O Cientista de Dados e Consultor de Pesquisas de Mercado Matt Ahlborg publicou um estudo nesta semana sobre a popularidade dos meios de pagamentos utilizados na plataforma de comércio com criptomoedas Bitrefill.
Bitrefill é um site de e-commerce de produtos digitais que utiliza apenas criptoativos como meio de pagamento para compra de Vale-Presentes (Gift Cards), Vouchers, Recargas de Celular, Jogos (Gaming) e Viagens. A empresa se descreve como líder do segmento, com mais de 400 mil clientes em todo o mundo.
Um das análises feitas na pesquisa foi sobre o uso de criptomoedas por região geográfica. Olhando para o Brasil, na América Latina, é possível ver uma dominância de cerca de 50% dos pagamentos em BTC — uma porcentagem maior do que a observada em outras regiões do mundo.
Segundo Matt Ahlborg — que estuda o uso utilitário de criptomoeda e outras tecnologias financeiras em mercados informais de países em desenvolvimento —, o Bitcoin (BTC), mesmo mantendo a liderança em número de usuários na Bitrefill, vem perdendo espaço para outros meios de pagamento cripto nos últimos quatro anos.
Ethereum é responsável pelas transações de maior valor financeiro
Os pagamentos em Ether (ETH) possuem o maior ticket médio entre todos os concorrentes. O que significa que, em média, pagamentos em ETH são responsáveis pelos maiores valores das compras na plataforma Bitrefill.
Segundo Matt, isso pode ser explicado pela alta capitalização no ecossistema Ethereum. Não apenas considerando a capitalização de mercado do ETH, mas também todo o ecossistema com ICOs, IDOs, NFTs, DeFi, etc. — que acabam retornando valor para o token base (ether) e, em seguida, para seu uso na plataforma.
O pesquisador afirma que este grande ecossistema funcional é ainda potencializado pela existência de stablecoins como USDT e USDC, baseadas no padrão ERC-20 do Ethereum — o que cria uma economia circular autossustentável, que mantém o capital dentro da rede.
O uso de ether se destaca no hemisfério norte ocidental, com maior uso na América do Norte e Europa.
Altcoins são mais utilizadas que a Lightning Network
O cientista também traça no seu estudo uma comparação sobre o uso da Lightning Network, uma solução de segunda camada do Bitcoin, com outras altcoins que chama de “Legacy Coins” — como Litecoin (LTC), Dogecoin (DOGE) e Dash (DASH).
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Matt Ahlborg aponta um crescimento visível dos pagamentos via Lightning, mas comenta que provavelmente é um crescimento menor do que o esperado por muitos entusiastas da solução de escalabilidade na comunidade do Bitcoin.
Em 2019, por exemplo, o cofundador da carteira de bitcoin BlueWallet, Igor Korsakov, afirmou que a “Lightning Network torna 99,85% de todas as altcoins obsoletas”. Quatro anos depois, os dados encontrados na Bitrefill parecem apontar na direção contrária.
A BlueWallet, inclusive, anunciou em fevereiro deste ano o desligamento de seu serviço custodial de Lightning Network.
Para Matt Ahlborg, a falta de suporte à Lightning pelas exchanges pode ser um fator decisivo na escolha por meios de pagamentos com menor taxa e tempo de confirmação que o BTC. Outra evidência disso é o aumento destes meios de pagamento durante momentos em que as taxas de bitcoin ficam mais altas ou momentos que as transações demoram mais para confirmar.
O cientista trabalha com a hipótese de que investidores de Bitcoin que mantém suas moedas em exchanges, fazem a troca para alguma das “legacy coins” visando economizar em taxas e diminuir os custos operacionais de seus investimentos. Segundo ele, a grande maioria dos pagamentos com as “legacy coins” não é realizado por carteiras autocustodiais, mas sim diretamente de endereços conhecidos de exchanges.
O pesquisador também aponta que estas altcoins se beneficiam de muita liquidez e volume de negociação no mercado à vista, o que as torna interessantes ferramentas de meio de pagamento — com DOGE e LTC ranqueadas na quarta e quinta posição no quesito liquidez, frente a todas as outras criptomoedas.
A dominância das stablecoins
Por último, Ahlbourg cita pagamentos em USDT na rede Tron (TRX) como uma das escolhas favoritas dos usuários da Bitrefill, muito próximos dos pagamentos realizados com intermediação da Binance, através da Binance Pay.
A Binance Pay, inclusive, é o método de pagamento mais popular na América Latina, depois do Bitcoin.
Como conclusão, o pesquisador compartilha da opinião de que soluções mais centralizadas devem sofrer ataques e perder espaço para soluções mais descentralizadas — o que poderia reverter a tendência observada até o momento, possivelmente favorecendo o Bitcoin no longo prazo.
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