O site brasileiro de notícias Cointimes cortou 20 dos 32 funcionários em duas rodadas de demissões que aconteceram em fevereiro, segundo relatos de ex-funcionários feitos ao Portal do Bitcoin. A informação foi confirmada pelo CEO da empresa, Isac Honorato, que disse à reportagem que o projeto vai mudar e focar em tecnologia.
As primeiras demissões ocorreram no dia 14 de fevereiro, com a segunda rodada de cortes vindo nesta segunda-feira (27). Quase toda a redação do site de notícias, bem como as equipes de research/análise, design, edição de vídeo, vendas e RH foram demitidas. A equipe de tecnologia e os diretores do Cointimes, Isac Honorato e Neto Guaraci, permanecem.
Um profissional que conversou com a reportagem sob condição de anonimato, conta como foi pego de surpresa ao ser demitido, junto com outros dez colegas, no início do mês:
“Recebi mensagem de que o pessoal estava me esperando numa reunião surpresa às 10h. Era desligamento geral. Semblante triste do Isac contando de forma misteriosa sobre desafios que ele nunca havia mencionado estarmos passando. Muito pelo contrário, antes ele dava a entender que tudo estava maravilhoso”, relembra o funcionário demitido.
Naquele dia 14 de fevereiro, a liderança da empresa falou que os desligamentos foram motivados pela necessidade de “corte urgente de gastos”. Logo após a reunião, os demitidos perderam o acesso ao e-mail e Slack da empresa, como é padrão nesses processos de demissões.
O Cointimes é um site de notícias do setor cripto criado em 2018 como uma expansão do blog da corretora de criptomoedas Foxbit. Embora o domínio do site ainda esteja registrado no nome da FoxBit Servicos Digitais S.A., em 2019 o Cointimes se tornou independente da corretora.
Conforme Honorato, os desligamentos tiveram dois motivos: o momento do mercado cripto, de bear market e corte geral de custos, e uma mudança no produto da empresa, agora mais focada em soluções de tecnologia.
“O nome segue como Cointimes. Tudo foi unido em um único produto que será lançado em breve e envolve ser a porta de entrada para o mercado cripto web3”, disse Honorato.
O CEO da empresa, que também é um dos fundadores, lembra que já passou por algo parecido em 2018: “Já passamos por isso. Depois crescemos muito nos últimos anos e agora estamos reformulando o projeto”.
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Outros cortes no Cointimes
Na rodada de cortes desta segunda-feira, foi a vez do restante dos funcionários do Cointimes — com exceção do time de tecnologia — serem demitidos.
“Eu já estava esperando”, contou outro profissional ouvido pela reportagem. “A conversa foi a mesma para os dois grupos demitidos, de que estamos no bear market e que é um momento difícil, que a empresa gastou todo o caixa que tinha porque todos os clientes cancelaram contratos”, relata.
Assim como o primeiro profissional, este segundo também reclama das condições de trabalho no Cointimes. Ele relata que desde o final do ano passado havia pedido as férias as quais tinha direito por tempo de trabalho, mas que o pedido não foi atendido pela liderança da empresa.
“Estava tentando tirar férias e eles só me enrolavam. Me demitiram devendo isso e sei que eles não vão pagar. Vou precisar de advogado, já que sequer tinha contrato. Minha contratação foi pelo WhatsApp e só. Mas temos vínculo empregatício, a lei existe independente da vontade deles”, afirma.
Antes do início das demissões, esse profissional também tinha a impressão de que o site estava indo bem. Ele conta que a empresa tinha o plano de lançar no dia 15 de fevereiro um “super app” que uniria o Cointimes aos outros serviços do grupo, o Coingoback e o Coingolive. O projeto, no entanto, parece não ter saído do papel com a passagem da data de lançamento e as demissões.
Um slide apresentado aos funcionários em uma reunião mensal do ano passado brincava com a “morte do Cointimes” para preparar o material publicitário do novo “super app” — o que os funcionários não esperavam na época era que essa “morte” envolveria demissão em massa.
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