Imagem da matéria: Hedera Hashgraph tem patente liberada: entenda os prós e contras na comparação com as blockchains | Opinião
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Não é novidade que a tecnologia blockchain ganhou muita atenção nos últimos anos, surgindo como uma arquitetura inovadora para computação em rede. Ela permite a realização de tarefas digitais de forma descentralizada, segura e barata, tornando possíveis, inclusive, operações com moedas digitais independentes.

Assim surgiram inúmeros formatos de criptomoedas e aplicativos descentralizados (dApps) em blockchains, bem como vários modelos diferentes de blockchain, cada um com suas particularidades. No entanto, já existem alternativas estruturais também para as blockchains: são tecnologias de livro razão distribuído diferentes, conhecidas como DLTs (Distributed Ledger Technologies).

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DLTs costumam prometer as mesmas propriedades entregues pelas blockchains, como descentralização e suporte a contratos inteligentes, mas com ainda mais segurança, velocidade, eficiência e paridade. É o que propõe a Hedera Hashgraph, uma DLT que vem se destacando como “a nova tecnologia que irá substituir as blockchains”.

Neste artigo, veremos quais são as características da Hedera Hashgraph, suas semelhanças e diferenças com as blockchains, como foi a recente venda de sua patente e como segue a sua moeda nativa, o HBAR.

O que é a Hedera Hashgraph?

A plataforma Hedera Hashgraph foi lançada em 2017 e é a única no mundo a utilizar o mecanismo de consenso “hashgraph”. Ela pertence à empresa Hedera, fundada pelo cientista da computação americano Leemon Baird e seu sócio Mance Harmon. A sede fica em Dallas, nos EUA.

Hashgraph é uma tecnologia de livro razão distribuído (DLT). Essa tecnologia foi inventada ainda em 2010 pelo próprio Leemon Baird e patenteada por sua empresa Swirlds.

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A Hedera pertence e é administrada por um conselho de diretores de várias empresas globais, incluindo Google, Boeing, IBM, Deutsche Telekom, LG, Tata Communications, Électricité de France, FIS, University College London, Ubisoft, e muitas outras. Em janeiro de 2022, o conselho diretor votou pela compra do direito da patente da Swirlds para que o projeto pudesse ser transformado em software livre e código aberto (Licença Apache 2.0). Essa transição permitiria aumentar a participação da comunidade, a descentralização e crescimento do projeto e o desenvolvimento da tecnologia. Ela teve efeito oficialmente em 5 de agosto de 2022.

A criptomoeda HBAR

O token de governança da Hedera Hashgraph é a criptomoeda HBAR, negociada na data atual a US$ 0,0666. O preço se encontra cerca de 87% abaixo da máxima histórica de US$ 0,505302, de setembro de 2021. A volatilidade do HBAR acompanha os movimentos do Bitcoin, como é comum entre as criptomoedas. A capitalização de mercado é de US$ 1,53 bilhões.

Quais as semelhanças e diferenças entre Hedera Hashgraph e blockchains?

Tanto blockchains quanto a Hedera Hashgraph são DLTs, tecnologias de livro razão distribuído. Em suma, uma DLT é uma rede P2P de computadores que se intercomunicam a fim de atingirem um consenso. Cada nó dessa rede armazena uma cópia inteira e imutável do livro razão.

A mais popular das DLTs é a blockchain, a tecnologia que sustenta as maiores criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum, bem como uma infinidade de outras moedas e redes públicas e privadas. Inicialmente, com a criação do Bitcoin, o objetivo das blockchains era registrar transações financeiras. Em seguida, surgiram alternativas capazes de registrar grandes volumes de dados e rodar aplicativos inteiros, como é o caso do Ethereum, Cardano, Solana, etc.

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O hashgraph é um mecanismo de consenso diferente, utilizado na rede Hedera Hashgraph. Ele armazena dados através de grafos acíclicos dirigidos, e atinge o consenso por votação virtual e “fofoca sobre fofoca”. Isso faz com que menos dados precisem circular a cada transação, o que resulta em velocidades de até 500.000 transações por segundo. Comparativamente, a blockchain Ethereum 2.0 almeja alcançar 100.000 transações por segundo, e o Bitcoin é capaz de registrar apenas 7 por segundo.

O hashgraph é programado em Java e Lisp. Enquanto as blockchains se valem de criptografia e da arquitetura em blocos lineares para garantir que os dados sejam seguros e somente leitura, o hashgraph usa Tolerância a Falhas Bizantinas Assíncronas (aBFT). Ambas as configurações são seguras, mas a do hashgraph não permite mineração de criptomoedas, tirando o poder de seletividade dos nós validadores e distribuindo-o aleatoriamente entre todos os nós. Apesar da promessa de maior paridade, esse conceito é explicado de forma vaga no whitepaper da rede.

Conclusão

A perspectiva adotada pela Hedera Hashgraph para a realização de operações em livro razão distribuído é bastante diferente da usada por blockchains. Ela traz algumas soluções de design e arquitetura mais simples e eficientes para problemas já conhecidos das blockchains que surgiram anteriormente. Como resultado, a Hedera Hashgraph atinge velocidades muito altas sem o comprometimento da segurança.

Contudo, existem críticas quanto à efetividade da descentralização da rede, que é controlada por um grupo de empresas. Procurando diminuir esse entrave, o conselho diretor da Hedera liberou o uso e o código do hashgraph em agosto deste ano. Apesar de a moeda de governança, o HBAR, seguir em queda forte há vários meses, muitos investidores permanecem otimistas quanto ao futuro do projeto e à superioridade de seu design diante das blockchains clássicas.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Naturalizado Brasileiro. Atua como Business Development Manager Brasil na Kucoin.

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