Pessoas que são atraidas por propagandas de sites de apostas apresentam uma maior tendência de investir em esquemas de pirâmide financeira. Esta é uma das grandes conclusões de uma pesquisa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre tomada de decisão de investidores em pirâmides e apostas esportivas.
O estudo foi feito em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e aponta que as propagandas são capazes de influenciar indivíduos a investir em tipos de investimentos fraudulentos.
Outro aspecto identificado foi que as pessoas tendem a investir em esquemas de pirâmide e a apostar quantias semelhantes às que destinam a investimentos legítimos, o que indica uma dificuldade em diferenciar oportunidades lícitas de fraudulentas. Segundo o estudo, estes resultados estão em linha com estudos do Banco Central e da ANBIMA que mostram que os brasileiros alocam quantidades significativas de seus recursos para bets.
“Assim, nossos achados demonstram que as pessoas no Brasil não distinguem a alocação de recursos em apostas e em esquemas de pirâmide com a alocação de recursos em investimentos tradicionais”, aponta.
Por fim, o estudo da CVM mostra que o domínio das pessoas de noções de educação financeira básica torna até mesmo indivíduos impulsivos e excessivamente autoconfiantes menos vulneráveis ao apelo a investir em pirâmides e apostas ou outras oportunidades fraudulentas e especulativas.
A conclusão do relatório é que os Ministérios da Fazenda e da Educação poderiam desenvolver esforços conjuntos para promover a educação financeira básica de jovens e adultos.
No tópico das apostas esportivas, a recomendação é “que o Estado regulamente e fiscalize a publicidade de sites de apostas como faz com a publicidade de bebidas alcóolicas, ou até mesmo proíba, como é o caso do mercado de fumos”.
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Hipóteses de pesquisa
O estudo testou oito hipóteses de pesquisa relacionadas a mecanismos psicológicos que podem ser compartilhados entre investidores de pirâmides financeiras e participantes de apostas esportivas (bets), tais como:
- Participantes expostos a um estímulo para influenciar, de forma subconsciente, seu comportamento em apostar (técnica conhecida como priming) estão mais dispostos a investir em esquemas de pirâmides do que em investimentos regulares.
- Participantes com maior conhecimento financeiro estão menos dispostos a investir em esquemas de pirâmides.
- Participantes com maior conhecimento financeiro e expostos a um priming de aposta estão menos dispostos a investir em esquemas de pirâmides.
Metodologia do estudo
Entre 2023 e 2024, a CVM convidou cidadãos cadastrados em sua base de Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) para participarem do experimento. Ao todo, foram recebidas 970 respostas válidas.
Cada participante recebia, de forma aleatória, um estímulo subconsciente (priming) em que ele era levado a pensar em uma aposta ou um investimento regular. Após essa seção, ele era direcionado, de forma indeterminada, para uma de três manipulações (investimento legítimo, aposta ou esquema de pirâmide) e era medido diferentes variáveis, tais como: propensão a investir e proporção do capital próprio direcionado a determinada opção.
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