Tether: como funciona a maior stablecoin e quais as suspeitas sobre ela

Entenda o mecanismo e os riscos
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O que é Tether?

Tether é uma Stablecoin, como o nome sugere é uma moeda que tem a característica de ser estável. Essa estabilidade remete a sua paridade com alguma reserva de valor “real”, que nesse caso é a paridade com o dólar ou o euro. O intuito inicial era a paridade com o dólar, o euro foi adicionado depois e também há planos para a criação de uma versão para moeda japonesa. Simplificando, 1 Tether (USDT) sempre valerá 1 dólar, ou pelo menos esperamos que valha.

O Tether como conhecemos atualmente foi anunciado em julho de 2014, era chamada de Realcoin e foi fruto de uma startup baseada em Santa Monica. Em novembro do mesmo ano que seu nome veio a ser o que utilizamos atualmente. Há fortes indícios que o Tether pertença ao mesmo grupo econômico que fundou a Bitfinex, uma das maiores exchanges de criptomoedas atualmente.

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Essa stablecoin é uma espécie de token que possui sua versão na Blockchain do bitcoin e também na da Ethereum como um token ERC-20. No momento há implementações em fase de beta com o sistema funcionando na Blockchain da Litecoin.

Por que foi criado?

Uma das principais razões para a criação do token é a digitalização da moeda fiduciária e a atribuição das vantagens das criptomoedas ao dólar. Ou seja, o USDT mantém muitas das vantagens das criptomoedas, como por exemplo, a facilidade de transações internacionais e a liberdade entre trocas individuais online. O Tether permite isso enquanto mantêm o valor da moeda estável, pois a instabilidade das criptomoedas é o que mais assusta o público.

Basicamente todos os motivos emanam da estabilidade baseada no dólar. Outra vantagem que vem daí é o suporte que essa moeda dá aos usuários de criptomoedas no geral, você não precisa sair do ecossistema das criptomoedas em caso de uma queda brusca, em teoria basta manter suas reservas em Tether.

Esse modelo também oferece uma grande vantagem para exchanges como a poloniex, que não faz o uso de moeda fiduciária em seu sistema. Algumas exchanges optam por isso devido as implicações legais que as mesmas devem obedecer caso utilizem dólar em seu sistema. Uma das implicações de utilizar dólar é a necessidade de documentação para o cadastro efetivo dos usuários.

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Como funciona?

A mágica por trás do sistema é bem simples, você deposita um dinheiro na conta dos responsáveis pelo Tether e em troca eles criam USDT’s correspondentes a quantidade que você depositou. Se foram depositados 500 dólares, 500 USDT’s são gerados e enviados para a sua carteira.

O caminho contrário também é possível, ao retirar em dólar, o USDT equivalente é “queimado” e deixa de existir. A compra e venda é gerenciada de forma centralizada pela equipe do Tether. Entretanto após a compra do USDT você pode manuseá-lo livremente como uma criptomoeda normal. O USDT só deixará de existir no momento que você optar por receber dólares em sua conta.

A responsabilidade legal vai toda para cima da equipe do Tether, já que os dólares estão com eles, podendo então as exchanges operarem sem problemas, pois estão transacionando apenas um token, cabendo ao Tether a responsabilidade de transformar aquilo em dólar físico.

Sim, Tether funciona como um token e Bitcoin também suporta tokens, embora a maioria opte pela plataforma Ethereum (ERC-20). Outro exemplo de token que roda na Blockchain do Bitcoin é o MaidSafeCoin. No entanto isso acaba sendo uma vantagem, pois temos a garantia da segurança criptográfica do bitcoin no Tether.

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Não existe mineração nem PoS, eles utilizam uma espécie de “Prova de Reserva” para a geração de moedas novas. É mais um processo administrativo que tecnológico. A Tether tem a responsabilidade de fazer auditorias publicas informando seu saldo bancário para provar que possui o valor que está circulando no mercado. Na teoria a geração de moedas é infinita, contanto que ainda existam dólares para parear.

