A Polícia Civil de Santa Catarina fez uma operação na tarde de quinta-feira (6) contra uma empresa acusada de criar uma pirâmide financeira com uso de criptomoedas que prometia lucros de até 40% aos investidores. O nome da companhia não foi divulgado.
A ação policial, chamada operação Cripto X, foi feita após denúncias de vítimas, que alegaram a perda de milhões de reais após o principal investigado cessar os pagamentos e fechar os escritórios da empresa em Florianópolis.
Os policiais cumpriram 18 mandados de busca e apreensão e confiscaram 15 carros de luxo de sócios da empresa, além de um jet ski, com valor estimado total de R$ 3,5 milhões. Também houve bloqueio de bens das pessoas físicas e jurídicas envolvidas.
Não foi decretado nenhum mandado de prisão, mas a Justiça ordenou medidas cautelares de retenção do passaporte dos investigados, além de proibir que eles operem no mercado financeiro ou em qualquer outra operação de investimento.
No entanto, as medidas podem ter chegado tarde demais: foi constatado que cinco dos acusados já deixaram o país e estão morando em Dubai (Emirados Árabes) e na Flórida (EUA).
Em entrevista coletiva, o delegado Leonardo da Silva, da Delegacia de Defraudações da DEIC, disse que o negócio movimentou R$ 900 milhões ao longo dos últimos três anos e lesou cerca de 7 mil pessoas. Pelo menos 15 desses investidores perderam valores superiores a R$ 1,5 milhão cada um.
Os acusados vão responder por organização criminosa, estelionato e lavagem de capitais. “As investigações agora vão continuar para possibilitar em breve a deflagração das ações penais e civis pertinentes e a responsabilização dos investigados”, destacou o Promotor de Justiça Wilson Paulo Mendonça Neto.
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Clone da GAS Consultoria
Na semana passada, a polícia de Santa Catarina já havia desmontado outro esquema de pirâmide que usava criptomoedas. O caso também foi em Florianópolis e envolveu a empresa RZ Consultoria e seu dono, Raine Miranda Gomes Zanotto.
A Polícia Civil batizou o caso de “Operação Faraó”, fazendo ecos do caso da GAS Consultoria, a pirâmide de Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó do Bitcoin.
Além dos nomes, existiam outras similaridades entre os esquemas. Conforme reportagem do portal G1, a RZ prometia ganhos de 10% ao mês que viriam por meio de aplicações com criptomoedas – um modelo que já está até clássico no Brasil, seguido pela própria GAS por exemplo, além de outras pirâmides como Bitcoin Banco, Rental Coins e Braiscompany.
Nos últimos meses, os pagamentos pararam e os clientes começaram a fazer boletins de ocorrência contra Zanotto, o que deu início às investigações da Polícia Civil.
O dono da companhia foi preso preventivamente no dia 15 de março e no final da semana passada o Ministério Público local (MP-SC) divulgou as acusações penais contra ele: seis crimes de estelionato e um de lavagem de dinheiro.
O Ministério Público fala que Zanotto usava parte do dinheiro para pagar clientes antigos e outra parte era destinava à sua próprias contas, caracterizando a pirâmide financeira, que é um estelionato e está no rol dos crimes contra a economia popular.