ian freeman
Ian Freeman foi preso pela Receita Federal (Foto: Divulgação)

O FBI e a Receita Federal dos Estados Unidos (IRS) prenderam na terça-feira (16) seis acusados de operarem um esquema ilegal de remessas de bitcoin desde 2016, violando, assim, as leis federais contra a lavagem de dinheiro. Dentre os acusados, está o radialista libertário Ian Freeman, que também pode virar réu por lavagem de dinheiro.

Ele e o parceiro Mark Edge se apresentam diariamente num programa de rádio chamado Free Talk Live, que era retransmitido por dezenas de rádios no país. O radialista vinha aceitando bitcoin em anúncios e doações desde 2011.

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De acordo com o Tribunal Distrital de New Hampshire, os acusados foram presos durante uma ação coordenada das autoridades que ocorreu em três cidades: em Keene, onde estava Freeman, Richard Paul e uma pessoa conhecida como ‘Nobody; em Derry, onde foram presos Renee Spinella e Andrew Spinella; e em Alstead, paradeiro de Colleen Fordham.

“Desde 2016 os réus operam um negócio que permitiu a clientes a negociação de mais de US$ 10 milhões em moeda virtual, cobrando pelo serviço prestado”, diz o comunicado. A nota acrescenta que as operações eram feitas tanto por meio de sites quanto em caixas eletrônicos de bitcoin instalados em New Hampshire — só no estado existem 59 caixas de bitcoin, segundo dados do Coin ATM Radar.

Bitcoin e liberdade

New Hampshire é considerado o coração do movimento libertário. Em 2003, um grupo específico de libertários escolheu o estado para formar uma comunidade. Com o reassentamento, o plano ficou conhecido como ‘Projeto do Estado Livre’. De acordo com Decrypt, que repercutiu o caso, atualmente vivem por lá cerca de 50.000 libertários, menos Freeman, expulso em 2016 por suspeita de pedofilia.

Ele teve então que procurar outro grupo — e se achou então no Shire Society, de ativistas do movimento ‘Free Keene’, que prega paz, soberania individual e independência, endossado inclusive pelo veterano libertário Ron Paul. Entre os projetos da sociedade estão a adoção das criptomoedas, como o bitcoin, e manutenção da ‘Igreja Livre do Condado’, onde Freeman é listado como o presidente do Conselho.

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“Dinheiro do governo é uma mentira”

A acusação alega que os réus operaram intencionalmente o esquema, abrindo inclusive de contas bancárias em nome de supostas entidades religiosas.

De acordo com o Decrypt, quando procurado para comentar o caso, Edge, sócio de Freeman, disse que as acusações são infundadas. E não negou que a empresa religiosa fazia parte do negócio, mas que a rádio recebia bitcoin como forma de pagamento por publicidade desde 2011. 

“Bitcoin é um presente de Deus, enquanto o dinheiro do governo é uma mentira, obscuro, sangue e petróleo. Fazemos isso como uma missão para propagar a paz e a liberdade para a Igreja”, disse Edge à reportagem. 

Ele disse ainda que até onde sabia, Freeman havia cumprido regras de compliance, mas que mesmo assim o governo quer que todos sejam avisados. “Eles não querem que ninguém faça coisas das quais eles não podem se beneficiar”, concluiu.

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Uma vez condenado, diz o relatório do Tribunal, a acusação requer contra Freeman o confisco de todas as propriedades e receitas derivadas de um negócio ilegal. É o que Edge suspeita. Ele acredita ser esse o próximo movimento das autoridades, confiscando inclusive suas carteiras de bitcoin.

De acordo com Manchester Ink Link , os residentes de Keene estão na mira do FBI desde a insurreição do Capitólio de 6 de janeiro.

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