Variação no valor do Tether

Quem já olhou o gráfico do Tether deve ter percebido que há uma pequena variação de centavos em alguns momentos, a moeda não deveria valer 1 dólar sempre? A confusão é natural e devemos nos atentar a um pequeno detalhe para sanar essa dúvida. Quem garante que trocará 1 USDT por um dólar é a equipe do Tether, as pessoas que negociam nas Exchanges podem oferecer o preço que quiserem. Entretanto não faz muito sentido oferecer um valor diferente de 1 dólar, sendo que você sempre irá resgatar 1 dólar com a empresa.

A variação em centavos ocorre em alguns momentos, em uma baixa repentina de criptomoedas os usuários procuram um local para se apoiar e esse local geralmente é o Tether. Com a alta procura algumas pessoas no desespero podem acabar oferecendo um preço maior por cada Tether, visando adquirir o mais rápido possível. O lado contrário também ocorre, Tether é alvo de muitas controversas o que acaba minando a confiança na Stablecoin, fazendo seus vendedores oferecem preços menores para tentar se livrarem da moeda. Devemos nos atentar que isso não altera seu valor “real”, que é a paridade ao resgatar o dólar com a equipe do Tether.

Controversas e Perigos

Auditoria e contrato duvidoso

Provavelmente você leitor já ouviu falar em alguma notícia afirmando que o Tether não possui os fundos que alega ou qualquer outra teoria semelhante. Tais afirmações não são sem fundamento, tendo em vista que a empresa parece esconder do público a auditoria que alegava ser transparente.

Muitas são as notícias que irão encontrar a respeito, mas atualmente isso vem sendo um pouco mais sanado. As auditorias costumam sair bem atrasadas, em dezembro alguns documentos foram analisados e alguns veículos afirmaram que a Tether possuía os valores correspondentes pelo menos em 2017. A “auditoria” oficial mais recente é a que está no próprio site que afirma o total de 2.5 Bi em dois bancos diferentes em junho de 2018.

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A auditoria afirma em seu final não usar os princípios de contabilidade que deveriam ser usados, além de ressaltar que só garante a auditoria naquele momento e que conta com a honestidade dos bancos em informar os dados corretos. Esse comportamento que não passa confiança também é encontrado no contrato do Tether que afirma não ser “obrigado” a pagar os dólares aos usuários.

Problemas com instituições

O Tether também apresenta um péssimo histórico em relação aos bancos que trabalha e com os próprios escritórios de contabilidade que deveriam estar responsáveis pela auditoria da moeda. Um dos principais motivos pela confusão da auditoria se dá por esses fatores, diversas vezes o Tether teve que trocar de banco, sabe se lá por qual motivo.

Problemas intrínsecos

Há problemas naturais que surgem em uma moeda desse tipo. Ao mesmo tempo que a moeda une as vantagens dos dois mundos, também une as desvantagens. O Tether acaba funcionando como um banco central para as criptomoedas e não vejo de que outra maneira eficiente um sistema do tipo poderia funcionar.

Não há como ter uma real transparência em uma instituição centralizada que se apoia em bancos, só nos cabe aceitar se eles falam que possuem os fundos. Em contrapartida podemos observar as criptomoedas “normais” com seu sistema aberto onde podemos investigar individualmente.

Um dos principais medos em relação ao Tether é a quantidade de USDT emitida, que muitos suspeitam ser muito maior que seu lastro dólar (inflação). Notem o problema, temos uma possível inflação dupla. O próprio dólar é mais seguro, pois há um órgão minimamente competente o controlando, enquanto a Tether limited se apresenta ao público sem confiança alguma.

Há outro perigo, atualmente o Tether funciona como um forte alicerce para as criptomoedas no geral. Uma falência iria arruinar muita coisa. Bancos/Establishment são sabidamente contra criptomoedas, bastaria uma ordem estatal e todo volume de tether não valeria mais nada (bloquear contas bancárias).

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Conclusão

Mesmo com todas as controversas o Tether e outras stablecoins são altamente úteis no cenário atual, não temos muito para onde correr. Recomendaria usar apenas em trocas rápidas e não como reserva de valor. Para os utilizadores há também a necessidade de acompanhamento constante sobre notícias a respeito, pois o comportamento da empresa parece sinalizar que a bomba pode estourar a qualquer momento e você não vai querer estar lá quando isso acontecer.