O Banco Central Europeu (BCE) publicou um estudo em que analisa o uso de criptomoedas como investimento e reserva de valor, fazendo para isso uma comparação dos movimentos do Bitcoin (BTC) contra 44 moedas fiat, destacando que, entre outros fatores, a liquidez e volatilidade do sistema financeiro impactam a moeda digital.
Por outro lado, a autoridade europeia aponta que em economias emergentes e em desenvolvimento (EMDEs), o Bitcoin parece oferecer também benefícios transacionais, uma vez que a negociação aumenta quando o valor da moeda nacional é instável. Diante disso, os economistas destacam que a moeda digital pode ser vista como uma reserva de valor nesses locais.
“A instabilidade macroeconômica pode potencialmente estimular um maior uso de criptoativos. Este resultado é importante para a teoria de precificação de ativos de criptoativos, sugerindo que o valor fundamental do Bitcoin pode ser substancialmente diferente entre economias desenvolvidas e emergentes”, diz o relatório, assinado por Paola di Casola e Maurizio Michael, ambos economistas do BCE.
Eles destacam ainda que o estudo encontrou uma correlação na utilização de pagamentos com criptos em países que possuem sistemas financeiros tradicionais subdesenvolvidos. Os países com populações mais jovens e menos avessas ao risco também usam mais o Bitcoin.
Esse tipo de cenário tem sido muito visto em países em crise, caso da Argentina e algumas nações africanas, onde diversas pesquisas apontam um alto uso de Bitcoin e outras criptos como forma da população não só escapar dos impactos da inflação e derretimento das moedas locais, mas também para garantirem posse e controle de suas reservas, conseguindo transferir para outros locais se acharem necessário.
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Riscos e o futuro com stablecoins
Apesar de apontar para algumas vantagens do uso de Bitcoin em nações subdesenvolvidas e emergentes, os economistas do BCE alertam para riscos nesses países sobre o uso de criptomoedas.
“As nossas conclusões apontam claramente para potenciais riscos de estabilidade financeira nos EMDEs com baixos níveis de desenvolvimento financeiro e moedas fiduciárias instáveis”, diz o relatório, que complementa dizendo que a volatilidade intrínseca do preço do Bitcoin pode desencorajar a sua utilização.
Por outro lado, o BCE destaca que outras alternativas podem surgir para resolver a questão desses riscos. “No futuro, outros ativos cripto, como as stablecoins que se comprometem a garantir uma paridade com o dólar americano ou outras moedas de reserva, poderão tornar-se mais amplamente utilizados por indivíduos e empresas, a fim de compensar a falta de alternativas financeiras”, diz o estudo.
Como conclusão, os economistas do Banco Central Europeu ainda apontam que, mesmo com esse uso do Bitcoin como reserva de valor em alguns países, o resultado do estudo reforça a hipótese, atualmente predominante na literatura, de que a negociação de Bitcoin é motivada por motivos especulativos, sendo esse um fenômeno global.
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