Imagem da matéria: Ripple lança "PIX" que usa criptomoedas para fazer remessas internacionais; CEO diz que sistema é forma de enfrentar inflação
Brad Garlinghouse, CEO da Ripple (Foto: Divulgação)

A Ripple lança no Brasil nesta quinta-feira (18) o seu sistema de envio e recebimento de dinheiro entre países. Por meio de um sistema chamado On Demand Liquidity (ODL), a empresa busca desburocratizar e principalmente acelarar as remessas internacionais.

Aqui no Brasil, a operação será feita em parceria com a Travelex, instituição homologada pelo Banco Central.

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Atualmente, pelo SWIFT, sistema internacional que conecta os bancos, uma transação pode demorar de três a cinco dias para que dinheiro finalmente fique disponível ao cliente final. Pelo ODL, a Ripple promete que isso será feito em 3 a 5 minutos e, em um futuro próximo, em segundos.

O sistema ODL já está presente em 20 países ao redor do mundo. Sua operação é pegar fiat em uma ponta, comprar XRP e mover para uma exchange; daí fazer o caminho inverso, comprar a fiat do outro país com o XRP e enviar para o destino final.

Nesse primeiro momento as conversões cripto serão feitas pela corretora mexicana Bitso, que irá enviar o dinheiro para o Brasil pela Travelex e essa companhia poderá fazer um PIX para a conta do destinatário final em bancos de varejo tradicionais.

“Mas esse será um processo invisível para o consumidor final”, afirma Brad Garlinghouse, CEO da Ripple que conversou com o Portal do Bitcoin sobre o lançamento do ODL no Brasil.

A grande aposta da empresa é a simplicidade e rapidez: alguém mandar uma quanrtidade de dólares dos Estados Unidos para o Brasil e em pouco minutos cai em reais na conta do brasileiro – sendo que por trás, de forma inivisível, há toda uma engenharia envolvendo compra a venda de token XRP.

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Os custos de impostos como IOF e outras taxas será o mesmo pelo ODL como é pelo sistema tradiconal. A promessa é a rapidez exponencialmente maior. A Travelex é o primeiro banco registrado e homologado pelo Banco Central do Brasil a operar exclusivamente no câmbio.

A Ripple afirma que assim que a Lei das Criptomoedas do Brasil for aprovada, irá buscar trabalhar com uma corretora regulada e fazer as conversões cripto aqui. Mais de 90% dos clientes da companhia são de fora dos Estados Unidos e América Latina é parte de uma grande fatia desse bolo.

Veja abaixo a entrevista:

O que é a On Demand Liquidity, que é a grande aposta de vocês nesse projeto?

Brad Garlinghouse: Hoje, se eu sou um banco ou um meio de pagamento, eu pré-financio uma conta no exterior e aí eu envio ordens pelo sistema SWIFT, que é lento, caro. Essa ordens geram um débito ou um crédito nessa conta pré-financiada. Essa conta pré-financiada significa que eu tenho um capital preso num local. Em um cenário de inflação, você não quer ter um capital preso. O que a ODL faz é você não precisar pré-financiar. Em vez disso, você pode usar XRP para, literalmente em segundos, mover liquidez de um lado para o outro.

Porque isso é diferente de eu ter uma wallet, você também , e nós simplesmente mandamos os tokens um para o outro?

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Brad Garlinghouse: Se você tem a astúcia técnica para fazer, tanto a pessoa que envia e quem recebe, certamente você pode fazer isso. Mas 99% das pessoas que fazem remessas para o Brasil não tem uma carteira de criptomoedas e são 780 bilhões de dólares entrando no Brasil por remessas todo ano. Essas pessoas não são proeficientes com essa tecnologia e usam métodos tradicionais.

Algumas empresas estão tentando ir por esse caminho de ir direto para uma transação puramente cripto, e eu aplaudo isso. Nós olhamos para o cenário e entendemos que para ter o maior impacto no maior múmero de pessoas, o caminho é por meio das empresas que já estão em contato com esses consumidores. E nesse contexto você deixa invisível para o consumidor esse processo todo e conversão fiat para cripto e o inverso.

