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Tom Lee diz qual é o real motivo da queda do Bitcoin e Ethereum

Lee diz que o mercado cripto não está vivendo um novo ciclo negativo, mas sim o efeito prolongado de um evento técnico extremo

Tom Lee Fundstrats youtube
Tom Lee, cofundador da Fundstrat e presidente do conselho da BitMine (Reprodução/Fundstrat/YouTube)

A forte correção que atingiu Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) nas últimas semanas, levando nas últimas horas a quedas de mais de 10% dos ativos, reacendeu discussões sobre a possível volta de um bear market. Mas, para o estrategista Tom Lee, cofundador da Fundstrat, essa leitura está equivocada.

Em entrevista ao canal americano CNBC, Lee afirmou que o mercado não está vivendo um novo ciclo negativo, mas sim o efeito prolongado de um evento técnico extremo que abalou profundamente a liquidez das exchanges desde 10 de outubro.

Segundo ele, a raiz do problema foi um erro de precificação de uma stablecoin em uma grande plataforma. Essa moeda, que deveria manter paridade próxima de US$ 1, chegou a aparecer cotada em cerca de US$ 0,65 por causa de um “bug de código” no feed interno da exchange. O erro se propagou rapidamente, ativando mecanismos automáticos de redução de alavancagem (ADL) em várias corretoras e desencadeando uma onda de liquidações em cascata.

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Lee descreveu o episódio como um problema técnico grave, comparável a falhas estruturais que já provocaram crises em outros mercados tradicionais, como o modelo de “portfolio insurance” que agravou o crash de 1987 ou as garantias imobiliárias mal precificadas que contribuíram para o colapso de 2008. Para ele, o ADL acionado por um glitch desse tipo “nunca mais deveria acontecer”, e poderia ter sido evitado se a exchange tivesse usado dados de preços de múltiplas plataformas, em vez de depender apenas de cotações internas.

A consequência direta foi um rombo no capital dos market makers, que perderam margens e ficaram temporariamente incapazes de prover liquidez na velocidade necessária. Desde então, explica Lee, cada oscilação negativa parece muito mais intensa do que realmente é. “Quando a liquidez seca, qualquer queda dói mais”, disse.

Mercado precisa de tempo para se estabilizar

Ele ressaltou ainda que esse processo de recomposição não é instantâneo: em 2022, depois de um choque semelhante, o mercado levou oito semanas para se estabilizar. Agora, seriam cerca de seis semanas desde o início do episódio atual, o que sugere que o período crítico está se aproximando do fim.

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Além da falha técnica, Lee também concordou com quem vê sinais de manipulação no mercado durante o período. Questionado se grandes players estariam pressionando os preços para baixo usando contratos futuros e perpétuos, ele respondeu apenas: “Concordo”.

Segundo o analista, esses movimentos amplificam a fragilidade já existente, mas não mudam o diagnóstico de fundo: a queda recente é parte do “desenrolar em câmera lenta” de um grande evento de liquidação, e não uma reversão estrutural do ciclo de valorização das principais criptomoedas.

Para Lee, a tese de longo prazo do Bitcoin e do Ethereum permanece intacta. O que está em curso, afirma, é apenas um ajuste técnico causado por uma sequência incomum de fatores — um bug, uma liquidação massiva e um esvaziamento temporário da liquidez — e não um sinal de deterioração essencial do mercado cripto.

Quando os níveis de liquidez voltarem ao normal, diz ele, o comportamento dos preços deve refletir novamente o cenário macro e de adoção, e não as distorções produzidas por um único evento ocorrido em outubro.

Confira a entrevista de Lee na íntegra (em inglês):

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