Há alguns anos, você imaginaria que o Brasil estaria liderando uma evolução tecnológica no mercado financeiro global?
Estamos no centro de uma convergência inédita entre Open Finance e tokenização, dois conceitos que, isolados, já são transformadores, mas juntos têm o potencial de redefinir completamente como gerenciamos, acessamos e transacionamos ativos e serviços financeiros.
Durante um evento recente, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, destacou que o Brasil será o único país a operar com Open Finance e tokenização simultaneamente.
Essa notícia, além de ser motivo de orgulho, nos convida a refletir sobre o impacto que essa integração terá em nosso mercado financeiro — e, de forma mais ampla, na vida das pessoas.
O que é o Open Finance e por que ele importa?
O Open Finance é uma evolução do Open Banking. Em vez de limitar o compartilhamento de dados aos serviços bancários tradicionais, ele abre a porta para todo o ecossistema financeiro, incluindo investimentos, seguros, previdência e até fintechs.
Isso significa que, com o consentimento do cliente, suas informações financeiras podem ser centralizadas em uma única plataforma, permitindo acesso simplificado a produtos e serviços de diferentes instituições.
Imagine abrir um único aplicativo e, em poucos cliques, comparar taxas de crédito entre bancos, analisar opções de investimentos e até contratar um seguro personalizado.
Essa é a proposta do Open Finance: simplificar, integrar e personalizar a experiência financeira.
Onde entra a tokenização nesse processo?
A tokenização adiciona uma camada tecnológica que potencializa o Open Finance.
Por meio da blockchain, ativos financeiros podem ser transformados em tokens digitais, permitindo maior rastreabilidade, segurança e fracionamento.
Campos Neto explicou que essa combinação “turbina” o potencial do sistema, permitindo, por exemplo, leilões de colateral e pagamentos programáveis.
Além disso, ativos antes acessíveis apenas a grandes investidores — como imóveis ou direitos creditórios — podem ser fracionados em tokens e oferecidos de forma transparente e acessível a qualquer pessoa.
Com o Open Finance, esses tokens poderiam ser integrados diretamente em plataformas financeiras, facilitando transações e tornando o mercado mais dinâmico.
Quais são as vantagens dessa integração?
A união entre Open Finance e tokenização tem um potencial transformador. Vou destacar alguns pontos mais relevantes:
Acessibilidade ampliada
Imagine um pequeno investidor acessando diretamente tokens de recebíveis imobiliários ou agrícolas pelo mesmo aplicativo onde gerencia sua conta bancária.
A tokenização democratiza o acesso a ativos que antes eram restritos a grandes players, enquanto o Open Finance facilita a navegação nesse ecossistema.
Eficiência operacional
A tokenização, com sua capacidade de eliminar intermediários, reduz custos operacionais. Associada ao Open Finance, ela permite que serviços financeiros sejam ofertados de forma mais ágil, com comparações e portabilidade em tempo real.
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Pagamentos programáveis e smart contracts
Um exemplo citado por Campos Neto é o uso de pagamentos programáveis.
Com contratos inteligentes, operações podem ser automatizadas, como o pagamento de parcelas de um financiamento ou a liberação de crédito com base em condições específicas. Essa funcionalidade reduz erros e acelera processos.
Segurança e rastreabilidade
A blockchain traz um nível de segurança e transparência sem precedentes. Com o Open Finance integrado, os usuários terão controle total sobre seus dados e transações, fortalecendo a confiança no sistema.
Inovação em leilões de colaterais
A capacidade de tokenizar ativos e integrá-los ao Open Finance permite que operações como leilões de colaterais sejam feitas de forma mais transparente e acessível, ampliando a liquidez no mercado.
Desafios pela frente
Embora as possibilidades sejam empolgantes, não podemos ignorar os desafios. A regulamentação é um ponto central.
Para que essa integração funcione, precisamos de regras claras que garantam segurança jurídica sem sufocar a inovação.
Além disso, a educação financeira será essencial. Não adianta democratizar o acesso sem capacitar as pessoas a entender e aproveitar essas novas ferramentas.
Outro desafio é a interoperabilidade. Garantir que diferentes sistemas financeiros conversem entre si, sem fricções, exigirá esforços significativos tanto de instituições financeiras quanto de fintechs.
O futuro é agora!
Estamos em um momento único. O Brasil não só está adotando prpostas inovadoras como o Open Finance e a tokenização, mas liderando um modelo que pode inspirar outros mercados ao redor do mundo.
Essa integração promete um mercado financeiro mais eficiente, acessível e democrático.
O impacto vai muito além do setor financeiro. Essa transformação tem o poder de permitir que mais pessoas participem da economia digital e impulsionar o desenvolvimento de novos negócios e tecnologias.
Estamos apenas no começo dessa jornada, mas as possibilidades são infinitas.
É inspirador ver o Brasil se posicionando como um pioneiro global em inovação financeira. Agora, cabe a nós — empresas, investidores e cidadãos — aproveitar essa oportunidade para construir um futuro mais inclusivo e transparente.
Sobre o autor
Daniel Coquieri é CEO da empresa de tokenização de ativos Liqi Digital Assets. Empreendedor do ramo da tecnologia, foi fundador da BitcoinTrade, uma das maiores corretoras de criptomoedas do Brasil.
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