O bilionário Elon Musk pode desistir do acordo de adquirir o Twitter por US$ 44 bilhões se a empresa não fornecer os dados que ele deseja sobre contas falsas na plataforma.
Em carta enviada ao diretor jurídico do Twitter, Vijaya Gadde, o advogado que representa Elon Musk disse que o empresário tem direito de receber os dados solicitados para que possa avaliar o financiamento do negócio.
Segundo o The Wall Street Journal, a carta informa que a não entrega desses dados representa uma “clara violação material” das obrigações do Twitter no acordo.
“O Sr. Musk não é obrigado a explicar sua razão para solicitar os dados, nem se submeter às novas condições que a empresa tentou impor ao seu direito contratual ao pedido”, escreveu a defesa do bilionário no documento.
“Neste ponto, Musk acredita que o Twitter está se recusando de forma transparente a cumprir suas obrigações. […] Por isso, Sr. Musk se reserva todos os direitos resultantes, incluindo o seu direito de não consumar a transação e seu direito de rescindir o acordo de fusão”, finaliza a carta.
De acordo com o documento, o Twitter chegou a responder o pedido do empresário no dia 1º de junho, mas os dados fornecidos foram considerados insatisfatórios pela equipe do empresário e não atenderam os pedidos de Musk.
Embora o processo de aquisição do Twitter esteja sendo conturbado desde que veio a público, essa foi a primeira vez que Musk ameaçou, por escrito e por meio de seu advogado, desistir do acordo.
O clima de incerteza que se formou no mercado com a nova carta de Elon Musk, refletiu de forma negativa nas ações do Twitter (TWTR), que caíram 5,5% nesta segunda-feira (6), negociadas atualmente por volta de US$ 38,13.
A briga pelos dados do Twitter
O embate entre a empresa e o bilionário sobre a entrega dos dados já se estende desde meados de maio, quando Musk tuitou que o acordo poderia não se concretizar caso a rede social não fornecesse informações sobre quantas contas falsas existem na plataforma.
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Elon Musk afirma que 20% de todas as contas que existem hoje no Twitter são falsas, uma porcentagem quatro vezes maior do que os 5% que o CEO da empresa, Parag Agrawal, alega existir.
“Minha oferta [de compra do Twitter] foi baseada na precisão dos documentos do Twitter enviados à SEC. Ontem, o CEO do Twitter publicamente se negou a comprovar [que existem] menos de 5% [de contas falsas/de spam]. Esse acordo não pode avançar até que ele comprove”, escreveu Musk no dia 17 de maio.
Na ocasião, o CEO do Twitter escreveu que a empresa havia compartilhado informações com o Sr. Musk sobre como calcula os números de bots, e foi respondido por Musk com um emoji de cocô.
A carta formal enviada à equipe jurídica do Twitter nesta semana parece ser o ultimato final de Elon Musk para que os dados que deseja sejam entregues.
Os planos de Musk para adquirir o Twitter
Elon Musk havia revelado seu interesse em comprar o Twitter e tornar a empresa privada em abril deste ano. Em 25 de abril, o conselho do Twitter aceitou a oferta de aquisição de US$ 44 bilhões do bilionário, em que a corretora Binance e diversos outros investidores fizeram aportes para apoiar a aquisição.
Parte dos planos de Musk para o Twitter incluem tornar aberto o código da plataforma de rede social, apresentar um botão de edição a tuítes e combater robôs de spam e contas falsas que promovem falsos sorteios de criptomoedas.
Musk também sugeriu a ideia de acrescentar a popular criptomoeda de meme dogecoin (DOGE) como uma opção de pagamento para usuários do serviço de assinatura premium Twitter Blue e sugeriu que, caso avance com a aquisição, o Twitter pode se tornar um “superaplicativo”, similar ao WeChat da China, ao incorporar pagamentos.
Caso ele se torne dono do Twitter, tuitou, “seria voltado para 80% da população, então a extrema esquerda e a extrema direita provavelmente ficariam insatisfeitas”.