Pelo menos cinco projetos de finanças descentralizadas (DeFi) foram alvo de ataques virtuais em maio. O prejuízo aos participantes, segundo compilado feito pelo site Rekt, foi de US$ 96,5 milhões (pouco mais de R$ 500 milhões).
O último protocolo afetado foi o bEarn Fi, que sofreu uma exploração de US$ 11 milhões no domingo (16). Na quarta (12), os clientes da xToken perderam US$ 25 milhões. No dia 8, foi a vez do Rari Capital ter US$ 10 milhões roubados do seu pool de liquidez.
O Value DeFi – que na primeira semana do mês sofreu dois exploits que somam US$ 21 milhões de prejuízo – e o Spartan Protocol, que teve prejuízo de US$ 30,5 milhões no dia 1º, fecham a lista.
Neste ritmo, já aconteceram mais hacks em maio, que ainda não chegou ao fim, do que em qualquer outro mês de 2021. No ano, foram 17 explorações a projetos, superando os 15 casos registrados durante todo o ano passado.
Falta de segurança
Para o desenvolvedor Robson Silva, cofundador do projeto DeFi Pods Finance, os ataques aumentam à medida que novos protocolos são lançados no mercado sem a devida proteção.
“Na prática, o que está acontecendo em DeFi é que tem muito projeto que não segue regras de segurança. Essa ainda é uma indústria que carece de processo de qualidade e por lidar com dinheiro na linha do código, acaba atraindo olhos maliciosos”.
Nas finanças descentralizadas, todo dinheiro é administrado pelo próprio protocolo. Justamente por isso, qualquer erro no código pode ser explorado por um agente mal-intencionado.
“Você pode ver que muitos projetos lançados na presa carecem de várias etapas de segurança. Já os projetos grandes não têm essa mesma frequência de hacks porque seguem protocolos muito mais severos de proteção”.
De acordo com Silva, o usuário deve analisar com cuidado se o projeto ao qual confia o seu dinheiro é seguro.
Essa segurança, segundo ele, engloba um grande espectro de ações que são tomadas por um protocolo para reduzir possíveis danos, como passar por auditorias, ter uma documentação clara, contar com um fundo de proteção para indenizar os usuários caso um ataque aconteça e promover bounty hunting (parcerias com hackers “do bem” que procuram falhas no projeto).
“Com o tempo, a tecnologia vai ficar mais madura, os processos de segurança serão mais sólidos e alguns até mesmo obrigatórios. O ecossistema já está evoluindo e com boas práticas, tende a ficar mais seguro”, disse.
Ataques a projetos DeFi disparam em 2021
Uma pesquisa da empresa de segurança CipherTrace mostra que enquanto as fraudes em outros áreas da indústria cripto diminuíram no início do ano, DeFi seguiu o caminho oposto.
Entre janeiro e abril, foram US$ 156 milhões roubados do setor, um número que supera o prejuízo de US$ 129 milhões que esses ataques deixaram em 2020.
Além disso, os usuários perderam nesse período mais US$ 83,4 milhões em outras fraudes do setor, às vezes praticadas pelos próprios desenvolvedores, como “rug pull” (tapete puxado).
Hackers se beneficiam com alta do mercado
O DeFi é uma das áreas que mais crescem na indústria das criptomoedas. Segundo dados do agregador DeFi Pulse, o valor total “bloqueado” nesse setor (ou seja, confiado em contratos inteligentes) é de US$ 72 bilhões, ante US$ 16 bilhões em 1º de janeiro.
É importante ressaltar que a valorização das criptomoedas impacta diretamente no valor de tokens roubados quando convertidos em dólar. O Ethereum, cujo ecossistema dá vida para a maioria dos projetos DeFi, subiu mais de 350% desde que o ano começou.
Na semana passada, o Ether disparou e bateu os US$ 4.000. Nesta terça-feira (18), a criptomoeda é negociada a US$ 3.417, segundo o Índice de Preço do Ethereum (IPE).
