Edificio do BCE
Shutterstock

A administração Trump está arriscando “plantar as sementes” de uma crise financeira com sua agenda pró-cripto, segundo um alto funcionário do Banco Central Europeu.

Em uma entrevista ao semanário francês La Tribune Dimanche, François Villeroy de Galhau, governador do Banco da França e membro do Conselho do Banco Central Europeu, afirmou que os EUA “correm o risco de pecar por negligência”.

Publicidade

Villeroy de Galhau argumentou que, “ao incentivar criptoativos e o financiamento não bancário”, a administração Trump “está semeando as sementes de futuras turbulências”, acrescentando que as crises financeiras “frequentemente se originam nos Estados Unidos e se espalham para o resto do mundo”.

Seus alertas ecoam uma advertência anterior de dezesseis economistas ganhadores do Prêmio Nobel, que afirmaram em junho do ano passado que os “orçamentos fiscalmente irresponsáveis” de Trump poderiam “reacender” a inflação e causar instabilidade econômica mais ampla. Villeroy de Galhau afirmou que Trump persegue uma “falsa visão” na qual a economia global funciona como um “jogo de soma zero”, pedindo que a Europa “fortaleça” sua posição nas negociações.

No início deste ano, o BCE anunciou uma iniciativa de infraestrutura de pagamentos digitais em duas fases, com a qual pretende explorar “uma solução mais integrada e de longo prazo” para a liquidação de transações denominadas em dinheiro do banco central usando blockchain. A iniciativa lançaria as bases para uma moeda digital do banco central (CBDC).

A agenda cripto de Trump

Nos meses que antecederam e após as eleições nos EUA, o presidente Donald Trump prometeu, agiu e trabalhou para cumprir os compromissos de sua administração em abraçar e fortalecer a liderança dos EUA no setor de criptoativos e ativos digitais.

Publicidade

Nos primeiros meses, a administração Trump estabeleceu um conselho cripto, um Grupo de Trabalho Presidencial sobre ativos digitais, trabalhou para aprovar projetos de lei cruciais sobre criptomoedas, assinou uma ordem executiva para estabelecer uma Reserva de Bitcoin, sediou a primeira cúpula cripto na Casa Branca e prometeu acabar com as regras bancárias da era Biden relacionadas às criptomoedas, entre outras ações que aumentaram a visibilidade do setor cripto.

No entanto, a investida pró-cripto de Trump não conseguiu sustentar o mercado de criptomoedas, com o Bitcoin e as ações dos EUA sendo abalados pela volatilidade do mercado desencadeada por sua agenda econômica. Após a ameaça de Trump de impor tarifas de 200% sobre bebidas alcoólicas europeias na quinta-feira passada, o índice S&P 500 despencou mais de 10% em relação ao seu pico de fevereiro, segundo a Reuters.

Naquele momento, o Bitcoin caiu para US$ 81.600 — uma queda de 25% em relação ao seu pico de janeiro de US$ 109.000. No mesmo dia, os mercados de criptomoedas registraram liquidações superiores a US$ 1 bilhão, com analistas apontando a aversão ao risco nos mercados globais e as crescentes disputas tarifárias dos EUA como fatores-chave para a queda.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

VOCÊ PODE GOSTAR
Imagem da matéria: CEO promete queimar o próprio dinheiro após sua criptomoeda cair 90%

CEO promete queimar o próprio dinheiro após sua criptomoeda cair 90%

John Patrick Mullin, cofundador e CEO da Mantra, afirma que queimará seus tokens OM após o crash do ativo no domingo
smartphone mostra logotipo da corretora de criptomoedas Crypto.com

Crypto.com amplia as operações no Brasil com o lançamento de cartão Visa

“Dada a importância do Brasil, estamos investindo para continuar avançando na adoção do cripto”, afirma executivo da Crypto.com
Logotipo do token da Dragonchain

Token da Dragonchain dispara 104% após SEC desistir de processo

A SEC processou a Dragonchain (DRGN) em 2022, alegando oferta de valores mobiliários não registrados pela empresa
moedas empilhadas em sequência criam um gráfico de mercado financeiro

Fundos de criptomoedas registram entradas de US$ 3,4 bilhões, a maior em cinco meses

EUA, Suíça e Alemanha EUA lideraram o movimento, enquanto Brasil e Canadá registraram saídas