O preço do Bitcoin é o mesmo em todo lugar?
Não, de forma alguma. Ao contrário do mercado B3 Bovespa, onde todas as corretoras operam na mesma bolsa de valores com a mesma cotação e prazos de liquidação — ou seja, pagar as compras no dia seguinte e receber as ações em três dias úteis — no mercado de criptomoedas isto não existe.
Cada corretora atua como uma minibolsa de valores. São regras, prazos e riscos diferentes.
O que muda em cada exchange?
Algumas exigem 1 confirmação para depósitos, outras 6 além de algum tempo de espera para aprovação manual.
Existem exchanges que cobram taxas de depósito, outras somente de saque e é possível encontrar casos que levam dias ou semanas para liberar saques.
Isto tudo faz com que o preço seja diferente entre cada exchange. Não seria ‘justo’ pagar o mesmo valor para poder sacar no ato enquanto em outra é necessário aguardar 10 dias para ter as moedas em mãos.
E o preço no Brasil?
Óbviamente a cotação por aqui é em reais, ao menos nas exchanges que realizam esta conversão de reais para criptomoedas e vice-versa.
Não existe uma regra de conversão do preço em dólar (ou em euro) para moeda local. Isto vai depender da dificuldade de se obter dólares (ou euros) para comprar fora do país.
Se não houvesse restrições, burocracia, lentidão para remessas internacionais ou taxas como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), provavelmente o valor em reais seria basicamente a cotação em dólar (ou euro) multiplicado pelo câmbio comercial.
Quem define a taxa de conversão?
O vendedor coloca sua oferta no valor que achar interessante. Não há uma regra ou consenso. Como no Brasil existem grandes limitações para conversão e envio de divisas ao exterior, é normal esperar que a cotação aqui seja um pouco mais alta.
Ninguém acredita que irá comprar um cartão de memória de 64 gigas aqui pelo mesmo preço da Amazon nos EUA. Da mesma forma, é normal ver o Bitcoin no Brasil negociar num valor entre 1% e 2% acima da cotação internacional, quando medimos pelo câmbio comercial. Vide gráfico abaixo:
Como saber se estou pagando mais caro?
Utilizando ferramentas que monitoram as cotações, por exemplo, TradingView é possível medir a diferença entre o Bitcoin em reais no Brasil e sua cotação teórica, convertida pelo câmbio comercial.
Evite comprar quando este indicador estiver acima de 103, ou seja, 3% mais caro que a cotação internacional.
Lembre-se: este não é um indicador de momento de entrada/saída de criptomoedas, pois mede apenas o quão mais barato ou caro estamos em relação à cotação internacional.
Pense neste indicador como um ‘pedágio’ que eventualmente fica muito alto e é melhor aguardar outro momento.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017 faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC