Imagem da matéria: "Quantidade de transações onchain vale mais do que a cotação", afirma diretor da MetaMask
Daniel Lynch, diretor da Consensys (Foto: Divulgação)

Após quase sete anos trabalhando na SWIFT, plataforma padrão para transferência internacionais de dinheiro, o executivo Daniel Lynch passou a ter uma métrica específica como meta para o mercado cripto: o momento em que a blockchain Ethereum, contando com suas redes de segunda, camada irá ultrapassar o tradicional sistema em número de transações processadas por segundo.

“A última vez que eu chequei, quando trabalhava lá em 2021, eram 540 transações por segundo”, afirma Lynch, agora diretor sênior da Consensys, em entrevista ao Portal do Bitcoin. Após sua longa passagem pela SWIFT, o executivo foi criptonizado, tendo entrado para o time da empresa notória pela criação da MetaMask, carteira cripto mais famosa do mundo.

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A MetaMask anunciou na última semana o lançamento no Brasil seu cartão de débito, que permite que os usuários paguem em qualquer estabelecimento que aceita Mastercard, em uma sistema que faz a conversão automática para quem irá receber.

O Brasil foi um dos escolhidos para a experiência, junto com Estados Unidos, Colômbia, Reino Unido e México. Em seu LinkedIn, Lynch se apresenta como estrategista do MetaMask Card e a dominância de países latino americanos na lista não parece ser coincidência: o executivo morou no Brasil e acumula o cargo de chefe de negócio para América Latina da carteira de criptomoedas.

Em português fluente, Lynch disse que no contexto cripto, o Brasil é o país do futuro e destacou a já famosa alta empolgação do brasileiro em adotar novas tecnologias. “Eu lembro do Orkut!”, relembrou durante a entrevista.

Além de uma certa tendência do brasileiro para abraçar o novo, o ambiente regulatório também foi destacado pelo executivo. “A Lei de Criptomoedas foi sancionada por Bolsonaro e implementada por Lula. Essa consistência é importante”, aponta.

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Leia abaixo a entrevista:

Você afirma que o Brasil é o país do futuro para cripto e um mercado prioritário para a MetaMask. Quais os motivos para esse entusiasmo com o país?

Daniel Lynch: Uma população altamente digital, com a maioria das pessoas com smartphone e ativas, e um grande número de criadores de conteúdo digital, plataformas, eu me lembro do Orkut! Então é uma população altamente educada no quesito digital. E ainda um país com traços demográficos muito jovens e que precisa de serviços como transferência de dinheiro. 

O Brasil tem sido muito elogiado por ter um ambiente regulatório amigável para cripto. O quanto você acha que isso ecoa de fato no uso da tecnologia pela população? 

O que todo país precisa é de não apenas um governo ou um mandato onde exista bom ambiente regulatório e legislação. A maioria dos países não têm o mesmo partido por mais que quatro ou cinco anos. Nos Estados Unidos a última vez foi com Barack Obama e isso já faz quase dez anos. A última vez que tivemos o mesmo presidente do mesmo partido por três mandatos foi em 1991. No Brasil há uma consistência, que passa por governos de diferentes partidos, como Lula, Dilma e Bolsonaro. Por exemplo: a lei de criptomoedas foi sancionada por Bolsonaro, mas implementada por Lula. Esse tipo de consistência é muito importante. 

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A MetaMask é a hot wallet mais famosa do mercado. Mas todos os estudiosos de cripto apontam que esse tipo de armazenamento é perigoso e sujeito a muitos riscos e que a melhor prática é o uso de hardware wallets. Como veem esse dilema? 

Somos obcecados em dar escolha aos usuários. Dentro da MetaMask você pode ter quantas hot wallets quiser. Mas também temos e já faz muito tempo serviços integrados com hardware wallets como Trezor e Ledger e temos planos de continuar nessas colaborações. Além disso, temos um produto para clientes institucionais, como bancos, empresas DAOs, que usa infraestrutura da Fireblocks, BitGo, GK8 e Save. Temos todos os tipos de custódia e essa solução para clientes institucionais em breve estará disponível para todos os clientes. 

Essa mais recente febre das memecoins tem sido peculiar pelo fato de a maioria ser cunhada na rede Solana. A MetaMask se concentrou ao longo do tempo em interações com ambientes de Ethereum Virtual Machine. Como estão vendo essa disputa acirrada entre os projetos? 

Somos fãs de Ethereum, somos crentes do projeto. Mas a MetaMask é multichain. Um dos Snaps de Solana [aplicação criada pela MetaMask para que a carteira tenha usabilidades fora do ambiente Ethereum Virtual Machine] tem mais de 800 mil downloads. 

Sobre a questão da Ethereum em si: acho que as redes de segunda camada tem feito um bom trabalho em avançar a capacidade de fazer aplicações massivas. E as pessoas envolvidas no Ethereum têm feito investimento em pessoas físicas e jurídicas. 

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O mercado cripto vive uma forte alta e todos se perguntam até quando vai durar. Como alguém que vivencia esse setor por dentro, você crê que está próximo o dia que essa volatilidade irá diminuir? 

Como tecnologistas, olho para outras métricas. Para mim, quantidade de transações onchain é mais importante que a cotação de um ativo. Estou esperando com muito entusiasmo o dia que Ethereum e suas redes de segunda camada cheguem ao mesmo número de transações por segundo feitas pelo SWIFT. Isso vai acontecer dentro de dois ou três meses. 

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