O que aconteceu com o ouro?
A cotação disparou 18% só neste mês de agosto, após ser divulgada a compra recorde de ouro pelos Bancos Centrais nos seis primeiros meses do ano.
Além disto, influenciou positivamente o acirramento entre a disputa comercial (Trade Wars) entre China e EUA, especialmente após declarações do presidente do FED — espécie de Banco Central dos EUA — de que seguiriam com estímulos econômicos.
Por que o estímulo econômico favorece o ouro?
Parece contraintuitivo: estímulos econômicos deveriam aquecer a economia e fazer com que investimentos mais seguros tornem-se menos atrativos.
O problema é que no cenário atual de início de recessão global, leia-se: falta de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) da maioria dos países, os investidores temem que isto não vá funcionar. Ao menos esta é a visão de alguns respeitados traders como Ray Dalio e Mark Mobius.
Quem são estas pessoas e por que falariam a verdade?
Para início de conversa, ambos estão semiaposentados, administrando basicamente suas fortunas pessoais. Foram gestores de fundos de investimento com patrimônio superior a R$ 1 trilhão por mais de três décadas.
A performance de ambos, Ray na Bridgewater e Mark na Templeton, foi algo que provavelmente levará muito tempo para ser repetida. São considerados ‘papas’ dos investimentos e dificilmente erram na visão de longo prazo.
O que aconteceria em caso de recessão global?
Mesmo que não ocorra uma crise como aquela de 2008/2009, na qual milhões de pessoas perderam empregos e imóveis que estavam financiados por conta de uma recessão global, estes grandes investidores temem por uma onda de inflação e/ou forte desvalorização das moedas.
Isto ocorre porque os países se endividam para estimular a economia e acabam tendo que injetar liquidez no mercado, seja imprimindo moeda ou títulos de dívida.
O ouro não possui inflação?
Sim, quanto maior for a cotação no mercado, mais minas que tornam-se rentáveis. Algumas estão desativadas devido ao alto custo de exploração.
Atualmente são extraídos do solo cerca de 3.000 toneladas de ouro por ano, o que representa aproximadamente 1,6% do estoque em circulação.
Se a cotação subir 20% nos próximos meses, é de se esperar que essa produção aumente bastante. Já tivemos casos no qual a extração de ouro mais que duplicou em relação ao ano anterior.
Como isto impacta as criptomoedas?
A mineração de algumas moedas é definida por critérios matemáticos. No caso do Bitcoin, são produzidos cerca de 700.000 moedas por ano. Isto representa aproximadamente 4% do estoque em circulação.
Em meados de 2020 isto será reduzido pela metade através do halving, que foi determinado na criação do projeto.
É esta escassez digital, além do alto poder de mineração que protege a rede de ataques, que torna a moeda tão valiosa.
Neste sentido, vale a pena comprar e esperar alguns anos, seguindo a filosofia destes investidores multimilionários.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017 faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC
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