Um ano depois de o Google sacudir o mundo ao anunciar que teria alcançado a supremacia quântica, pesquisadores chineses vieram a público alegar que o posto de liderança na corrida quântica na verdade pertence ao país comunista.
Em um paper publicado na quinta-feira (3) na revista Science, cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia da China anunciaram que desenvolveram um protótipo de computador quântico capaz de realizar cálculos quase 100 trilhões de vezes mais rápido que o supercomputador mais avançado existente hoje no mundo.
De acordo com a equipe, a nova tecnologia – que recebeu o nome de Jiuzhang – conseguiu alcançar tal feito ao manipular partículas de luz (fótons). “Mostramos que podemos usar fótons, a unidade fundamental da luz, para demonstrar o poder computacional quântico muito além da contraparte clássica”, disse Jian-Wei Pan, um dos responsáveis pelo estudo.
O projeto chinês é diferente do computador anunciado pelo Google ano passado, que basicamente depende de chips supercondutores para realizar cálculos, não de luz. A agência oficial de notícias da China – a Xinhua – afirmou que o computador do país seria supostamente capa de processar cálculos 10 bilhões de vezes mais rápido do que o computador quântico da gigante de tecnologia norte-americana.
Em reportagem sobre o assunto, o jornal Financial Times informou que o Google ainda não comentou o anúncio feito pelo país asiático.
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Ameaça ao bitcoin?
Mesmo antes do anúncio do Google feito no final de 2019, os entusiastas do mercado cripto já se questionavam se o surgimento da computação quântica poderia afetar o bitcoin, já que a tecnologia é capaz de fazer um grande número de cálculos ao mesmo tempo, o que permitiria falsificar assinaturas na blockchain ou fazer alterações nela.
Em artigo publicado recentemente, pesquisadores da Deloitte disseram que a chegada da tecnologia representa sim um grande desafio para o mercado cripto, pois os “computadores quânticos podem eventualmente se tornar tão rápidos a ponto de prejudicar o processo de transação do bitcoin e a segurança da blockchain”.
De acordo com os mesmos pesquisadores, no entanto, esse possível risco poderia ser compensado com a “transição para um novo tipo de criptografia chamada pós-quântica, que é considerada resistente a ataques quânticos” .
A criptografia pós-quântica consiste basicamente em algoritmos criptográficos capazes de suportar os ataques que computadores quânticos podem fazer. Vale lembrar que moedas digitais como IOTA e o Decred já utilizam tal tecnologia.