Imagem da matéria: Problema na Beacon Chain ameaça grande mudança programada na rede Ethereum
(Foto: Shutterstock)

A Beacon Chain, rede que será fundamental para a fusão do Ethereum, prevista ainda para este ano, passou por um possível risco elevado de segurança conhecido como “reorganização” de blockchain na quarta-feira (25).

Uma reorganização ou “reorg” pode acontecer tanto por meio de uma falha na rede, como um bug ou por meio de ataque hacker nocivo, temporariamente resultando em uma versão duplicada de uma blockchain. Quanto mais tempo uma reorg durar, mais sérias são as consequências.

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A reorg da Beacon Chain durou sete blocos — a maior reorg em anos, segundo Martin Köppelmann, CEO e cofundador da Gnosis, fornecedora de serviços de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês).

O receio de que a rede possa ter sido comprometida ou exiba falhas – atrasando o futuro processo de fusão do Ethereum – pode ter chegado ao preço da moeda. Nesta quinta, o token ETH registra queda de 9,5%, sendo negociado a US$ 1,785.

A Beacon Chain, lançada em 1º de dezembro de 2020, iniciou o staking nativo à blockchain do Ethereum. Staking, processo que envolve a alocação de ativos a uma rede, é a forma como validadores se tornam elegíveis a acrescentar blocos à blockchain, um grande princípio do modelo de consenso proof of stake (ou PoS).

A Fusão do Ethereum, anteriormente conhecida como “Ethereum 2.0”, é uma atualização significativa e muito aguardada à atual rede e irá marcar a transição do proof of work (ou PoW) para o proof of stake. A fusão, prevista para agosto, irá combinar a Beacon Chain com a rede principal do Ethereum. Isso significa que problemas na Beacon Chain podem atrasar a fusão.

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Trabalho pela frente

Köppelmann falou sobre a reorganização da Ethereum em seu Twitter, afirmando que é uma evidência de que exista mais trabalho a ser feito antes da fusão.

“Isso mostra que a atual estratégia de comprovação de nós deve ser reconsiderada para, possivelmente, resultar em uma blockchain mais estável”, tuitou.

Uma reorg acontece quando dois diferentes mineradores começam a trabalhar no acréscimo de blocos de transações com uma dificuldade similar à blockchain ao mesmo tempo. Isso cria uma bifurcação — ou uma versão duplicada da blockchain.

Um minerador que acrescentar o próximo bloco precisa escolher qual lado da bifurcação é a blockchain correta ou canônica. Quando isso for feito, a outra blockchain é desconsiderada.

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Uma reorg de sete blocos significa que a bifurcação que foi desconsiderada tinha sete blocos de transações antes de a rede decidir que não era a blockchain canônica. Cada bloco na blockchain do Ethereum contém entre 200 e 300 transações e possui um valor de 2 ETH (ou cerca de US$ 3,6 mil), de acordo com o explorador de blocos Etherscan.

Quando existem duas versões concorrentes de uma blockchain, mesmo que por um momento, existe o risco de que alguém possa usar os mesmos ativos duas vezes.

Quando isso é feito de forma nociva, como no ataque à carteira Zengo em 2020, é conhecido como um ataque de gasto duplo.

Nesse ataque, fraudadores enviam uma transação com uma taxa mínima e, na sequência, imediatamente a substituem ao aumentar a taxa (então mineradores serão incentivados a verificar a nova transação mais rentável primeiro) e redirecionar fundos para um endereço diferente.

Porém, neste caso, o motivo da reorg e o potencial de gastos duplos parecem ter sido benignos.

O software que mineradores usam tem um método para determinar qual lado da bifurcação escolher — essa é a estratégia de comprovação à qual Köppelmann se referia.

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Os tuítes de Köppelmann chamaram a atenção de alguns desenvolvedores do Ethereum. O próprio fundador Vitalik Buterin entrou na conversa para fomentar uma teoria de que o problema havia sido causado por mineradores que estavam executando versões desatualizadas do software de mineração.

Foi uma resposta oportuna.

Em 2021, Buterin e Georgios Konstantopoulos, diretor de tecnologia da Paradigm, abordaram a questão das reorgs em uma publicação, alegando uma reorg de mais de cinco blocos seria o sinal de um ataque nocivo.

Explicaram que curtas reorgs, de um e dois blocos, acontecem todo o tempo por conta da latência da rede.

“Às vezes, a má sorte resulta em reorgs de dois a cinco blocos”, afirmaram Buterin e Konstantopoulos. “Reorgs maiores que essa são sempre por conta de uma extrema falha na rede, bugs de clientes ou ataques maliciosos”.

Porém, conforme explicado pelo desenvolvedor Terrence Tsao em uma série de tuítes, a reorg de quarta-feira, apesar de ter durado o suficiente para gerar muita preocupação, pode ter apenas sido outro caso de má sorte.

andre franco

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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