Imagem da matéria: Quais os efeitos do Blockchain e das Criptomoedas no setor de pagamentos com cartão
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‘Uma solução ponto a ponto do dinheiro eletrônico permitiria que pagamentos online fossem transferidos diretamente de uma parte para outra sem passar por uma instituição financeira’.

Estas são as palavras de Satoshi Nakamoto, criador do Bitcoin, no abstract do whitepaper original ao definir o sistema de caixa eletrônico descentralizado que ele pretendia introduzir.

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De ínicio, a tecnologia Blockchain começou a ser reconhecida por causa das criptomoedas. Essencialmente, o uso delas representa uma aplicação limitada da tecnologia blockchain que envolve fluxo de dinheiro.

Um grande volume da moeda era trocada de maneira independente, sem que houvesse fluxo de mercadorias.

Por esse motivo, a maioria das pessoas simplesmente estoca suas criptomoedas, mantendo-as como um investimento. 

No entanto, agora que as empresas estão explorando o uso da tecnologia blockchain em diferentes setores, como no gerenciamento da cadeia de suprimentos, deu-se o início a novas dinâmicas — o fluxo de dinheiro em uma direção e o fluxo de produtos ou serviços na direção oposta.

Essa aproximação entre o fluxo de mercadorias e a criptomoeda é crucial, pois possibilita um maior dinamismo das empresas, permitindo que seja feita a automatização de pagamentos e confirmação de transações.

Neste artigo, explorarei as possíveis implicações da tecnologia blockchain e criptomoedas no setor de processamento de pagamentos com cartão.

Desafios atuais para o setor de pagamentos com cartão 

Embora o setor de processamento de pagamentos seja enorme, ele enfrenta vários problemas que requerem atenção. Isso inclui:

  • Altas taxas de transação 
  • Taxas de estorno
  • Altas taxas de processamento
  • Falta de garantias de segurança

Altas taxas de transação

Embora tudo pareça estar funcionando perfeitamente, várias melhorias podem ser feitas para beneficiar o usuário comum. 

Atualmente, uma transação com cartão exige que o comprador forneça total permissão para que o vendedor retire um pagamento de sua conta.

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Isso implica na necessidade de intermediários financeiros para a conclusão desse processo.

Uma transação típica com uso de cartão envolve, no mínimo, quatro entidades, além do titular do cartão e do vendedor, que geralmente são chamados de prestadores de serviço. Estes incluem:

  • A instituição financeira que facilita os pagamentos ao comerciante
  • O gateway de pagamento
  • A organização responsável pelo intercâmbio, por exemplo, Visa ou MasterCard
  • O banco do titular do cartão 

Na atual estrutura do setor de pagamentos com cartão, todas as taxas envolvidas nas transações são canalizadas para estes intermediários supracitados.

Por exemplo: Se um comprador adquirir uma mercadoria ou serviço no valor de US$ 100 utilizando um cartão de débito em vez de pagar em dinheiro, os intermediários terão direito a 1,5-3,5% do custo total.

Portanto, um vendedor pode acabar recebendo valores tão baixos quanto US$ 96,50 pela mesma mercadoria. 

Taxas de estorno

Taxas de estorno entram em jogo quando um consumidor apresenta uma disputa contra uma transação com um vendedor.

Se o consumidor vencer a disputa, a empresa do cartão retira o dinheiro do banco do vendedor e o restaura na conta do comprador. Nesse caso, o comerciante incorre em um custo. 

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Alguns dos problemas que podem resultar em uma disputa incluem transações não autorizados, produtos ou serviços que nunca foram entregues ou até o atraso de uma entrega.

As empresas de cartão debitam mais de US$ 20 por disputa, que, a longo prazo resulta em milhares de perdas para os comerciantes anualmente.

Altas taxas de processamento

Os problemas desse setor não se limitam apenas aos pagamentos com cartão. Atualmente, a maioria das empresas fornece soluções de pagamento móvel como uma alternativa aos pagamentos com cartão.

No entanto, as taxas de processamento são muito semelhantes às taxas de transação cobradas nos pagamentos com cartão. 

Independentemente da eficiência desses sistemas, os usuários geralmente são suscetíveis a manipulação e riscos.

