Dois irmãos donos da plataforma sul-africana de criptomoedas Africrypt desapareceram junto com cerca de 69 mil bitcoins (US$ 3,6 bilhões) de investidores.
De acordo com reportagem publicada pela Bloomberg nesta quinta-feira (24), um escritório de advocacia da Cidade do Cabo não conseguiu localizar os irmãos Raees Cajee, 20 anos, e Ameer Cajee, 17 anos, que fundaram a empresa em 2019, posicionando-a como “a forma mais fácil de entrar no mundo das criptomoedas”.
A Africrypt encerrou as operações em abril deste ano, na época em que o preço do Bitcoin atingiu um recorde histórico acima de US$ 64.000. A empresa disse na época que havia “uma violação” em seus sistemas e pediu aos clientes que não relatassem o incidente às autoridades, alegando que dificultaria a recuperação dos fundos perdidos.
No entanto, logo depois disso, os irmãos Cajee supostamente transferiram os fundos dos investidores das contas da empresa, enviando as moedas por meio de um mixer de criptomoedas. Também conhecidos como ‘tumblers’, esses serviços permitem que os usuários ocultem as origens de seus ativos digitais ao enviá-los para um único pool e “misturá-los” com os fundos de outros usuários.
Atualmente, o caso está sendo investigado pela Hanekom Attorneys, um escritório de advocacia contratado por investidores da Africrypt. A empresa afirma que “os funcionários da Africrypt perderam o acesso às plataformas de back-end sete dias antes do alegado hack.”
O portal sul-africanoIT Web, que reportou o caso na semana passada, disse que um grupo de 20 investidores entrou na Justiça contra a plataforma e os irmãos. No dia 26 de abril, o Tribunal Superior de Gauteng South concedeu uma ordem de liquidação provisória em favor das vítimas, que deveria ser paga pelos acusados até o dia 19 de julho.
Não houve contato ainda por parte deles. Investidores suspeitam que eles fugiram para o Reino Unido. Os números de celular dos empresários caem no serviço postal, segundo outro site local chamado The South African.
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A Hawks, uma unidade de investigação da força policial nacional da África do Sul, está ajudando na investigação em andamento. Até o momento, os irmãos Cajee não foram localizados e o site principal da exchange também está fora do ar.
As corretoras de criptomoedas em todo o mundo também foram alertadas sobre o suposto roubo.
Investigação em corretora africana
A questão com a plataforma pode ser mais complicada, visto que alguns investidores sugerem que os irmãos Cajee poderiam ter fugido por causa de “algumas pessoas sombrias e ameaçadoras” e que “pessoas duvidosas” investiram na Africrypt.
Também não está claro o quão grande era a base de usuários da empresa. De acordo com um investidor, a Africrypt tinha milhares de clientes na África do Sul, mas a maioria deles estava baseada em outros países.
Uma plataforma norte-americana de criptomoedas que supostamente investiu US$ 246 mil com os irmãos disse para o IT Web que contratou um investigador privado para investigar o caso. Há possíveis vítimas também em Dubai.
Para complicar ainda mais as coisas, o FNB – nome do banco onde os fundos dos investidores da Africrypt foram reunidos por meio de uma entidade terceirizada – negou qualquer relação com a empresa.
*Traduzido e editado com autorização da Decrypt.co