A Ethereum popularizou as Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês) e desenvolvedores de aplicações na rede as transformaram em um setor de US$ 250 bilhões. Mas sua dominância pode diminuir em 2022.
Isso é o diz que uma equipe de analistas do banco de investimentos JP Morgan Chase.
Em uma nota aos investidores publicadas na quarta-feira (5), o líder da equipe Nikolaos Panigirtzoglou afirmou que o “sharding” (método que escala drasticamente o número de transações que podem ser executadas em um blockchain) “pode chegar tarde demais” para que a Ethereum afugente a crescente competição de mercado por blockchains alternativos.
Avalanche, Binance Smart Chain (ou BSC), Solana e Terra conseguiram fornecer muitas das mesmas aplicações que a Ethereum com velocidades mais altas e taxas mais baixas.
“Atualmente, a Ethereum está em uma corrida intensa para manter sua dominância no setor de aplicações, cujo resultado da corrida está longe de ser definido, na nossa opinião”, afirma a nota.
Mas diversos desenvolvedores e contribuidores da Ethereum contaram ao Decrypt que relatórios sobre o fim da rede são extremamente exagerados.
“Ao todo, parece uma crítica preguiçosa”, afirmou Tim Beiko, que coordena reuniões com desenvolvedores da Ethereum.
“Rollups estão disponíveis hoje e o sharding irá diminuir seus custos, mas a tecnologia funciona e, agora, está amplamente sem riscos”, se referindo a um método de execução de transações fora do blockchain que já está sendo implementada para ajudar a rede a escalar.
“A Ethereum continua sendo o chain mais utilizado ao analisar os dados”, explicou Tegan Kline, que cofundou a equipe que desenvolveu o protocolo de indexação The Graph. “Das 26 redes que The Graph fornece suporte, 66,7% das solicitações são na Ethereum.”
DeFi se referem a aplicações desenvolvidas em blockchain que permitem que pessoas façam todos os tipos de transações financeiras sem precisarem de um banco ou uma corretora.
Essas aplicações removem intermediários para possibilitar a realização e empréstimos, negociação, poupança de ponto a ponto para que ninguém tenha controle sobre seus ativos.
A primeira grande aplicação descentralizada (ou dapp) a ganhar força na Ethereum foi MakerDAO em 2017. Ao longo dos anos, DeFi na Ethereum se expandiram. O site DeFi Llama registra mais de 250 protocolos com pelo menos de US$ 1 milhão de ETH armazenados.
Mas outros blockchains estão acelerando o ritmo, principalmente porque superaram o congestionamento da rede (e as altas taxas de transação) ao implementarem sistemas proof of stake (ou PoS), que são mais escaláveis.
A Ethereum também está migrando para um sistema PoS, mas o progresso da “Ethereum 2.0” está concluído ou lento, dependendo a quem você perguntar.
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A previsão é que o blockchain atual (que usa proof of work, ou PoW, assim como o Bitcoin) se funda com o beacon chain (que usa PoS) no próximo ano. Em seguida, desenvolvedores da Ethereum vão poder focar no sharding.
Pooja Ranjan, que lidera uma equipe de gestão de projetos descentralizados, conhecida como Ethereum Cat Herders, afirmou que, embora a escalabilidade (incluindo sharding) seja importante, outras questões são proridade.
Desenvolvedores da Ethereum, por exemplo, preferiram focar consistentemente na segurança em vez da velocidade enquanto garantiam que a rede não passasse por paralisações.
Para fins de comparação, em setembro, a rede Solana ficou suspensa por quase 18 horas porque foi incapaz de lidar com altos volumes de transação.
“No fim das contas, a segurança do chain é absurdamente importante para transações financeiras e, no futuro próximo, a Etehreum é a que mais terá segurança”, disse Kline ao Decrypt.
Segundo ela, projetos DeFi em outros blockchains são “bastante motivos por incentivos de token”, ou seja, pessoas recebem tokens que podem ser negociados ou vendidos como uma recompensa por sua participação.
“Quando a segunda camada da Ethereum adotar os mesmos incentivos, provavelmente veremos bem mais atividade DeFi na Ethereum”, explicou.
Mas Peter Mauric, líder de questões públicas da Parity, desenvolvedora da rede Polkadot, acredita que desenvolvedores estão cansados de esperar pelo lançamento da Ethereum 2.0.
“O roadmap [roteiro de desenvolvimento] da Ethereum mudou tantas vezes que é difícil entender o que realmente vai acontecer e quando”, contestou.
Ele mencionou o recente relatório do Electric Capital, mostrando que Polkadot possui o segundo maior pool de desenvolvedores após a Ethereum e que está crescendo bem mais rápido do que a Ethereum cresceu em uma etapa similar.
Paul Veradittakit, parceiro do Pantera Capital, está limitando suas apostas entre múltiplos blockchains desenvolvidos para DeFi, destacando que Solana se tornou lar de diversas startups de jogos DeFi.
“Fizemos inúmeras apostas no Polkadot e Solana e esperamos explorar e expandir para mais chains, como Near e Avalanche, no próximo ano”, disse Veradittakit ao Decrypt.
Isso não significa que a Ethereum não pode continuar sua majestade. “Minha opinião ingênua é que DeFi existem por conta da Ethereum e, contanto que a Ethereum esteja lá, DeFi com certeza são uma forte força motriz para o engajamento em massa”, conclui Ranjan.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.