
Redução no custo do crédito
Araújo ressaltou que o ambiente que o Banco Central está criando no real Digital deve resultar na redução do custo do crédito, melhoria no retorno de investimentos de pessoas físicas e promoção de inclusão financeira.
“Tem serviços hoje que são muito caros para ser realizados, como operações compromissadas, que são só para bancos. Mas poderia ser feita para qualquer um em uma tecnologia baseada em moedas digitais”, afirma.
Caso mais elaborado que será testado no piloto será a compra e venda entre pessoas de títulos públicos federais, mas o executivo aponta é um exemplo que talvez não seja o melhor, pelo fato de títulos públicos serem já facilmente acessados.
Mas quando você pensa na possibilidade dessa funcionalidade para outros tipos de ativos, isso amplia a capacidade de geração de produtos no mercado. Depois de evoluir a plataforma você poderia pegar uma poupança que você tem de longo prazo, tomar um empréstimo usando ela como colateral, e liquidando esse empréstimo e retomando sua poupança sem ter que desmontar a carteira. Você teria facilidade para fazer operações que hoje seriam impossíveis para pessoas físicas.
Hyperledge Besu
Os testes do Real Digital serão feitos na Hyperledger Besu, uma plataforma DLT (Distributed Ledger Technology), que é a tecnologia utilizada pela blockchain. Esse ambiente específico é uma Ethereum Virtual Machine (EVM), um sistema que permite a realização de smart contracts em blockchains e DLTs se beneficiando da tecnologia da Ethereum.
O BC afirma que escolheu a plataforma por atender ser uma rede permissionada (ou seja, que não é pública e permite apenas entidades autorizadas a entrarem), ser open source e ter uma estrutura robusta por trás: uma comunidade ativa que desenvolve novas aplicações e profissionais de Tecnologia da Informação que trabalham com esse sistema.
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