Imagem da matéria: Não, a B3 Bovespa não possui 2,6 milhões de investidores
Foto: Shutterstock

Existem algumas inverdades sobre os números de investidores na B3 que estão saindo na mídia recentemente. O primeiro deles é sobre os supostos 2,6 milhões de investidores pessoas físicas.

Na realidade, quem gastou alguns minutos abrindo a planilha fornecida pela B3 Bovespa irá encontrar a seguinte observação:

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Histórico de pessoas físicas (Fonte: B3)

Ou seja, se o cliente possuir ativos em custódia em diferentes corretoras, será contabilizado mais de uma vez. Se você já tentou transferir ações, especialmente coisa de quinze anos atrás, percebeu que trata-se de um processo burocrático e demorado.

O segundo problema é que “conta ativa” para a B3 significa ter valores em custódia. Não importa se estamos falando de R$ 9,90 ou de ativos que estão parados há 8 anos.

Perfil dos investidores

75% destes investidores são homens, ante 25% mulheres, porém precisamos assumir que o impacto da dupla contagem atinge a todos de forma semelhante. Vamos aos dados mais interessantes:

A discrepância entre o povo com mais de 56 anos é absurda, apresentando um investimento médio três vezes maior que o pessoal entre 36 e 55 anos. Detalhe: quase metade dos investidores é formado por jovens.

Apesar da vasta maioria dos investidores ser do sexo masculino, quando o assunto é aporte médio em custódia, os homens estão na frente apenas por 19%. São R$ 137 mil de média vs. R$ 115 mil das mulheres, que apesar de longe do ideal, é um sinal positivo.

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Isto ocorre em grande parte por conta de São Paulo, Rio de Janeiro e Região Sul, que totalizam 78% dos valores, além de uma proporção favorável aos homens de apenas 7%.

Já a diferença da posição média entre homens e mulheres foi destaque negativo no Amapá, Mato Grosso do Sul, Roraima, Minas Gerais, Distrito Federal, e Maranhão. Na média, os homens nestes estados possuem 100% mais valores em custódia da CBLC que as mulheres.

Fugindo das fake news

É difícil fazer uma análise mais profunda dos dados, já que estão inflados por dupla-contagem, um potencial alto número de contas inativas, além da concentração em alguns investidores de tamanho desproporcional. Isto seria atenuado com dados de mediana,a o invés de média, por exemplo.

De qualquer maneira, é possível afirmar que o número de investidores ativos em ações e derivativos B3 é muito superior ao dos traders de criptomoedas. Isto porque os relatórios apresentados pela Receita Federal apontam para cerca de 250 mil CPFs ativos.

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Em suma, não acredite nessas manchetes, e tenha absoluta certeza que criptomoedas ainda são incipientes no Brasil, com potencial mínimo de aumentar sua penetração em 5 vezes.


Sobre o autor

Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.

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