Um relatório divulgado na quarta-feira (1º) pela Chainalysis revelou que mais da metade de todas as criptomoedas enviadas a endereços fraudulentos no leste europeu beneficiaram um único golpe: a Finiko.
A pirâmide financeira Finiko, que surgiu na Rússia em 2019 e dominou grande parte da Europa, deu um prejuízo de US$ 1,5 bilhão para milhares de investidores que foram atraídos pela promessa de um retorno mensal de até 30% com investimentos em bitcoin.
Todo o esquema foi por água abaixo em julho deste ano quando o líder da empresa, Kirill Doronin, foi preso por fraude financeira. Segundo o The Moscow Times, ele era um influencer popular no Instagram que já havia se associado a outros esquemas Ponzi no passado.
Naquele mês, o Banco Central da Rússia estimou que o esquema deu um prejuízo de US$ 95 milhões aos investidores, um valor muito menor ao indicado pela investigação da Chainalysis.
A empresa especializada em análise de blockchain identificou que entre dezembro de 2019 e agosto de 2021, a Finiko recebeu cerca de US$ 1,5 bilhão em bitcoin em mais de 800 mil depósitos separados.
“Embora não esteja claro quantas vítimas individuais foram responsáveis por esses depósitos ou quanto do US$ 1,5 bilhão foi pago aos investidores para manter o esquema Ponzi em andamento, está claro que a Finiko representa uma fraude maciça perpetrada contra usuários de criptomoedas do leste europeu, predominantemente na Rússia e Ucrânia”, indica o relatório.
O impacto da pirâmide foi tão grande na Ucrânia que o país registrou um tráfego da web para sites fraudulentos maior do que qualquer outro país do mundo e mais do que o dobro do acesso da população dos EUA, que vem em segundo lugar na lista.
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O Brasil também se destacou no levantamente e foi o 4º país do mundo que mais acessou sites que promoviam fraudes de criptomoedas entre julho de 2020 e junho de 2021.
A queda da Finiko
De acordo com o The Moscow Times, a Finiko foi uma pirâmide financeira que surgiu na cidade russa de Kazan em 2019 e que ganhou popularidade no leste europeu ao longo de 2020, se aproveitando das dificuldades econômicas intensificadas pela pandemia do Covid-19.
No final do ano passado, a empresa fundou a sua própria criptomoeda, a FNK. Naquele momento, a Finiko promovia a moeda aos investidores, mas a sua compra era voluntária. Já em junho deste ano, a empresa anunciou que usaria de forma exclusiva o token em todas as transações financeiras realizadas com os clientes, provocando um crescimento de dez vezes no preço do ativo.
No mês seguinte, a moeda voltou a desabar quando a empresa interrompeu todos os pagamentos aos usuários e os impediu de sacar os fundos que estavam em sua posse.
Os reguladores russos já investigavam a empresa desde o final do ano passado, mas só em fevereiro emitiram um alerta ao mercado de que a Finiko apresentava indícios de pirâmide financeira.
O líder do esquema preso foi preso em julho quando os saques foram interrompidos. Os outros cofundadores da empresa — Zygmunt Zygmuntovich e Marat e Edvard Sabirovy — tiveram tempo de escapar e atualmente são foragidos da polícia.