Como é trabalhar com as entidades tradicionais do sistema bancário?

Brad Garlinghouse: A Ripple foi bastante criticada, pois existia uma mentalidade de “vamos acabar com o bancos”. E a Ripple desde o começo quis trabalhar com o bancos e entendeu que esse seria o meio de causar o maior impacto nas pessoas. E a blockchain da XRP, comparada com outras, especialmente as que usam Proof of Work, é muito mais rápida e barata.

O sistema irá servir para grandes empresas e grandes quantias de dinheiro?

Brad Garlinghouse: Com certeza. As pessoas e empresas de pequeno e médio porte podem usar esse sistema de remessas internacionais, movimentações internas de capital, transferência internacional de capital e importação e exportação. Em um cenário de inflação alta, você não quer deixar capital dormente em um país com inflação alta.

Essa faceta voltada para empresas será o principal negócio dessa plataforma?

Brad Garlinghouse: Acho que será uma mistura do uso de empresas e pessoas físicas. Nós vemos cada vez mais pequenas e médias empresas lidando com seu capital e tentando saber a melhor maneira de movimentar esse dinheiro. E hoje eles lidam com o SWIFT.

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Como vê o atual inverno cripto?

Brad Garlinghouse: Esse é o terceiro ciclo que pego desde que entrei na Ripple e percebi que quando tem um produto que não está claro qual a utilidade, qual problema está solucionando, eles são varridos. E eu acho que isso é saudável para o mercado. A Ripple saiu das últimas duas quedas do mercado mais forte. Se você está focado em resolver um problema real e desenvolver uma utilidade, o que acontece no mercado cripto acaba se tornando apenas um ruído distante. Eu sempre encorajo nossos funcionários a pensarem em longo termo e em como será esse mercado em cinco, dez e quinze anos.

Os bitcoin maximalistas pregam que um dia o BTC será o meio de pagamento final e uma reserva contra a inflação. Mas no momento não é nem um e nem outro. Como vê isso?

Brad Garlinghouse: Eu acho que a comunidade de maximalistas Bitcoin está fazendo um desserviço para o restante de cripto. Porque eles estão tão focados que terá apenas um vencedor, e eu penso que a gente já superou esse ponto. O mercado é grande e tem atividades interessantes o suficiente. Quando a internet estava se desenvolvendo ninguém pensou que teria uma empresa só que fosse dominar tudo. Vai ter diferentes utilidade para diferentes usuários e com muitas diferenças entre os países e isso acontecer com cripto também.

A Binance tem um token importante como o BNB e é uma exchange. A Ripple criou uma blockchain que tem um token que é a sexta maior criptomoeda em valor de mercado, o XRP. Mas vocês não são uma corretora. Como você definiria a empresa?

Brad Garlinghouse: Somos uma empresa de empreendimentos e atualmente estamos vendendo empreendimentos de tecnologias de blockchain para empresas. Hoje estamos fazendo isso com bancos e instituições financeiras. E o XRP não é nosso token. Ele é open source, qualquer um pode contribuir e criar aplicações e estão surgindo centenas, envolvenos NFTs e diversas outra coisas. A diferença é que temos muita quantidade dele. Surgem coisas muito interessantes que só descobrimos depois , como um sistema de registro de propriedade na Colômbia que está sendo feito na nossa blockchain.

Como está a regulação do mercado de criptomoedas nos Estados Unidos?

Brad Garlinghouse: O Departamento do Tesouro dos Estadoa Unidos diz que a XRP, por exemplo, é uma moeda. Mas a SEC descreve um valor mobiliário. Então dentro do governo não há um consenso. Existem projetos de lei tanto no Senado e no Congresso.

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No Congresso se chama Digital Commoditie Exchange. Infelizmente essas coisas andam devagar, como aqui no Brasil imagino. Não acho que vamos ver alguma votação entre 6 a 9 meses.

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