Cursos de Day Trade inundam mercado; especialistas ensinam como escolher
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O aumento no interesse dos brasileiros pelo mercado financeiro fez com que se multiplicassem também a oferta de cursos nas redes sociais e em sites de venda como OLX e Mercado Livre. Nas duas plataformas pelo menos 30 cursos de day trade são ofertados em cada uma; no Youtube e Instagram, são incontáveis.

Este fenômeno, principalmente na atividade de day trade, revela o quanto os brasileiros têm se envolvido no mercado financeiro. Ainda mais persuadidos por peças publicitárias que lançam frases como ‘fique rico’ ou se ‘torne-se um trader de sucesso’, muitas dessas ofertas podem gerar prejuízo em vez de lucro.

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Recentemente o youtuber de finanças Thiago Nigro, mais conhecido como Primo Rico, fez uma crítica aos ‘day traders’ que vêm pipocando no Brasil. Ele disse: “Fazer day trade não é uma coisa idiota, mas tem muito idiota falando de day trade”.

Sua crítica, portanto, lança a premissa de que tem muita gente envolvida com o day trade. E isso engloba as opções binárias, forex, bolsa e criptomoedas.

Especialistas comentam ‘onda’ de cursos 

A reportagem do Portal do Bitcoin procurou dois especialistas em educação financeira para comentar sobre essa ‘onda’ de cursos.

Para Cíntia Senna, mestra e doutoranda em Educação Financeira pela Florida Christian University (FCU), é sempre positivo qualquer movimento que leve a pessoa a pensar em recursos financeiros e a buscar conhecimento.

“A gente está vendo uma leva de pessoas indo pro mercado financeiro mas que ainda é pouca, considerando a população brasileira. Para que isso seja fortalecido, a gente precisa procurar mais ainda esta base da educação financeira e mostrar para as pessoas que a pandemia nos mostrou que elas precisam ter reservas”, disse.

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Sobre encontrar um bom curso, Senna disse que se as pessoas olharem um pouquinho mais elas vão perceber que nessas ofertas de cursos muitos deles estão atrelados com alguma instituição financeira.

Por isso, disse, é sempre importante a gente observar quem é esse locutor, o que ele quer com aquele curso, qual o propósito, se é só um pitch de venda ou se a pessoa quer realmente ensinar algo.

De acordo com especialista, o primeiro olhar a se lançar numa peça publicitária é não se encantar apenas com os resultados que são apresentados, pois existem os que não são mostrados. E também procurar saber um pouco mais do vendedor.

“É bom a gente saber quem é a pessoa, o que ela fazia antes, se é pouco tempo que ela está nesse mercado, sua referência. Fazia só isso? Vive disso?”, disse, acrescentando: “Isso para que a pessoa tenha mais filtro e possa escolher o caminho para trilhar de uma forma mais efetiva”.

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Alerta de risco

Assim como Senna, o especialista em educação financeira, André Bona, professor do curso de pós-graduação em Finanças, Investimentos e Banking da PUC/RS, vê o aumento de interesse do brasileiros no mercado financeiro com “algo bom e saudável”, mas alerta sobre riscos.

“Muita gente vai aprender da maneira correta, lendo livros importantes que são referências mundiais, mas muita gente vai cair no conto do dinheiro fácil”, disse.

Sobre escolher um curso, ele acredita que o melhor a fazer é confrontando aquilo que é oferecido com aquilo que é ensinado há décadas por grandes investidores como Warren Buffett e Luiz Barsi, por exemplo.

Para ele, antes de a pessoa se aventurar no mercado ela deve ler tudo o que esses investidores de sucesso têm a dizer, além de ter em mente o longo prazo.

Segundo Bona, haverá os que entenderão rápido como funciona o mercado e aqueles que vão demorar a aprender. Neste último caso, “custará muito dinheiro”, mas poderão aprender com a experiência.

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Disse, também, que “infelizmente há um grupo que nunca vai aprender por conta de prejuízos sucessivos”.

CVM não vê problema

Conforme a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não há regulação específicas sobre cursos. O que não pode ser feito é a indicação de compra de papéis.

“O que eles não podem fazer é dar dica de investimento, porque isso só pode ser feito dentro da lei. Se você está dando uma dica de investimento sem uma prévia autorização, você está irregular no mercado”, disse a CVM à reportagem.

“Cabe também ao investidor tomar cuidado e a CVM está aí para orientar no que for preciso. A nossa página de alerta salva muita gente”, ressaltou.

Cursos vendidos na OLX e Mercado Livre

A febre do day trade está construindo uma enorme comunidade. Basta um breve busca com os termos ‘curso trader’ no Mercado Livre para encontrar cerca de 30 cursos que vão de R$ 6 a R$ 1.000.

Na OLX, por exemplo, há quem ofereça 150 cursos pela pechincha de R$ 99,00. Dentre as cerca de 20 ofertas analisadas, as chamativas são diversas: “trader para iniciantes”; “do zero a conta real”; “do básico ao avançado”; entre outras.

Há também ofertas de cursos por pessoas que dizem ser profissionais no mercado. Um deles por exemplo se apresenta como trader há quatro anos nas bolsas B3 e NYSE, bolsa de valores brasileira e americana, respectivamente. Seu curso de day trade é vendido por R$ 1.900.

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Um pacote de cursos para aprender como operar opções binárias de outro vendedor custa bem mais barato — R$ 49,00. Este já vendeu mais de 100 unidades.

Mas tem vendedor que nem com forte apelo consegue realizar a venda. Um produto oferecido com a frase “ganhar dinheiro no seu sofá só analisando”, parece estar empoeirando.

Fora os cursos, há também muita oferta de sistemas automáticos de trading, os chamados robôs. Um desses vendedores está se aproximando de sua 50ª venda a um preço de R$ 1.800.

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