Imagem da matéria: Criadora do Fortnite arrecada US$ 2 bilhões em financiamento para “desenvolver o metaverso”
(Foto: Shutterstock)

Nesta segunda-feira (11), a Epic Games, empresa responsável pelo famoso jogo “Fortnite” e do amplamente usado Unreal Engine, anunciou ter arrecadado US$ 2 bilhões em financiamento — com ambições de “desenvolver o metaverso”.

A rodada de financiamento foi dividida igualmente entre a antiga investidora Sony e a novata KIRKBI, empresa responsável pelo LEGO Group.

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Cada empresa investiu US$ 1 bilhão a uma avaliação “post-money” (valor da empresa após o financiamento) de US$ 31,5 bilhões. Tim Sweeney, fundador e CEO da Epic Games, continua com o controle da companhia.

“Esse investimento irá acelerar nosso trabalho em desenvolver o metaverso e criar espaços onde jogadores podem se divertir com amigos, marcas podem desenvolver experiências criativas e imersivas e criadores podem construir uma comunidade e prosperar”, afirmou Sweeney em um comunicado de imprensa.

A última vez em que a Epic Games havia arrecadado fundos foi em abril de 2021, anunciando um financiamento de US$ 1 bilhão, que a avaliava em US$ 28,7 bilhões.

Essa rodada também incluía US$ 200 milhões da Sony. Na semana passada, o LEGO Group havia anunciado uma parceria com a Epic Games para desenvolver um mundo de metaverso para crianças com a temática da LEGO.

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Mas o que é o metaverso? É a visão de uma futura internet mais imersiva, onde usuários interagem em espaços 3D usando avatares. Acredita-se que o metaverso será uma atualização revolucionária que as pessoas vão usar para realizar compras, socializarem, jogar e, até mesmo, trabalhar.

Nos últimos meses, o hype em torno do metaverso explodiu após o Facebook renomear sua empresa-mãe como Meta.

No entanto, “metaverso” ainda é um termo vago na prática.

Para desenvolvedores no setor cripto, o metaverso sinaliza uma variedade de ambientes interoperáveis e sobrepostos desenvolvida em redes blockchains, usando tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês) para representar itens pertencentes a usuários, como avatares, terrenos virtuais, vestuário e mais.

Porém, quando grandes empresas de tecnologia e jogos anunciam suas aspirações ao metaverso, não se sabe se um elemento cripto está incluso.

Por exemplo, a visão do metaverso do Facebook pode ser um ecossistema fechado enquanto outros anúncios em relação ao metaverso podem estar simplesmente focados na implementação da tecnologia de realidades virtual (ou VR) e aumentada (ou AR) para experiências imersivas.

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A Epic Games gradualmente desenvolveu e adquiriu grande parte da tecnologia necessária para trazer sua visão de metaverso à vida.

A Unreal Engine da empresa é amplamente usada na indústria de videogames, bem como em filmes, TV, arquitetura e mais, além de possuir estúdios focados em avatares que se assemelham a humanos, escaneamento de itens em 3D e de ambientes, comunicação on-line, dentre outros.

Desenvolvimento em blockchain?

No entanto, não se sabe se a Epic Games planeja escolher uma rede blockchain e incluir NFTs ou criptomoedas em seus planos de metaverso. No passado, a empresa já discutiu sua filosofia em relação ao metaverso e pareceu aberta a NFTs, mas não disse especificamente se seus planos de metaverso serão desenvolvidos em blockchain.

Em novembro, em participação a uma conferência na capital sul-coreana de Seoul, Sweeney havia dito que o metaverso “tem o potencial de se tornar uma parte multitrilionária da economia mundial”.

Ele também havia dito que o metaverso não deve pertencer a uma só empresa, reiterando as batalhas jurídicas da Epic Games contra a Apple e Google por seus respectivos ecossistemas “fechados” de aplicativos para celular.

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“O ‘metaverso’ é um termo como a ‘internet’”, disse Sweeney. “Nenhuma empresa pode controlá-lo.”

Esse tipo de etos aberto se alinha bem com o de desenvolvedores cripto, como Yat Siu, cofundador e presidente executivo da grande investidora em metaverso Animoca Brands.

Em outubro de 2021, Siu havia dito ao Decrypt que considera o Facebook e a Tencent como “ameaças’ a um metaverso aberto e interoperável e que a Animoca está “meio que na pressa” de trazer o metaverso à vida antes de as gigantes empresas de tecnologia o dominarem.

Dito isso, o jogo “free to play” Fortnite — que alguns consideram como um protótipo de metaverso — possui seu próprio ecossistema fechado.

Itens do jogo, como personagens e “skins” de armas, não podem ser revendidos ou usados em outros jogos — estes são possíveis benefícios de experiências movidas por NFTs. É possível usar seus itens para interagir com o jogo em diversas plataformas, mas apenas no Fortnite.

No entanto, a Epic Games está mais receptiva a jogos NFT do que a Steam, sua principal loja adversária de jogos para PC. Em outubro, após a Steam ter banido a venda de jogos que continham integrações com NFTs ou criptomoedas, a Epic Games Store anunciou que daria as boas-vindas a tais jogos que seguirem suas regulações.

“A Epic Games Store irá acolher jogos que fizerem uso da tecnologia blockchain contanto que sigam as leis aplicáveis, informem seus termos e tenham classificação indicativa por um grupo específico”, tuitou Sweeney.

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“Apesar de a Epic não estar usando cripto em nossos jogos, damos as boas-vindas à inovação nos setores da tecnologia e das finanças.”

 

Em 2017, Sweeney havia falado bem sobre redes blockchain, contando ao VentureBeat que são “ideias incrivelmente poderosas” que estão sendo fabricadas no setor e que ele estava interessado no potencial do Ethereum como uma plataforma de contratos autônomos.

No entanto, em 2019, ele havia dito ao Decrypt que não iria mais falar sobre blockchain dada a especulação desenfreada que surgiu após seus comentários.

“Estamos analisando os tipos de aumento na publicidade que aconteceram após nossos (não) anúncios sobre criptomoedas no passado e decidimos que seria melhor não realizar mais entrevistas”, disse Sweeney.

“[É] sobre o dano subsequente e colateral como uma indústria de zilhões de dólares repleta de especulação e reações mercenárias a respostas francas.”

Quando a Epic Games havia anunciado sua rodada anterior, em abril de 2021, o Decrypt a questionou sobre seus planos de usar blockchains para o metaverso.

Um representante contou ao Decrypt que a empresa não tinha mais o que comentar sobre o assunto, mas destacou uma entrevista que Sweeney havia concedido ao VentureBeat em janeiro de 2021.

Na entrevista, Sweeney discutiu a necessidade de ecossistema do metaverso serem desenvolvidos com padrões abertos. Ele descreveu a tecnologia blockchain como uma “forma inquestionavelmente neutra e distribuída de expressar a propriedade individual”.

No entanto, ele sugeriu que as atuais redes blockchain não têm processamento suficiente para lidar com enormes experiências de jogabilidade no metaverso.

“Estamos longe de qualquer tipo de tecnologia blockchain que consiga isso”, disse.

“Neste momento, existem diversas implementações blockchain de encadeamento único. E o que precisamos é de uma enorme implementação de blockchains paralelas que seja regionalizada. Assim, você pode ter interações muito rápidas que são definitivas e otimizadas para a sua geografia.”

*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.

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