Além disso, os processadores geralmente cobram uma taxa na forma de taxas de manutenção e outras taxas de serviço para solucionar esses problemas. Do ponto de vista do comerciante, essa prática pode ser custoso a longo prazo.

Falta de garantias de segurança

Pesquisas mostram que a fraude com cartões de pagamento, decorrente principalmente pela invasão de sistemas de pagamentos, resulta na perda de bilhões de dólares na indústria a cada ano. 

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No entanto, além das perdas diretas, os comerciantes também enfrentam a perda de confiança do consumidor como resultado da fraude.

Embora o setor tenha explorado e introduzido soluções diferentes para lidar com o cibercrime, o setor de pagamentos com cartão ainda permanece vulnerável à sofisticada ação de hackers e fraudadores online.

Possíveis soluções de blockchain e criptomoeda para os desafios enfrentados pelo setor de pagamentos com cartão 

A tecnologia blockchain e as criptomoedas têm o potencial de transformar o setor de pagamentos com cartão. Essa perspectiva é baseada nos seguintes fatores:

  • Descentralização
  • Custos reduzidos
  • Criação de novos caminhos para pagamentos
  • Segurança garantida

Descentralização

Você provavelmente sabe que o blockchain é uma tecnologia ponto a ponto. Por esse motivo, se ela for introduzida no setor de pagamentos com cartão, os intermediários mencionados acima, que antes atuavam como facilitadores das transações com cartão, serão eliminados.

Essa característica do blockchain cria um sistema de processamento de pagamentos simples e eficiente, sem intermediários que exigem uma porcentagem para cada transação.

Custos reduzidos

Com a eliminação de intermediários, a tecnologia blockchain e criptomoedas pode promover a redução das taxas de transação relacionadas aos pagamentos com cartão, já que as transações envolvem apenas o consumidor e o comerciante.

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Além da redução das taxas de transação, as taxas de estorno também seriam eliminadas. Isto porque os pagamentos em uma estrutura de blockchain possibilitam ao consumidor determinar a quantidade de dinheiro fornecida, além de bloquear que os comerciantes recebam mais dinheiro que o valor acordado.

Criação de novos caminhos para pagamentos

A tecnologia blockchain e as criptomoedas têm o potencial de inspirar grande inovação no setor.

O BitPesa do Quênia ilustra bem um exemplo de solução inovadora impulsionada pela tecnologia blockchain que está transformando o setor de pagamento com cartão.

Criada em 2013, a BitPesa emprega tecnologia blockchain para reduzir custos e aumentar a velocidade dos pagamentos para os mercados de fronteira.

Como essa plataforma suporta trocas de Bitcoin com todas as principais moedas fiduciárias africanas, ela permite que várias empresas do continente se aventurem no mercado internacional. 

Essa conquista foi alcançada através da redução de altas taxas de transação transfronteiriça que antigamente impediam que pequenos comerciantes participassem do mercado internacional.

Segurança garantida

A tecnologia de contabilidade distribuída que é núcleo base da tecnologia blockchain mantém seguramente as informações da transação de forma detalhada. 

Uma vez criados e autenticados, as contas são caracterizados por confiabilidade absoluta. Por esse motivo, há mínima chance de se realizar uma transação com uma parte desconhecida.

Da mesma forma, é quase nula a possibilidade de ser hackeado, sofrer adulterações ou ter pagamentos duplos sem aviso.

Este ponto sugere que a tecnologia blockchain e as criptomoedas têm o potencial de tornar os pagamentos com cartão à prova de falhas.

Embora tenham potencial em transformar o setor de pagamentos com cartão, vários obstáculos precisam ser superados antes que isso se torne realidade.

Essencialmente, questões relativas a volatilidade, falta de facilidade de uso, acessibilidade e escalabilidade ainda impedem a adoção em massa de soluções baseadas em blockchain na maioria dos setores. E o setor de pagamentos com cartão não é uma exceção.

Sobre o autor

Fares Alkudmani é formado em Administração pela Universidade Tishreen, na Síria, com MBA pela Edinburgh Business School, da Escócia. Desde janeiro de 2019, atua na empresa de criptomoedas Changelly como gerente geral para a América Latina.

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