Imagem da matéria: Por que 2025 será um ano marcante para cripto na América Latina | Opinião
4,1 milhões de CPFs transacionaram cripto em julho (Foto: Shutterstock)

Em 2024, a América Latina viveu uma virada silenciosa, mas poderosa, no setor de criptoativos. De um cenário de incerteza regulatória e desconfiança institucional, a região passou a experimentar um avanço acelerado de projetos voltados à adoção de ativos digitais. Esse movimento, que mistura pragmatismo e ousadia, prepara o terreno para que 2025 seja um dos anos mais decisivos da história do cripto na região.

No Brasil, o protagonismo é institucional. O Banco Central lidera a implementação do Drex, a moeda digital brasileira que promete integrar o sistema financeiro com soluções blockchain. Com apoio maciço de bancos, fintechs e gigantes da tecnologia, o Drex não é apenas uma inovação monetária — é um exemplo de como o setor público pode puxar a fila da transformação digital.

Publicidade

A Argentina, por sua vez, avança com uma solução mais orgânica. A população já adotou as stablecoins como proteção contra a inflação e a volatilidade cambial. Agora, o governo busca formalizar esse uso, criando regras para stablecoins reguladas. Uma forma de dolarizar a economia sem abrir mão do controle político e fiscal — e, ao mesmo tempo, promover uma digitalização financeira mais segura.

Na Colômbia, os bancos começam a testar o terreno. O lançamento da Wenia pelo grupo Bancolombia mostra que o interesse institucional existe, ainda que a regulamentação local não esteja madura. Ao operar de fora para dentro, o banco avalia tanto a receptividade dos consumidores quanto o apetite do regulador, traçando um caminho cauteloso e inovador.

O México vive um dilema semelhante: há interesse, mas também receio regulatório. A solução pode vir por meio de estruturas criativas, como subsidiárias internacionais ou parcerias com fintechs.

Já a Bolívia, ao suspender a proibição do cripto em 2024, entrou rapidamente no jogo. O banco Bisa deu o pontapé inicial, e outros devem seguir em breve.

Publicidade

Por fim, El Salvador segue como laboratório regional. Apesar dos desafios na adoção do Bitcoin como moeda corrente, o país se consolida como um hub de tokenização e inovação em blockchain. A decisão da Tether de transferir sua sede para lá reforça essa estratégia. O investimento em educação digital nas escolas pode gerar, no médio prazo, uma nova geração de cidadãos fluentes em criptoeconomia.

Apesar das diferenças culturais, políticas e econômicas entre esses países, um ponto em comum une todos eles: a busca por soluções financeiras mais eficientes, inclusivas e resilientes diante de contextos históricos de instabilidade.

Sejam impulsionados por governos, bancos ou pela própria população, os esforços giram em torno de um mesmo objetivo — integrar a América Latina, de forma criativa e digital, à nova economia global. Em 2025, o cripto deixa de ser promessa para se tornar ferramenta concreta de transformação.

Sobre o autor

Luis Ayala é diretor da BItGo para a América Latina.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: MB vai tokenizar R$ 1 bilhão em ativos financeiros em parceria com Ripple 

MB vai tokenizar R$ 1 bilhão em ativos financeiros em parceria com Ripple 

Utilizando a blockchain XRP Ledger, iniciativa bilionária conecta ativos tokenizados a uma rede internacional
ilustração de moeda da pump.fun

Pump.fun anuncia venda de US$ 600 milhões do seu novo token, mas volta atrás

Pump.fun vai finalmente lançar seu próprio token? A corretora de criptomoedas Gate disse que sim na segunda-feira, mas depois excluiu a publicação
homem algemado com as mãos para trás

Europol desmantela golpe cripto de R$ 2,9 bilhões; veja vídeo

Cinco pessoas foram presas no âmbito de uma investigação que durou anos e contou com a participação de autoridades da Espanha, Estônia, França e Estados Unidos
mulher desesperada sentada em mesa de escritório

Brasileira perde R$ 271 mil em criptomoedas após exchange bloquear saques

Os golpistas exigiram que a vítima pagasse mais R$ 16 mil para recuperar os valores investidos