A BBC revelou que, para manter a operação de mais de 50.000 máquinas por 24 horas ininterruptas, uma fazenda de mineração de bitcoin do Cazaquistão precisa de operadores trabalhando 12 horas diárias por 15 dias seguidos. A reportagem, em vídeo, foi publicada pela rede britânica no domingo (30).
“Quando entramos nas instalações, o som das máquinas trabalhando me deixa animado. É o som do dinheiro, do dinheiro digital”, disse um dos funcionários da Enegix.
A megaoperação ocupa um espaço de 15 hectares, localizados em uma área deserta próxima à cidade de Ekibastuz, que fica na província de Pavlodar, vizinha da China.
Yersain Nurtoleuov, chefe do departamento de hospedagem, afirmou à BBC que o centro de mineração de bitcoin possui uma equipe de mais de 150 pessoas — formada em maior parte por jovens que viram uma oportunidade no setor.
“Trabalho aqui há mais de três anos. Fui o primeiro operador. Aprendi tudo sozinho. Como conectar fontes de alimentação, como configurar um roteador”, disse Nurtoleuov.
Almaz Magaz, por exemplo, disse que antes de trabalhar no centro de mineração nunca havia ouvido falar de bitcoin. Ele é um dos funcionários que trabalham das 8h às 18h para assegurar o bom andamento das máquinas.
No local, segundo o site da empresa, há assistência técnica para as máquinas e dormitório para os colaboradores, que após trabalharem 15 dias ininterruptamente, folgam outros 15 seguidos.
Mineração no Cazaquistão
No ano passado, o Cazaquistão se tornou o segundo maior país de mineração de criptomoedas do mundo, segundo a BBC. Tal posição se deve em parte a um centro da Enegix. No entanto, o rápido crescimento da mineração de criptomoedas no país pressionou o setor de energia, que depende fortemente de usinas de energia a carvão poluentes e intensivas em carbono.
Em 2021, o país da Ásia Central se tornou a segunda nação que mais minera bitcoin no mundo após sua vizinha China ter suspendido atividades de mineração.
Graças a seus depósitos de gás natural e carvão, o Cazaquistão possui um dos menores preços pelo consumo de eletricidade no mundo, ajudando mineradores a lucrarem.
No entanto, na última semana de janeiro, a estatal Kazakhstan Electricity Grid Operating Company (KEGOC) confirmou à Bloomberg que a eletricidade foi suspensa para empresas de mineração de bitcoin e criptomoedas.
“Por cinco dias, os moradores de criptomoedas do Cazaquistão não puderam se conectar à Internet, causando a desaceleração das transações de criptomoedas em todo o mundo”, concluiu a reportagem.