Imagem da matéria: Preço do Bitcoin chega a US$ 37 mil na Nigéria; entenda o porquê
Bitcoin é vendido com sobrepreço de 63% na Nigéria (Foto: Shutterstock)

A cotação do Bitcoin nesta segunda-feira (30) é de US$23.125 segundo o indexador de preços Coingecko. Porém, na Nigéria, o preço da criptomoeda é muito mais alto: US$ 37.885, conforme cotação da corretora local NairaEx. Esse sobrepreço de 63% no país africano tem chamado a atenção no mercado cripto global.

O sobrepreço local do Bitcoin está relacionado com uma política adotada pelo Banco Central nigeriano em dezembro do ano passado de passar a limitar os saques de dinheiro em espécie da moeda local, a Naira, em uma tentativa de fazer o país adotar cada vez mais a moeda em formas digitais, inclusive CBDCs como a própria eNaira.

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A eNaira foi lançado em outubro de 2021, mas acredita-se que menos de 0,5% dos nigerianos estejam utilizando a CBDC. O número é bem pequeno se comparado com as estimativas de residentes que detêm ou negociam criptomoedas, que variam de 27% a mais de 50%.

A medida do BC local significa que os nigerianos podem sacar de caixas eletrônicos apenas 20 mil nairas, o que equivale a US$ 43. Pessoas físicas podem retirar um máximo de 100 mil nairas (US$ 217) por semana e empresas tem um limite semanal de 500 mil nairas (US$ 1085).

Segundo especialistas, isso gera um aumento na demanda por alternativas, como o dólar e as criptomoedas – e a consequente elevação de preço.

Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Alexandre Vasarhelyi, gestor de porfólio da BLP Crypto, explica que o motivo da alta do Bitcoin na Nigéria pode ser consequência exatamente da busca por meios de acessar ativos que não fiquem sujeitos ao novo regime.

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“No Brasil, em 2017, o Bitcoin estava acima do preço internacional, porque quando tem uma demanda muito grande por uma moeda que não a do país, como é o caso da Nigéria, você acaba tendo no Bitcoin uma válvula de escape. Porque ele é 100% conversível, não tem nenhum órgão regulador que impede de comprar” diz ele.

“Então imagina que você está na Nigéria e quer comprar uma moeda para fugir da moeda local, o governo não te deixar comprar e você vai lá e compra Bitcoin”, completa.

O analista de criptomoedas e trader Marcel Pechman também aponta para a questão do câmbio, apontando que restrições ou taxações à moeda americana podem levar às flutuações de preço que afetam o valor local do BTC.

O alto preço do Bitcoin no país também gerou posts nas redes sociais tentando entender o fenômeno, como o do usuário do Twitter Luke Broyles:

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Bitcoin na Nigéria

A Nigéria tem se colocado como um dos principais expoentes da utilização em massa do Bitcoin e das stablecoins. Muitos nigerianos trocam a moeda digital no mercado de pessoa para pessoa (peer-to-peer, P2P na sigla em inglês), onde as transações são precificadas em dólares, por conta dos bancos locais serem proibidos de intermediar valores relacionados a criptomoedas.

A tendência de uso crescente dos criptoativos na Nigéria também acompanha as dificuldades econômicas do país.

Nos últimos anos, a alta desenfreada da inflação elevou o BTC a um outro patamar no país africano, que passou a contar com mais empresas do setor de criptomoedas, como as exchanges p2p LocalBitcoins e Paxful, além de aplicativos de carteiras para celular.

O pico foi em 2020, quando a Nigéria ocupou, entre os 154 países estudados, o 8º lugar em termos de adoção de criptomoedas, de acordo com um relatório da Chainalysis.

O jornal The Guardian destacou o crescimento desenfreado na adoção do bitcoin no país africano, “alimentado pela repressão política, controles de moeda e inflação galopante”.

Desde então, os nigerianos continuaram correndo para comprar BTC. Afinal, a economia do país ainda colapsa por causa da inflação e da deterioração econômica global.

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A expectativa dos analistas econômicos e do FMI é que a taxa de inflação do país em 2023 fiquem entre 19% e 17%.

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