A perspectiva de que as sanções à Rússia também atinjam os criptoativos pesa sobre o mercado nesta quinta-feira (3). O Bitcoin (BTC) recua 1,9%, negociado a US$ 43.202 nas últimas 24 horas, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) perde 3,7%, cotado a US$ 2.888.
No Brasil, o Bitcoin registra baixa 2%, cotado a R$ 221.333, segundo o índice do Portal do Bitcoin.
Tropas russas conseguiram o controle da cidade portuária de Kherson, no sul da Ucrânia, de acordo com autoridades ucranianas. Mais de um milhão de pessoas deixaram a Ucrânia desde o início da guerra, segundo a ONU.
E o governo Biden prepara outro pacote de sanções a oligarcas russos para colocar mais pressão sobre a economia da Rússia e aliados de Vladimir Putin, disseram fontes ao New York Times.
Investidores apostaram nas criptomoedas na última semana como um ativo de refúgio em meio à turbulência do mercado, abalado pela guerra e consequentes sanções à Rússia impostas pelo Ocidente.
O recente rali empurrou o Bitcoin para quase US$ 45.000, e o valor de mercado total das criptomoedas chegou a ultrapassar US$ 2 trilhões, segundo dados do CoinGecko. LUNA, da plataforma Terra, foi um dos destaques, mostrando ganho de 55% nos últimos sete dias.
Lucas Passarini, analista de negócios do Mercado Bitcoin, disse ao Valor que no dia 28 de fevereiro houve um aumento nos endereços com mais de mil Bitcoins, um possível sinal de que players relevantes ampliaram sua exposição a criptomoedas. Mas não há certeza de que o motivo seja a guerra, já que não é possível identificar quem são os agentes.
De qualquer forma, esse movimento também aumentou o foco nos criptoativos. Em entrevista à Bloomberg na quarta-feira, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, disse que membros da União Europeia e o Grupo dos Sete trabalham para evitar que os russos usem ativos digitais para driblar as sanções.
Um grupo de senadores democratas também enviou uma carta à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, para saber o que o departamento está fazendo para garantir que as moedas digitais não estejam sendo usadas para contornar as sanções à Rússia.
O apelo foi reforçado pelo próprio presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, durante audiência na Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA na quarta-feira: “[O conflito Ucrânia-Rússia] ressaltou a necessidade de ação do Congresso nas finanças digitais, incluindo criptomoedas”, disse Powell.
Na sessão, o presidente do Fed também sinalizou que o banco central americano está determinado a elevar os juros neste mês para frear a inflação, o que também limitou os ganhos no mercado de criptomoedas.
Operam em baixa Binance Coin (-1,8%), XRP (-0,9%), Cardano (-4,5%), Avalanche (-4,3%), Polkadot (-4,1%), Dogecoin (-1,5%) e Shiba Inu (-4,6%).
Leia Também
Entre as principais criptomoedas, a única valorização é registrada pela Cosmos (ATOM), que opera em alta de 4,7%, sendo vendida a US$ 32.
Outros destaques
Airdrop da Ucrânia: O governo da Ucrânia anunciou uma distribuição de criptomoedas, ou “airdrop”, como parte de sua iniciativa contínua de doações em criptomoedas em meio à invasão da Rússia. Segundo um tuíte da conta oficial do governo ucraniano no Twitter, a distribuição foi confirmada e um “snapshot” será obtido e compartilhado nesta quinta-feira às 13h (horário de Brasília).
Café para Rússia: Comerciantes de café têm buscado pagamento antecipado em qualquer novo acordo para vender grãos para a Rússia, já que as sanções ocidentais atingem o sistema financeiro do sexto maior importador do mundo. Em entrevista à Forbes, Thomas Raad, dono de uma trading que exporta para destinos arriscados, diz que as criptomoedas poderiam ser uma opção de pagamento.
Regulação e CBDCs
Real como moeda única: Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, em breve as pessoas não usarão mais o dinheiro físico, e a adoção do real como moeda única na América Latina, impulsionada pelo avanço do Real Digital, poderia ajudar a economia de muitas nações. Em encontro com empresários no Brazilian American Chamber of Commerce em Nova York na última terça-feira (1), Guedes disse que se a região tivesse adotado um “euro latinoamericano”, muitos países estariam agora em uma situação econômica melhor, segundo a Exame.
Projeto de lei na UE: Deputados do Parlamento Europeu excluíram um parágrafo inteiro do projeto de lei “Mercados de Criptoativos” (MiCA), que proibia a circulação na Europa de moedas emitidas por meio da Prova de Trabalho (Proof of Work) — sistema por trás da mineração do Bitcoin — a partir de 2025, informou o Portal do Bitcoin.
Metaverso, Games e NFTs
Investigação da SEC: A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA está investigando criadores de NFTs e as exchanges de criptomoedas onde são negociados para determinar se alguns dos ativos violam as regras da agência, pessoas a par do assunto disseram à Bloomberg. A SEC quer saber se certos tokens não fungíveis estão sendo utilizados para captar fundos como títulos tradicionais.
Twitter do futuro: A empresa está realizando um esforço para mudar a forma como funciona, com um modelo mais descentralizado, de acordo com reportagem do New York Times. “Se o Bitcoin tivesse existido antes do Twitter existir, acho que veríamos modelos de receita muito diferentes”, disse Jack Dorsey, cofundador da empresa que deixou o cargo de CEO em novembro, em recente chat de áudio no Twitter.
Esportes
Paixão por figurinhas: Na CryptoPlayers, uma plataforma digital de apenas três meses, os participantes poderão colecionar figurinhas digitais dos mais diversos atletas, aliado ao investimento no mundo das NFTs, conforme o Estadão. O projeto quer se expandir aproveitando o interesse por figurinhas e pela Copa do Mundo no Catar no fim deste ano.