Apesar de quase toda a comunidade à volta da criptomoeda, mais precisamente o Bitcoin, estar preocupada e desiludida com a evolução do preço, pessoalmente falando, esse fator não me preocupa muito; isto porque acredito que o valor do Bitcoin, neste momento, não representa a realidade tecnológica.
Não podemos esquecer que balanços distribuídos aliados de incentivos econômicos e teoria dos jogos aplicada, foram criados há menos de 10 anos atrás. Será o preço, realmente, o atributo mais importante e decisivo para a criptomoeda em geral?
**este artigo expressa apenas a minha opinião pessoal. Não serve, em qualquer circusntância, de aconselhamento financeiro. Cada um é sempre responsável pelo seu dinheiro.
Atualmente a valorização total do mercado ronda os US$ 270,000,000,000, um valor que deixa algo a desejar quando comparado com o mesmo em janeiro, onde atingiu o valor recorde de US$ 800,000,000,000. Isto significa que o mercado perdeu cerca de 75% do seu valor. É também importante referir que durante o mesmo período o Bitcoin perdeu cerca de 40% da sua dominância, passando de cerca de 84% do valor total do mercado para apenas 45%.
A conclusão que podemos retirar é simples: grande parte das pessoas investem sempre na hora errada. Quando há um hype na imprensa acerca do preço (quer positivo ou negativo) o volume acompanha esta tendência. Ou seja, existe muito dumb-money a entrar no mercado e muito smart-money a saír do mercado. A correlação entre o valor da Bitcoin e o número de hits no Google serve, talvez, como prova disso.
Reparem bem nos dois gráficos em cima e confirmem o paralelismo entre volume, preço e hype.
O que me leva a não olhar para o preço constantemente são dois factores bastante simples.
- Há uma defasagem enorme entre preço e tecnologia: em dezembro 2017, durante o início da corrida ao Bitcoin devido ao elevado número de usuários, as transações estavam muito caras e não existia motivo algum (falando de alterações à tecnologia blockchain), que justificasse este incremento de preço. Muito pelo contrário, visto que a tecnologia Segwit ainda não tinha sido adotada por muitos mineradores, e a Lightning Network ainda estava nos seus primeiros testes, o que faria sentido seria talvez uma queda ou movimento horizontal do preço.
- Devido à enorme manipulação que começa a acontecer, especialmente no mercado de futuros com a entrada de investidores institucionais, torna-se difícil acreditar que todo este ciclo não se irá repetir. Isto é, quem é uma vez ganancioso muito provavelmente voltará a sê-lo. Existem alguns indicadores que mostram o preço do Bitcoin a cair precisamente na altura em que os contratos de futuros expiram. Acham que os investidores tinham apostado num aumento ou queda do preço?
Na próxima parte irei discutir os diferentes tipos de tokens, o seu propósito e a importância da regulamentação (ou falta dela) na distribuição de poder. Por agora foquemo-nos em algo relativamente simples: a descentralização do poder.
Já alguma vez leram que Dinheiro = Poder?
Quem pode criar moeda? Governos e bancos centrais. E o que acontece quando uma elite toma a rédea do controle financeiro? Se seguem alguns dos meus artigos, também sabem qual é a minha posição relativamente a esta matéria: todos os que têm poder, têm medo de o perder.
A criptomoeda, nomeadamente o Bitcoin, foi muito provavelmente o primeiro sistema de criação de dinheiro verdadeiramente descentralizado. Isto significa que nenhum governo ou banco central pode criar bitcoin. Aliás, até o poderão fazer, bastando para isso minerar! Mas esse controlo é distribuído por todos os agentes participantes:
- Os developers são quem cria as leis (o código);
- Os mineradores são quem promove as leis (ao aceitarem o código);
- Os utilizadores são quem decide se as leis são certas ou não (ao utilizar bitcoin);
Neste modelo não existe a hipótese de uma parte subjugar as outras, porque basta que uma delas abandone o sistema para que ele deixe de funcionar. Isto não é um bug, é mesmo uma solução para o problema da centralização.