Robo Pix é promovido em anúncios no Google, Facebook e YouTube

Após acusações de golpe, o boxeador Popó se arrependeu de ter promovido o Robô do Pix. Mas ainda tem muita gente faturando com o produto
robo pix

Foto: Shutterstock

Não é apenas o boxeador Acelino Popó de Freitas que faturou ao promover o Robô Pix. Popó disse ter se arrependido da divulgação, mas quem segue faturando com a promoção do produto acusado de golpe são as grandes plataformas da internet: Google, Facebook, Instagram e Youtube.

O esforço de vendas por meio do Google por “robo do pix” fica evidente em qualquer tipo de busca sobre o tema: são diversos de links patrocinados que surgem nos primeiros resultados — todos promovendo a milagrosa maneira de receber dinheiro sem esforço.

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As demais plataformas também são usadas para promover o esquema: páginas oportunistas no Facebook, imagens de famosos e busca por sub-celebridades do YouTube estão na base da estratégia que busca dar uma cara de legitimidade ao serviço do robô do pix.

Robo Pix no Facebook

A estratégia de chegar ao cliente vem pela receita de marketing digital: investimento forte em publicações patrocinadas em redes sociais. Conforme a Biblioteca de Anúncios do Meta, que fornece transparência de publicidade das plataformas do Facebook, a página Robô Pix foi criada no dia 13 de maio de 2021 com o nome “Encanto Colchoes”.

No dia 1 de setembro mudou o nome para “CarroAgua”. Duas semanas depois para “Adesivo Pix”. Até que no dia 19 de janeiro deste ano virou “Robô Pix”.

Estratégia: luxo e famosos

A mesma ferramenta mostra que em fevereiro começou uma nova onda de posts patrocinados sobre o tema.

E com uma estratégia já clássica do estelionato: fotos e vídeos de uma vida luxuosa (carros esportivos, jatos, modelos) e também o uso de pessoas famosas.

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“Vamos criar vários fakes”

No YouTube uma busca por “robô pix” mostra um vídeo feito pelo usuário Átila Felipe está como anúncio pago e já tem 7,5 mil visualizações.

No vídeo, Átila recomenda a ferramenta e faz até alertas: não adianta com um único perfil comentar em cem publicações; a plataforma iria bloquear essa ação. O método é criar diversas contas e comentar em alguns perfis de sorteio em cada uma delas.

“A gente vai criar contas fakes no Instagram”, diz Átila sem nenhum pudor.

Além do vídeo patrocinado, o YouTube também apresenta resultados que encaminham direto para páginas que vendem o software:

O youtuber Átila Felipe também foi procurado, mas não retornou contato até a publicação desta reportagem.

Resposta do Facebook e Instagram

O Facebook e o Instagram responderam ao Portal do Bitcoin de forma conjunta sobre como o caso está sendo avaliado internamente e quais as possíveis punições para quem usa o aplicativo.

“Estamos investigando os casos apontados pela reportagem. Lembramos que fazer uso de aplicativo ou serviço de terceiros para gerar curtidas, seguidores ou comentários falsos, bem como promover conteúdos relacionados a este tipo de atividade, viola nossas políticas e temos tecnologia para detectar e coibir essa prática”, afirmam as empresas.

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Google e YouTube também foram procurados, mas não se manifestaram.

Resposta do Google

O Google também enviou um posicionamento sobre os anúncios promovidos em sua plataforma: “Temos políticas robustas para prevenir anúncios de produtos ou serviços que induzam comportamento desonesto em nossas plataformas de publicidade. Quando identificamos anúncios que violam nossas políticas, agimos imediatamente”.

Como funciona o esquema

O robô do pix é um software pago que promete fazer com que um cliente ganhe, sem fazer esforço, sorteios existentes na internet. Para isso, bastaria o cliente baixar um app em seu celular e apontar de cinco a dez sorteios no Instagram que deseja participar. A ferramenta promete fazer o resto do trabalho para burlar os concursos: publicar comentários 24 horas, sete dias por semana, até que o prêmio vá para seu contratante.

O aplicativo promete ter o cuidado de fazer com que o robô, atuando em nome do cliente, marque pessoas reais que deixam o perfil aberto, mas que não são amigos na rede social de quem contratou o serviço. Isso é para evitar que a pessoa incomode os amigos no Instagram.

A venda é descentralizada em vários sites, onde não é possível saber quem é o responsável pelo produto. O preço do app varia de R$ 40 até R$ 200, dependendo do site de origem, e pode ser pago conforme a necessidade do cliente, por boleto, pix ou cartão de crédito.

No site de defesa do consumidor Reclame Aqui, há dezenas de queixas contra o ‘Robô de Pix e outros nomes semelhantes do mesmo serviço. A maioria de pessoas que se arrependeram da compra porque o aplicativo não funcionou. Além disso, o dinheiro também não foi devolvido, conforme os relatos na plataforma.

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