O Atlético-PR divulgou nesta sexta-feira (29) por meio de uma coletiva de imprensa na Arena da Baixada a parceria com a startup francesa Inoovi LTD, que tem sede em Hong Kong e é detentora do token “IVI”, uma criptomoeda criada especificamente para uso dentro do esporte.
Em um vídeo publicado no site oficial do clube e distribuído em redes sociais, o presidente do Conselho Deliberativo do ‘Furacão’, Mario Celso Petraglia, apresentou o novo parceiro e explicou sobre a nova missão do clube. Ele anunciou a sociedade como uma “inovação no mercado esportivo brasileiro”.
Os benefícios a partir do uso do ‘IVI’ vai depender de como foi feito o contrato, pois ele muda de clube para clube, conforme a estrutura da instituição.
Porém, segundo informações no site da Inoovi, há um leque de vantagens, como assistir a treinos fechados, reunião com os jogadores, sala VIP durante as partidas, artigos autografados pelos atletas, descontos em eventos e compras com descontos nas lojas parceiras.
“O Atlético paranaense, dentro da sua cultura e filosofia de inovação e vanguarda fica lisonjeado por esta alternativa [oportunidade] que nos foi dada, de sermos escolhidos dentre os maiores clubes do mundo”, disse o presidente do rubro-negro.
Petraglia pediu serenidade e paciência para todos, ressaltando que o mercado de criptomoedas ainda é um assunto muito complexo e nem todo mundo ainda tem facilidade no entendimento de como ele funciona.
“As criptomoedas se valorizaram e nós não temos nenhuma dúvida sobre isso. Eu, particularmente, farei parte da compra desta moeda como investimento para as minhas poupanças [finanças] pessoais e recomendo a todos”, disse o presidente do Furacão.
O que diz o contrato
De acordo com o contrato firmado entre as partes, o clube tem 12 meses de carência para começar então a usar a criptomoeda.
Durante esse período ele terá a responsabilidade de promover a empresa e a criptomoeda por meio de inserção nos uniformes do clube, no site e incentivar o uso pelos atletas, diretoria, conselheiros e torcedores.
Essas atribuições são a contrapartida do clube que consta no contrato, que não tem prazo determinado para encerrar.
Após o prazo de um ano, o clube, como empresa, tem o compromisso de utilizar a criptomoeda nos negócios financeiros, como pagamento de salários, direitos econômicos e luvas (valor de adiantamento por um contrato).
Questionado se o clube vai receber algum dinheiro pela parceria, Petraglia disse que sim, mas não muito, apenas para ajudar o clube a iniciar uma campanha promocional do projeto.
Riscos
Um jornalista provocou o presidente se o clube correria algum risco financeiro e se após a compra dos tokens, qual seria o prazo que os investidores teriam para reverter a compra em reais, o que não condiz com o mercado de criptomoedas.
Quando se compra um criptoativo a transação é irreversível, porém o investidor pode aplicá-lo numa corretora que o aceite e daí sim convertê-lo na moeda fiat desejada. Mesmo assim, o executivo do clube o respondeu.
“Risco em negócios existe sempre. Nós examinamos e da forma que nos ofereceram, o risco [para o clube] é nulo. Todos têm uma condição prévia de se envolver ou não num negócio. Quanto ao prazo, isto é como uma bolsa de valores, eu vou comprar e investir. No momento em que eu entender que devo vender eu vou vender. E ela [a criptomoeda] poderá estar acima ou abaixo do valor que eu paguei. É bolsa, quando a gente acha que o Euro vai subir a gente compra, e quando a gente acha que vai cair a gente vende, ou como o dólar”, respondeu Petraglia.
Lucratividade
Outro jornalista perguntou sobre lucratividade. Petraglia disse que pretendia o suficiente para transformar o clube. Ele também lembrou que desde quando chegou na agremiação (1994) o Atlético-PR já cresceu [em dólar] mais de 50 vezes. E é essa a proposta de lucratividade, “tornar a instituição maior”.
O CEO e presidente da Inoovi, Loic Lacam, que estava presente para assinar a parceria, apenas seguiu o protocolo.
“A IVI apoiará na transição para um novo modo de operação dentro de uma organização que envolve diretamente os fãs que apoiam os jogadores”, disse Lacam.
Lançada há quatro meses, a IVI passou de € 0,10 para € 1,00 (cerca de R$ 4,50) e a tendência, segundo o advogado da Inoovi, Marcelo Amoretty, é que ela cresça ainda mais porque agora os clubes estão ajudando a promovê-la.
Corinthians
Amoretty disse que os primeiros clubes brasileiros a fecharem parceria com a Inoovi foram Atlético-PR e Corinthians.
Ele também citou alguns clubes europeus que estão em fase de negociação, como os turcos Besiktas, Fenerbahce e Galatasaray, o ucraniano Shakhtar Donetsk que recentemente aderiu ao projeto e também grandes clubes da China e da Europa que, segundo ele, só os maiores clubes são procurados.
No momento final da frase de Amoretty o dirigente do Furacão brincou: “É negócio pra gente grande”, recebendo risos dos jornalistas presentes.
No site da startup tem a informação de que o Sport Club Corinthians Paulista, do Brasil, está engajado na ‘IVI’ e já adquiriu uma enorme quantia, mas não dá maiores detalhes.
Um usuário que promovia o token no fórum do Stake, inscrito como ‘Cazkys’, anotava no início deste mês que o clube paulista havia comprado 200 milhões de unidades da ‘IVI’. O mesmo aconteceu no fórum do Bitcointalk com um usuário homônimo da Inoovi.
Clubes pioneiros nas criptomoedas
No início do ano, duas equipes de futebol bem distintas se envolveram na esfera das criptomoedas, o Arsenal Football Club da Inglaterra e o paulista Clube Atlético Bragantino.
O Arsenal assinou um acordo de patrocínio com a CashBet Coin. A CashBet é uma empresa de jogos on-line da Califórnia (EUA).
O acordo vai proporcionar publicidade no estádio nos jogos da liga inglesa. A Premier League possui um “alcance” global de mais de 600 milhões de residências.
Já o Bragantino, no mesmo período entrou em campo com um novo patrocinador estampado em seu uniforme, a Nação Trader, empresa detentora da criptomoeda Martexcoin.
Isto foi consequência da ação tomada pelo clube no início do ano quando começaram a aceitar pagamentos de patrocínios em criptomoedas.
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