Polícia Federal encerra relatório sobre caso Unick Forex e conclui que roubo foi de R$ 12 bilhões

Esquema teria movimentado cerca de R$ 30 bilhões
Imagem da matéria: Polícia Federal encerra relatório sobre caso Unick Forex e conclui que roubo foi de R$ 12 bilhões

Fernando Lusvarghi, à direita, era diretor jurídico da Unick e dono da SA Capital (Foto: Youtube/Reprodução)

A Polícia Federal (PF) concluiu na terça-feira (11) a análise de todo o material digital relacionado ao caso Unick Forex, um esquema de pirâmide financeira com bitcoin que quebrou em 2019, causando um prejuízo na casa de bilhões a milhares investidores brasileiros.

O processo, que tramita na 7ª Vara Federal de Porto Alegre, aguardava este relatório detalhado sobre o papel de cada um dos 15 acusados e agora as audiências devem ser marcadas. As informações são do Gaúcha ZH, em publicação nesta quinta-feira (13).

Publicidade

O documento, descrito como “relatório complementar”, é fruto de uma gama de arquivos digitais sobre os envolvidos identificados durante as ações da Operação Lamanai, deflagrada em outubro de 2019. O esquema criminoso teria lesado clientes em cerca de R$ 12 bilhões, segundo a publicação, mas a movimentação financeira contabilizada da empresa nos últimos anos chega a R$ 28 bilhões. Os números podem estar inflacionados por causa das altas promessas de retorno.

Acusados da Unick Forex

De acordo com o Gaúcha ZH, o relatório da PF descreve Leidimar Lopes como o cabeça do grupo, tratado pelas pessoas abaixo da pirâmide como “comandante”, “presidente” ou “chefe”.

Danter Silva, que atuava como diretor de marketing e, portanto, era o ‘rosto’ da Unick, estaria ligado diretamente a Leidimar Lopes e era responsável pelos de vídeos corporativos, palestras e produtos da empresa, além de atuar também no planejamento e gerenciamento dos negócios da Unick.

O advogado Fernando Baum Salomon, um dos últimos a ser identificado dentro do caso, inicialmente atuaria juntamente a Caren Greff de Oliveira para a suposta organização criminosa a partir do seu escritório de advocacia. Tachado de ‘líder oculto’, Salomon teria cedido contas pessoais e de seu escritório de advocacia para o uso da organização criminosa.

Publicidade

Outro rosto conhecido da Unick é do advogado Fernando Lusvarghi, que supostamente atuava como diretor jurídico da Unick Forex, gerenciando planejamentos e efetuando pagamentos a clientes. A partir da sua empresa SA Capital, descreveu o site,  Lusvarghi prestaria garantia supostamente fictícia aos investidores.

Vale lembrar Lopes, Danter e outros líderes foram liberados provisoriamente da prisão devido à pandemia.

Advogado, ‘laranja’ e família envolvidos

No ano passado, áudios vazados ampliaram o entendimento de como a Unick atuava, revelando conversas de Leidimar com um advogado, um ‘laranja’ e com pessoas da família. Veja abaixo o que cada um fazia no esquema, conforme o resumo do relatório, na íntegra, publicado pelo Gaúcha ZH.

Caren Cristiani Greff Martins — Advogada, teria atuado, em parte do período dos fatos, juntamente a Fernando Salomon, no mesmo escritório de advocacia, para as atividades da Unick Forex. E, em outra parte, a partir do seu próprio escritório de advocacia. Trabalharia como “prestadora de serviços advocatícios à empresa”.

Paulo Sérgio Kroeff — Estaria ligado a Leidimar Lopes, Fernando Salomon e Caren Greff. Seria o responsável pela aquisição e direção de empresas para Leidimar nas atividades que seriam desenvolvidas pela Unick Forex.

Publicidade

Israel Nogueira e Sousa — Seria diretor de comunicação e tecnologia da Unick Forex. Atuaria no desenvolvimento de sistemas para a operacionalização das atividades da empresa. Auxiliaria na abertura de empresa para a suposta organização criminosa em Los Angeles (EUA) e de contas bancárias para suposto recebimento de recursos dos investimentos.

Sebastião Lucas da Silva Gil — Integraria a equipe diretiva da Unick Forex. Movimentaria em sua conta bancária valores da Unick Forex e efetuaria contatos com clientes acerca de seus investimentos na empresa. Atuaria na criação de banco digital (OURBANK) para a suposta organização criminosa.

Euler da Silva Machado — Efetuaria pagamentos a pessoas, segundo a investigação, a mando de Leidimar Lopes. Controlaria pagamentos a clientes da Unick Forex.

Ronaldo Luis Sembranelli — Atuou, conforme a investigação, como “laranja” de Leidimar para a aquisição de ações de um banco com recursos que viriam das atividades da Unick.

Marcos da Silva Kronhardt — Atuaria como trader (profissional responsável por negociar ativos financeiros) e operador da Unick Forex no mercado Forex. O réu agiria como “prestador de serviços” por meio da sua empresa MSK Soluções Financeiras.

Publicidade

Fabiano Alves da Silva — Seria diretor administrativo da Unick Forex, e teria ligação direta com Leidimar Lopes. Seria responsável pela equipe de desenvolvimento, criação e projetos do suporte da empresa. Acompanharia a gestão e teria realizado, em conjunto a Leidimar, negócios da empresa.

Ana Carolina de Oliveira Lopes — Filha de Leidimar Lopes, teria exercido, com o pai, a administração da Unick Forex. Controlaria contas bancárias do grupo, cederia sua conta para supostos recebimentos de valores de investimentos, elaboraria, entre outros, contratos de traders para a Unick.

Itamar Bernardo Lopes — Movimentaria em contas bancárias próprias e de sua empresa valores que seriam captados pela suposta organização criminosa.

Ricardo Ramos Rodrigues — Contador, atuaria na suposta organização criminosa confeccionando documentos fiscais e contábeis do grupo.

Multa de R$ 12 milhões

Tanto a Unick Forex quanto seus maiores líderes já foram condenados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por distribuição irregular de valor mobiliário e oferta irregular de contratos de investimentos coletivo (CIC). 

Cada um dos acusados — Leidimar Lopes; Alberi Pinheiro; Fernando Lusvarghi — terá que pagar uma multa de R$ 3 milhões ao regulador, o que totaliza R$ 12 milhões A decisão foi proferida pelo colegiado CVM em 08 de dezembro do ano passado.