Mindol (MIN) e HedgeTrade (HEDG) estão na frente de projetos ultra-conhecidos como NEM (XEM), Dogecoin (DOGE) e Basic Attention (BAT), ao menos no ranking do CoinMarketcap. O que pode explicar isso? Que criptomoedas são essas?
Vale ressaltar que o navegador Brave Browser, da moeda BAT, acaba de atingir 10 milhões de usuários frequentes. Já Dogecoin possui um número de endereços ativos e número de transações próximos da Bitcoin Cash.
Afinal, o que são esses tokens?
Não vale perder tempo se debruçando sobre tokens que não possuem liquidez real. De qualquer forma: HedgeTrade é um token ERC-20 que entrou em circulação no início do ano, possui menos de 500 membros no grupo de Telegram enquanto seu Twitter conta com 1.500 seguidores, porém os posts dificilmente passam de 3 likes.
Mindol é um token ERC-20 que afirma ter captado US$ 42 milhões em agosto de 2018 de forma privada com investidores no Japão (pré-ICO). Seu grupo de Telegram foi aberto com 1.200 membros e assim permanece até hoje, enquanto o Twitter possui menos de 200 seguidores.
Como subiram tanto no ranking?
Não há o menor controle de qualidade da informação apresentada no CoinMarketCap. Esses projetos que apresentam subidas meteóricas no ranking não possuem liquidez em exchange minimamente séria, logo, sua cotação pode subir 50% com poucos trades totalizando 2 BTCs de volume real ou até menos.
Este volume declarado por estas exchanges é apenas um número que alguém colocou em uma planilha. Aliás, quem já leu o relatório da BitWise de março de 2019 sobre volume falso sabe que a maioria, excluindo talvez Binance e HitBTC, nem se dão ao trabalho de tentar ocultar a manipulação.
Dá pra ganhar dinheiro com isto?
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Não. Primeiramente o risco de depositar nessas exchanges e perder seu dinheiro é grande. Em segundo lugar, mesmo que você consiga comprar em alta de 20% e a moeda suba 40% no dia, não vai ter pra quem vender. Quer ver a evidência concreta?
Este é o livro de ofertas da exchange responsável por supostos 82% do volume de HedgeTrade (HEDG) neste 6/Dez. Para vender um total de R$ 1.000 (BTC 0,032) seria necessário chegar até 0.0000945, ou 43% abaixo do último trade.
Como evitar cair nestas furadas?
Bom, a primeira coisa a se fazer é parar de usar o CoinMarketCap. Algumas alternativas mais confiáveis são: Nomics: verifique a coluna “Transparent Volume” ou através do site da Messari: coluna “Real Volume”.
Evite ao máximo usar essas exchanges gringas desconhecidas. Embora todas tenham um risco associado, Binance, Kraken, Coinbase, Bittrex e Bitfinex tem se mostrado robustas o suficiente ao longo desses últimos três anos que acompanho.
Quer correr o risco de qualquer forma? Vai fundo, mas tenha em mente que esses “livros de oferta” que você vê muitas vezes são repletos de ordens de compra do market maker. Desta forma ele consegue cancelar a oferta mesmo após você clicar no botão “vender”.
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Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC.