moeda de bitcoin e bandeira dos eua
Foto: Shutterstock

Como grande potência mundial, tudo o que acontece na economia dos Estados Unidos acaba refletindo globalmente. Nesta série de três episódios, você vai entender o cenário, as perspectivas futuras e o impacto de tudo isso na economia digital como um todo.

Para começar nossa série que analisa como a economia dos Estados Unidos influencia o mercado de criptomoedas, fizemos uma análise exclusiva do PIB dos Estados Unidos. Você vai entender o que esse indicador sinaliza e, mais ainda, saber o que ele esconde por trás de um aparente crescimento. 

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Entenda o cenário

No mês de agosto, foi feita a divulgação do PIB dos Estados Unidos no segundo trimestre de 2024. O índice registrou um crescimento de 3%, acima do que era esperado. 

O consenso do mercado financeiro acredita que a economia americana terá um “pouso suave”

Porém, existem grandes probabilidades desta projeção estar equivocada, inclusive com fatores que indicam uma possível recessão econômica para os Estados Unidos em 2025.

Mas antes disso, é necessário entender o modelo de crescimento da economia norte-americana.

Antes de prosseguir… Relembre o que é o PIB

PIB (Produto Interno Bruto) é o principal indicador que mede a atividade econômica dos Estados Unidos e de outros países. No entanto, não podemos olhar esse número de forma isolada. Cabe avaliar se realmente é um PIB de boa qualidade ou se ele reflete um crescimento econômico insustentável. 

O cálculo do PIB considera:

Consumo das famílias 

Investimentos 

Gastos do governo 

Exportações / Importações    

Agora, vejamos mais de perto os componentes do PIB do segundo trimestre de 2024 dos Estados Unidos. 

⬆️ Aumentos:

– O consumo pessoal contribuiu com 1,57% para o resultado final de 2,80%, um aumento acentuado em relação aos 0,98% do primeiro trimestre.

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– Os estoques privados aumentaram 0,82%, um crescimento significativo comparado à redução de -0,42% no primeiro trimestre.

– A contribuição do governo para o PIB aumentou notavelmente, de 0,31% no primeiro trimestre para 0,53% no segundo trimestre.

⛔ Quedas:

– O Investimento Fixo caiu para 0,64%, de 1,19% registrado no primeiro trimestre.

– O comércio líquido reduziu 0,71% (impulsionado pela queda de 0,93% das importações), mantendo-se praticamente estável em relação aos 0,65% do primeiro trimestre. 

Fonte: https://www.zerohedge.com/economics/q2-gdp-unexpectedly-soars-28-crushing-estimates-core-pce-prints-hot

Com base no gráfico acima, percebe-se que o principal fator sustentando o crescimento econômico atual dos EUA é o consumo das famílias. O próximo passo, é analisar se esse consumo está vindo de poupanças ou pelo uso de cartão de crédito. E, neste último caso, qual é o nível de dependência do crédito. 

Vejamos a seguir.

Gráfico – Uso de poupança

O gráfico acima mostra que, entre as décadas de 1940 e 1970, os americanos poupavam cerca de 10% de sua renda anual. Atualmente, a taxa de poupança vem sofrendo uma forte contração e eles estão gastando mais do que ganham

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O próximo gráfico revela que até as economias acumuladas durante a pandemia de 2020 já se esgotaram.

Gráfico – Uso de cartão de crédito

A escassez de poupança levou os consumidores americanos a recorrer ao endividamento. Recentemente, a taxa de crescimento da dívida de cartão de crédito atingiu 20%, o maior nível desde 2000. Esse índice ainda se mantém em torno de 10%, considerado um nível elevado. Como resultado, a dívida de cartão de crédito ultrapassou US$ 1,36 trilhão, o maior valor já registrado nos EUA.

Paralelamente, ao olhar para os dados de inadimplência dos cartões de crédito, percebe-se um aumento em níveis recordes. De acordo com o gráfico abaixo, o pico de incumprimentos alcançado no auge da grande crise de 2008 já foi ultrapassado.

O insustentável modelo de crescimento econômico dos EUA

Após analisar os dados de aumento do PIB e consumo nos EUA, percebe-se um fator-chave que o torna insustentável: o crescimento espantoso do endividamento do cartão de crédito. Os saldos de cartões de crédito aumentaram em mais de US$27 bilhões no segundo trimestre de 2024, atingindo US$1,36 trilhão.

Não se trata apenas de gastos: significa que os consumidores gastam o dinheiro e não conseguem pagar o saldo de suas dívidas com seus bancos. 

Essa análise aponta para  três problemas:

  1. Quando os americanos usam suas linhas de crédito, não sobra nada. Ou seja, os gastos podem parar. 
  2. Os bancos cobram 21% de juros sobre saldos, o que torna quase impossível pagar. 
  3. Quando os devedores simplesmente se afastam e dão calote na dívida, os bancos são prejudicados e apertam ainda mais o crédito.

A razão para o uso excessivo de crédito é a queda no poder de compra dos americanos, em função da alta taxa de inflação após 2021. Com a retração do salário real dos trabalhadores, eles se viram forçados a recorrer ao crédito para poder manter seus padrões de consumo.

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Apesar do aparente crescimento econômico atual, existem fatores que indicam a possibilidade de uma recessão se aproximando.

Conclusão

Feita esta análise, é correto afirmar que o crescimento econômico dos EUA está insustentável, uma vez que depende do consumo financiado por crédito. 

Em breve, este consumo tende a sofrer uma forte retração, que deve empurrar a economia dos Estados Unidos para uma recessão econômica

Sobre o autor

Mario Garro é estudante de Ciências Econômicas e estagiário do Mercado Bitcoin (MB).

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