O Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) está realizando testes em tempo real sobre como usar Inteligência Artificial (AI, na sigla em inglês) generativa no seu processo de tomada de decisões, de acordo com a Bloomberg.
A inteligência artificial generativa é um tipo de inteligência artificial que pode criar um novo conteúdo, como texto, imagens ou música, usando estímulos. O coronel da Força Aérea, Matthew Strohmeyer, disse que os exercícios militares – que continuarão até o final de julho -, visam determinar o uso da AI na tomada de decisões, bem como sua relação com sensores e poder de fogo.
“Foi altamente bem-sucedido. Foi muito rápido até agora”, disse o coronel Strohmeyer à Bloomberg. “Estamos aprendendo que isso é possível para nós fazermos.”
As ferramentas de AI, conforme Strohmeyer informou ao site, seriam capazes de lidar com uma solicitação que incluísse o processamento de dados em nível secreto e classificado — algo que levaria horas ou dias para ser concluído por humanos — em apenas 10 minutos.
É claro que as Forças Armadas dos Estados Unidos não estão prestes a entregar todo o controle de seu poder de fogo a um chatbot de AI, mas o oficial afirmou à agência de notícias que algum uso a curto prazo é possível.
“Isso não significa que está pronto para o horário nobre agora”, disse Strohmeyer. “Mas fizemos isso ao vivo. Fizemos isso com dados em nível secreto.”
Os testadores militares afirmam que os exercícios pelos quais os modelos de linguagem de IA estão sendo submetidos incluem respostas a uma série de crises globais, como uma invasão chinesa a Taiwan.
Além das ameaças externas, Strohmeyer diz que as Forças Armadas também estão trabalhando com desenvolvedores para testar a confiabilidade da AI devido à sua tendência de “alucinar”.
Alucinações referem-se a casos em que uma AI gera resultados falsos que não são respaldados por dados do mundo real. As alucinações da AI podem ser conteúdos, notícias ou informações falsas sobre pessoas, eventos ou fatos.
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A AI na guerra
Segundo a Bloomberg, o Exército dos Estados Unidos usou uma ferramenta chamada Donovan, desenvolvida pela Scale AI, para determinar o resultado de uma guerra hipotética entre os Estados Unidos e a China por Taiwan.
Em maio, a Scale AI foi escolhida pelo Exército dos Estados Unidos para seu programa de Veículo de Combate Robótico (RCV, na sigla em inglês). De acordo com a agência de notícias, esse teste foi baseado em mais de 60 mil páginas de documentos militares americanos e chineses e informações de fontes abertas.
A IA respondeu que os Estados Unidos precisariam lançar um ataque em larga escala, incluindo forças terrestres, aéreas e navais — mas mesmo assim teria dificuldade em imobilizar rapidamente as forças militares chinesas.
Em junho, o DoD publicou uma lista de empresas premiadas com contratos governamentais lucrativos, incluindo várias que trabalham com inteligência artificial, como AI Signal Research, Booz Allen Hamilton e Lockheed Martin.
A ideia de as Forças Armadas dos Estados Unidos trabalharem com inteligência artificial pode evocar imagens do filme de ação de 1984, “O Exterminador do Futuro“, mais especificamente do Skynet, um sistema de AI criado para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos que lança o mundo em um holocausto nuclear. Outro exemplo cinematográfico é a IA militar Joshua, do thriller tecnológico “Jogos de Guerra” de 1983.
No entanto, o DOD afirma que prioriza considerações éticas e transparência em sua abordagem à inteligência artificial.
“Queremos realizá-los de maneira segura e responsável, mas também de maneira que possa impulsionar a vanguarda e garantir que o departamento tenha acesso às tecnologias emergentes de que precisa para se manter à frente”, disse Michael C. Horowitz, diretor da política de capacidades emergentes do DOD, em julho.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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