O Bitcoin (BTC) entrou em queda livre no final da manhã desta quinta-feira (5), caindo de US$ 39.500 para uma mínima no dia de US$ 36.770 em poucas horas, segundo o CoinGecko.
A queda da criptomoeda mais popular do mundo teve início às 11h, quando ainda era negociada acima da barreira dos US$ 39 mil. Nos minutos seguintes, os gráficos começaram a cair e por volta de 12h30, o bitcoin bateu uma mínima no dia de US$ 36.770 – uma queda de mais de 4% em cerca de hora.
No momento da redação deste texto, às 13h15, o bitcoin tenta se distanciar do nível de US$ 36 mil, sendo negociado por volta de US$ 37.050 no par em USDT na Binance.
Apesar da queda abrupta, o Bitcoin está longe de sua pior cotação em 2022. O BTC chegou a valer US$ 33.100 na última semana do mês de janeiro.
Mercados tradicionais em queda
O cenário de queda também é visto nos mercados financeiros tradicionais mundo afora. No Brasil, o dólar teve uma alta de mais de 2% e passou novamente dos R$ 5 – no momento da redação deste texto é cotado em R$ 5,05.
A Bovespa opera em queda de 2,5%, aos 105.611 pontos.
E no cenário internacional a situação se repente. O índice S&P tem perdas de 2,3%, o Dow Jones 1,8% e Nasdaq 3,6%.
O mercado dos Estados Unidos parece sentir o aumento da taxa de juros básicos da economia feita pelo FED (banco central dos EUA) na quarta-feira (4).
O mercado na verdade esperava uma medida mais dura do FED: a expectativa are que taxa de juros fosse elevada em 0,75 pontos percentuais, mas na verdade o aumento ficou em 0,5%.
Em um primeiro momento a reação foi de alívio. O Índice S&P fechou a quarta em uma alta de 3%, a maior desde maio de 2020. E até o Bitcoin refletiu isso, atingindo a marca de US$ 39 mil antes da queda abrupta do momento.
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Mas a ressaca não demoraria, como se vê agora.
Correlação se mostrou passageira até agora
A pergunta no mercado de criptomoedas é se o Bitcoin se perdeu sua característica de ser um ativo não correlacionado, já que nesta quinta está andando de mãos dadas com o mercado tradicional de ações.
Especialistas ouvidos pelo Portal do Bitcoin acreditam que um olhar com close fechado para a situação mostra a perda da correlação. Porém, quando se dá alguns passos para trás e se observa o cenário macro de longo prazo, não há motivos para acreditar que o BTC tenha deixado de ser uma reserva de valor.
André Franco, head de research do Mercado Bitcoinm afirma que momentaneamente a situação é de extrema correlação com o mercado de risco, mas que a história de mais de uma década do BTC o mostra como ativo descorrelacionado.
“Pelo que a gente olha na foto do que está o cenário do Bitcoin, e que se arrasta pelo menos desde o começo do ano, o Bitcoin andou muito correlacionado com o mercado de risco, como Nasdaq e até mesmo S&P. Então a gente vê que o Bitcoin deixou momentaneamente de ser esse ativo não correlacionado. Mas quando falamos do histórico dele como um todo, ainda não é o momento de falar sobre de ter deixado de ser um ativo não correlacionado , porque a história dele mostra que é um ótimo diversificador em período mais longos”, ressalta Franco.
O executivo do MB também lembra que não é a primeira vez que o Bitcoin gruda em algum outro ativo. “Ele andou de algum forma de mãos dadas com o ouro, agora com ações de risco. Isso tem muito a ver até com a própria guerra de narrativas sobre se o Bitcoin é um ativo que é reserva de valor ou se é um ativo que é reserva de risco”, afirma.
Pressão fortalece BTC no longo prazo
O analista de criptomoedas e trader Marcel Pechman entende ser normal que traders tenham maior influência nos movimentos de altas e baixas, e estes temem que a política contracionista do Banco Central dos EUA para conter a inflação tenha um impacto negativo nos ativos de risco.
“No entanto, passados alguns dias ou semanas, os investidores percebem que a eventual pressão negativa nas economias só fortalece a tese da necessidade de uma moeda descentralizada e escassa. Portanto, analisando ciclos mais longos, desaparece essa correlação que aparenta ‘copiar’ a tendência de preço dos mercados tradicionais”, afirma.
Pechman ressalta que o fato de o Federal Reserva anunciar que irá começar a vender ativos para reduzir seu balanço de US$ 9 trilhões faz os mercados de renda variável sofrem, mas que o sistema que fundamenta o Bitcoin segue o seu curso.
“O Bitcoin foi criado para servir como um sistema financeiro independente, e assim está funcionando desde seu lançamento em 2009. Os investidores e usuários não participam desse processo de decisão de preços nas exchanges, que determina a cotação em dólar”, diz.