Considerada uma das 50 fintechs mais inovadoras do mundo, o Nubank vem apostando em uma estratégia agressiva de mercado. Essa movimentação dá dicas do que a empresa planeja para seu futuro, ao mesmo tempo que serve de “case” para o setor financeiro brasileiro.
Nas últimas semanas, a maior fintech do país anunciou a chegada de executivos que passaram por empresas como Itaú e Facebook – ao mesmo tempo que desmentiu boatos de mudanças na cúpula. Também incorporou a empresa de tecnologia Plataformatec. Por fim, abriu nova porta com a adesão à Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Isso sem falar na expansão internacional promovida pelo Nubank. Sediada na zona oeste de São Paulo, a fintech que calcula ter 20 milhões de clientes no Brasil já conta com operações no México e aguarda autorizações regulatórias para atuar na Argentina. Há também um escritório em Berlim (Alemanha), que é focado em infraestrutura e engenharia de dados.
Vale lembrar que, apesar do nome, o Nubank não é um banco – embora essa informação cause estranheza aos mais leigos. A fintech tem junto ao Banco Central atualmente duas licenças: Instituição de Pagamentos e Instituição Financeira.
“Efetivamente, não somos formalmente um banco. Temos licenças de operação como Instituição de Pagamentos e como Instituição Financeira”, informou a empresa por meio de sua assessoria de imprensa.
O conglomerado conta ainda com a Nu Investimentos, que desde julho de 2018 tem autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para operar. Foi por meio desse braço que o conglomerado aderiu à Anbima.
Ser banco ou não ser?
A postura agressiva do Nubank no mercado seria um indicativo de que o Nubank almeja se tornar um banco de fato no futuro?
Para o consultor de fintechs e bancos Luiz Gustavo Nugnes, a resposta é positiva.
“O próprio nome ‘Nubank’ já diz onde eles querem chegar. Mesmo quando só tinham cartão de crédito a intenção sempre foi ampliar a gama de serviços e produtos para concorrer com bancos”.
Esse objetivo não é tão imediato na visão de Bruno Samora, gerente de retail da Matera, empresa de tecnologia para o mercado financeiro. Para ele, a fintech vem conseguindo explorar um mercado que antes era dominado pelos bancos sem ser oficialmente um.
“É um case que mostra como se pode evoluir uma fintech sem precisar se tornar um banco e ter toda a carga que incide sobre eles”.
Mesmo sem ser um banco de fato, as empresas que compõem o conglomerado do Nubank se complementam. Dessa forma, se torna apto a oferecer serviços que, pouco a pouco, se equivalem ao cardápio oferecido por instituições que contam com a licença de banco comercial ou múltiplo.
“Somos capazes de oferecer alguns dos principais serviços financeiros demandados pela maioria da população, como o cartão de crédito, uma conta digital que permite receber salários e depósitos, realizar transferências e investimentos, pagar boletos, efetuar compras no débito e saques, além de um serviço de empréstimos pessoal”, define a fintech.
Risco Nubank
Avaliado em cerca de US$ 10 bilhões, o Nubank já figura como uma empresa “unicórnio” – quando o valor de mercado de uma empresa supera US$ 1 bilhão. No entanto, ainda apresenta prejuízos em sua operação. No primeiro semestre de 2019, o déficit foi de R$ 139 milhões.
Para os especialistas ouvidos pelo Portal do Bitcoin, no entanto, esse quadro não chega a apresentar grande problema para o Nubank. Pelo contrário, seria um tipo de risco calculado.
“A estratégia é trabalhar com o maior número de clientes possível para consiguir por meio de dados rentabilizar as operações”, diz Nugnes.
Até hoje o Nubank já captou um total de US$ 820 milhões em rodadas de investimentos. Além desses aportes, a expansão seria compensada por novas fontes de receita.
Um desses novos mananciais seria a própria entrada em cena da Nu Investimentos, anunciada no último dia 23 de janeiro. Embora a função inicial seja de gerir o caixa do grupo, o novo braço abre a porta para administrar e distribuir fundos próprios no futuro.
“Pode ser um novo estágio. Essa nova fonte de receita pode tornar uma empresa deficitária em uma superavitária”, afirma Samora.
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