O Banco Central do Brasil (Bacen) está empenhado em lançar o Real Digital, uma versão digital da moeda oficial brasileira, com o objetivo de oferecer uma alternativa mais eficiente e segura para as transações financeiras.
A moeda digital será baseada na tecnologia blockchain e, além de melhorar as transações financeiras no Brasil, também tem o potencial de impulsionar a tokenização no país, transformando o mercado financeiro e de capitais.
Tudo isso por apresentar benefícios como liquidez e moeda de liquidação, um mercado 24/7 e maior transparência e segurança. E é sobre isso que resolvi escrever pra vocês hoje!
O que é o Real Digital?
O real digital será literalmente a versão digital do real, a moeda oficial do Brasil.
O objetivo principal do Bacen é fornecer uma alternativa mais eficiente e segura para as transações financeiras, reduzindo custos e aumentando a inclusão financeira.
A moeda digital utilizará a tecnologia blockchain, que é um registro descentralizado e público, permitindo transações confiáveis, seguras e imutáveis. E o real digital poderá ser armazenado e transferido por meio de carteiras virtuais, disponíveis em aplicativos de bancos e fintechs.
O plano é que o real digital seja lançado no primeiro semestre de 2024, em parceria com o setor empresarial e as instituições financeiras, mas o período de teste começará ainda em 2023.
Com a implementação da moeda digital, espera-se uma mudança significativa nas transações financeiras no Brasil, tornando-as mais rápidas, acessíveis e seguras.
Mas vamos ao assunto principal!
Como o Real Digital pode impulsionar a tokenização no Brasil?
Antes de qualquer coisa, eu posso dizer que não tenho dúvidas que o real digital será um propulsor da tokenização no Brasil, como já disse muitas vezes.
Mas vou explicar melhor 3 pontos que me fazem pensar nisso!
Liquidez e moeda de liquidação
A minha afirmação acima tem a ver, principalmente, com o fato de que, tendo uma moeda digital garantida pelo estado, viabilizaremos uma moeda de liquidação para a infraestrutura blockchain que irá transformar o mercado financeiros e de capitais.
Hoje, por exemplo, já é viável criar uma estrutura de FIDC, que é um fundo de investimento em direitos creditórios, totalmente programada em blockchain. É possível replicar e automatizar todas as operações, desde a compra e liquidação de ativos até a posição do fundo e as cotas sênior.
No entanto, é imprescindível contar com uma moeda de liquidação confiável para que o sistema funcione adequadamente. Ou seja, o que está “faltando” é exatamente o que o real digital soluciona.
Eu enxergo que no mercado de capitais, as transações são geralmente realizadas entre ativos e dinheiro.
E é exatamente por essa razão que eu vejo como essencial que a parte “dinheiro” dessa relação também esteja integrada a essa mesma estrutura, para que a eficiência do processo não seja comprometida.
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Para explicar bem claramente o que quero dizer é que, se vamos passar as operações do mercado de capitais para dentro da blockchain, precisamos também que a moeda que movimenta essas operações esteja dentro da blockchain.
E aí entra o fator centralizador, seja para o bem ou para o mal, com o real digital circulando dentro da rede do Bacen.
Mercado 24/7
Além da moeda de liquidação, o real digital vai fortalecer a tokenização, porque, quando os dois estiverem unidos em prol de um projeto único, será possível realizar operações do mercado de capitais (e muitas outras) a qualquer hora de qualquer dia.
Os dias de esperar “o mercado abrir” estão contados! Embora isso não vá acontecer em tão curto prazo.
Além disso, todas as transações acontecerão de maneira online, em tempo real e com uma facilidade de auditoria que apenas a blockchain pode oferecer hoje em dia.
E somado a tudo isso, algo que muitas pessoas ainda não notam é que a liquidação das operações também se tornará 24/7.
Mesmo hoje que temos o Pix, ainda não é possível resgatar o seu dinheiro de venda de títulos ou fundos a qualquer hora do dia, geralmente é necessário inclusive esperar D+1 ou até mais.
E o mesmo vale para fazer os investimentos e comprar cotas de fundos, etc.
Também o uso de intermediários, como bancos e cartões de crédito, pode ser minimizado, aumentando a eficiência e a transparência no sistema financeiro brasileiro.
Uma moeda anti-fraude, corrupção e lavagem de dinheiro
Um outro ponto que, muitas vezes, interessa menos os investidores, mas não o Bacen e outros órgãos reguladores é que o Real Digital poderá contribuir para reduzir a informalidade e a corrupção.
Uma vez que todas as transações serão registradas na blockchain e rastreáveis, volto a repetir que a auditoria de todas as transações e operações se torna muito mais fácil e muito mais transparente.
Nesse quesito, precisaremos entender exatamente quais vão ser as estratégias para que essa visibilidade seja aplicada da melhor maneira não só para o governo, mas para todos os participantes do ecossistema financeiro.
No fim, a introdução do Real Digital no mercado brasileiro tem o potencial de impulsionar a tokenização por garantir uma moeda de liquidação confiável para a infraestrutura blockchain, fortalecer a transparência e a segurança nas transações financeiras e possibilitar um mercado 24/7.
Todas essas e mais mudanças podem aumentar a eficiência e a transparência no sistema financeiro brasileiro, criando um ambiente mais propício para o desenvolvimento de novas oportunidades de investimento.
Sobre o autor
Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Brasil.
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